Montezuma foi o último imperador de fato dos Astecas. Sabe-se que durante o seu reinado o Império Asteca atingiu o seu auge em termos de atividade expansionista, reformas políticas e construção de infraestrutura. Por outro lado, conforme a versão mais popular, Montezuma rendeu-se prontamente aos recém-chegados espanhóis, sem esboçar qualquer resistência, traindo seu povo e ajudando os colonizadores europeus a governar até a sua morte.
A biografia de Montezuma é objeto de disputa intensa entre historiadores sérios, e muito do que é conhecido e ensinado nos cursos de história baseia-se em documentos redigidos pelos próprios colonizadores. Seja como for, é exatamente a imagem de Montezuma tal como descrita pelos seus conquistadores que nos interessa nesta análise.
Os detalhes do que foi de fato conversado estão chegando aos poucos, mas as declarações de Lula na sua coletiva com Biden seguramente fazem as sobrancelhas levantarem. Lula condenou a Operação Militar Especial Russa na Ucrânia, reafirmando críticas que já havia feito ao lado de Alberto Fernandez, em sua visita à Argentina em janeiro, demonstrando pouco, se algum, domínio sobre o assunto. Aqui está o trecho do comunicado conjunto:
“Os dois líderes também examinaram ampla gama de questões globais e regionais de interesse mútuo. Ambos os presidentes lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional e conclamaram uma paz justa e duradoura. Os líderes expressaram preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança energética e alimentar, especialmente nas regiões mais pobres do planeta e externaram apoio ao funcionamento pleno da Iniciativa de Grãos do Mar Negro. Os Presidentes Lula e Biden tencionam fortalecer a cooperação em instituições multilaterais, inclusive no contexto da vindoura presidência brasileira do G20. Os dois líderes expressaram a intenção de trabalhar juntos para uma reforma significativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como a expansão do órgão para incluir assentos permanentes para países na África e na América Latina e Caribe, de modo a torná-lo mais representativo dos membros da ONU e aperfeiçoar sua capacidade de responder mais efetivamente às questões mais prementes relacionadas à paz e à segurança globais.”
Em diplomacia, as palavras e o gestual contam muito. E Lula continua insistindo em uma narrativa toda sua, de que a Rússia errou e não deveria ter entrado na Ucrânia e anexado os territórios visados pelos nazistas no poder em Kiev, mas sim negociar uma solução pacífica para o conflito. Mesmo depois das entrevistas de Merkel e Hollande, em que estes admitem toda a farsa encenada nos acordos de Minsk com o objetivo de armar a Ucrânia, sem contar as inúmeras provas e evidências de crimes de guerra, bem como abuso e supressão de direitos, perpetrados contra a população russófila ucraniana desde o golpe de Maidan em 2014.
E estes fatos básicos, agora permanentemente anotados na cartilha de qualquer analista geopolítico minimamente sério, sequer compõem sozinhos o quadro completo. No quadro panorâmico da situação geopolítica contemporânea, temos o declínio vertiginoso do Império Anglo-saxão, arrastando junto com ele seus vassalos europeus, a OTAN e a sua ordem internacional baseada em regras. O declínio inexorável do dólar, do euro e das outras moedas da cesta imperial é a este ponto inevitável. A Operação Militar Especial Russa na Ucrânia é apenas o salvo de abertura de um conflito vindouro muito mais amplo intenso, envolvendo a China, o Irã e outros países do Sul Global que estão se articulando para consolidar a Ordem Multipolar longe da agenda imperial estadunidense. Ou seja, o quadro é de mudança sistêmica.
Voltando ao comunicado conjunto, temos referências ao gerenciamento conjunto da Amazônia, para prevenir mudanças climáticas, com o Brasil sinalizando a disposição em ceder soberania sobre a região em troca de acesso a fundos irrisórios, se comparados ao seu próprio potencial econômico e oferecidos por países com tradição colonialista, agora em profundas dificuldades econômicas.
E claro, a inevitável miríade de platitudes sobre a democracia, como se os regimes democráticos em vigência no Brasil e nos EUA fossem comparáveis. A menção à invasão do Congresso insinua uma ingenuidade inquietante. Será que o mandatário brasileiro ignora ter sido este um ensaio de Maidan tropical articulado pelos EUA ?
Assim, nos primeiros meses de seu governo, Lula se revela um líder confuso e vacilante. Incapaz de delinear uma política econômica doméstica que recoloque o país nos trilhos, distraído por questões identitárias superficiais, além de errante e mal aconselhado sobre o papel geopolítico do Brasil nos BRICS+ e no Sul Global multipolar.
Estes são os primeiros dias, mas como resultado das ações de um Lula acuado pelo bolsonarismo endêmico, mal-aconselhado e pressionado pelos seus co-partidários sexta-colunistas, o Brasil é agora o primeiro e único país dos BRICS+ a criticar a Rússia devido à Operação Especial na Ucrânia. Isto destaca o país negativamente no Sul Global e limita severamente sua alavancagem diplomática. Além de inviabilizar qualquer possibilidade de mediação pelo Brasil do conflito em questão, gerando uma tensão desnecessária dentro dos BRICS+.
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.