Foto EBC
César Fonseca
O presidente Lula já percebeu que Trump pode virar trampolim eleitoral para sua reeleição no próximo ano.
O presidente americano abriu guerra comercial contra o Brasil e despertou apoio político da população à resistência patriótica e soberana de Lula em defesa do interesse nacional.
Explora o que aconteceu no Canadá.
O atual primeiro-ministro, Mark Carney, assumiu a defesa radical dos interesses nacionais e venceu a eleição, graças à unidade canadense formada em torno dele em defesa da pátria.
Trump agrediu a população ao defender que o Canadá deveria se transformar no 53º estado dos Estados Unidos, por ser o Canadá economicamente dependente dos Estados Unidos.
A reação política canadense contrária foi seguida da imposição de tarifa alfandegária de 25% sob alegação de que o Canadá facilitava na fronteira a venda de narcóticos(anfetanil) para os americanos.
Na sequência, outras imposições tarifárias se seguiram.
Justin Trudeau, ex-primeiro ministro, foi a Washington negociar.
Trump tripudiou, desconsiderando-o.
O orgulho do Canadá foi ferido e a reação popular veio com a vitória de outro primeiro-ministro com reações nacionalistas, para proteger os trabalhadores e empresários canadenses.
O partido liberal vencedor ganhou cores vermelhas de guerra para não ser ultrapassado por correntes políticas mais radicais, disruptivas.
BRASIL, NOVO CANADÁ
Nesse momento, os empresários brasileiros fazem o mesmo.
Correm ao governo para protegê-los.
Os sindicatos e associações de trabalhadores se movimentam, porque o emprego está em jogo.
O Partido dos Trabalhadores, de direção nova, será empurrado pela nova dialética política contraditória da luta dos contrários ao discurso mais radical para mobilizar trabalhadores a fim de fortalecer Lula na guerra contra Trump, que ameaça o Brasil.
A produção excedente não exportável vira a preocupação central de empresários e trabalhadores.
Se os empresários perdem mercado, são levados a despedir mão de obra.
Quem vai consumir o excedente, senão o mercado interno, que reivindica maiores salários?
Os salários, pela lei da oferta e da demanda, caem, se o desemprego aumenta.
Lula sai em defesa dos trabalhadores, como no tempo em que era líder sindical, reagindo com a denúncia de que Trump faz chantagem.
Todo o setor produtivo e ocupacional se volta para um único desafio: como consumir o excedente de produção não-exportável, sem aumentar o poder de compra interno?
As pressões dos trabalhadores, em apoio a Lula, visam a defesa do aumento do poder de compra do mercado interno, como alternativa à redução da demanda externa forçada pelo tarifaço trumpista.
CONGRESSO ALINHA-SE A LULA PELA SOBERANIA
O presidente já aglutina em torno dele as lideranças da Câmara e do Senado, levando o Congresso à prioridade da defesa da soberania ameaçada pelo tarifaço.
Trump, como disse o ex-embaixador americano, Thomas Shannon, em entrevista à Folha de São Paulo, fortalece Lula, que ganha presente para disputar a reeleição.
Animal político, Lula já está em campo, como demonstrou em rede de rádio e televisão.
O presidente brasileiro, se sentindo beneficiado pela correlação de forças que se forma ao seu redor, graças às novas circunstâncias, criadas pela agressividade trumpista, respondeu no mesmo tom.
Falou enérgico nas redees, nesta quinta-feira.
O efeito político eleitoral à fala do presidente está antecipado pela subida do seu prestígio nas pesquisas de opinião.
Na prática, o tarifaço antecipou a campanha eleitoral, em que o fator externo, a agressão imperialista trumpista, transforma-se na bandeira eleitoral necessária, que Lula levanta em defesa da soberania nacional ameaçada pela chantagem trumpista.