Por Roberto Hernández Solano
Mais de sete milhões de eleitores compareceram às urnas e deram a maioria qualificada (150 de 220 deputados) no parlamento ao governante, com um programa de governo centrado na luta contra a corrupção, a criação de meio milhão de empregos e a busca do desenvolvimento.
Em 23 de agosto de 2017, pela quarta vez na história independente de Angola, os angolanos compareceram aos centros de votação, depois de fazê-lo em 1992, 2008 e 2012.
Há 365 dias também significou a passagem da liderança do então governante José Eduardo dos Santos, depois de 38 anos de exercício, para Lourenço, um general da reserva que teve responsabilidades nas forças armadas, na Assembleia Nacional, no partido e no governo.
Outras cinco forças políticas participaram também no exercício, e só uma delas não obteve representantes no legislativo.
As duas principais de oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) e a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coalizão Eleitoral (CASA-CE), tiveram avanços no número de deputados mas ficaram abaixo de suas aspirações de desbancar o MPLA, no governo desde a independência em 1975.
A Unita passou de 16 para 51 representantes e CASA-CE de 8 para 16, com significativos avanços no número de votos. Não obstante, o MPLA ganhou por maioria em 17 das 18 províncias (só ganhou sem maioria em Cabinda).
O Partido de Renovação Social e a Frente Nacional de Libertação de Angola tiveram resultados inferiores à sua participação no pleito de 2012, mas mantiveram a presença parlamentar de dois e um deputado, respectivamente.
A estreante Aliança Patriótica Nacional foi-se em branco, ainda que ao conseguir pelo menos 0,5 por cento dos votos manteve-se como formação extraparlamentar.
As eleições produziram-se em meio à crise econômica e financeira que sofre o país desde finais de 2014 e com dívidas na criação de infraestruturas.
Quase 40 por cento dos 29 milhões de angolanos vive na pobreza, a eletricidade apenas alcança um terço das famílias e mais de duas milhões de crianças e adolescentes em idade escolar (há 10 milhões de escolarizados) não têm escolas ou professores.
Lourenço cumpriu o aniversário longe de Angola, como parte de uma visita oficial à Alemanha, na qual conseguiu créditos de 500 milhões de dólares para a criação de infraestruturas, especialmente em matéria de energia e águas.
Em poucos dias, especificamente em 8 de setembro, assumirá a presidência do MPLA substituindo Eduardo dos Santos, que prometeu há dois anos abandonar a vida ativa na política.
Assim se completará o processo de transição no seio do poder e já se especula sobre as mudanças que decidirá Lourenço com as rédeas do Estado e do Movimento Popular para a Libertação de Angola.
Por enquanto terá que esperar, embora já tenha sobre si o primeiro ano como dirigente.