Panamá (Prensa Latina) Um golpe de Estado suave poderia estar sendo orquestrado no Panamá com o objetivo de obrigar o presidente do país a renunciar e destituir a procuradora, segundo denúncias do líder sindical Saúl Méndez.
O secretário geral do Sindicato Único de Trabalhadores da Construção e Similares (Suntracs) disse à Prensa Latina que o Movin (Movimento Independente) está por trás do plano de assumir a Presidência de maneira encoberta através de alguns de seus membros que estão atualmente no governo.
Dias antes das acusações contra o mandatário Juan Carlos Varela, vindas de um aliado próximo Ramón Fonseca, o líder sindical denunciou na televisão local a tentativa de desqualificar a chefa do Ministerio Público (MP), Kenia Porcell, para sustituí-la por alguem que não investigue.
Fonseca, um dos proprietários da firma Mossack-Fonseca, acusou Varela ontem de receber doações da construtora Odebrecht e de controlar a Corte Suprema de Justiça.
Méndez disse que, como parte da suposta estratégia, a vice-presidenta Isabel Saint Malo ocuparia o comando e mencionou também a presença do contralor Federico Humbert, que formam parte desse grupo.
‘Não vamos permitir que este povo continue sendo enganado, confundido, para que os corruptos continuem na rua, robando e saqueando os recursos do povo panamenho’, disse.
O sindicalista revelou que o Movin foi criado pelos ‘mesmos corruptos de sempre, que são donos do país’ e tentam encobrir a crise na que afundaram o Estado panamenho.
O poder econômico nas mãos das 115 famílias multimilionárias do país, lideradas pelos Motta, agora estão buscando outra alternativa, mas apoiaram Varela nas eleições de 2014, afirmou. ‘Dizem que querem mudar tudo para depois não mudar nada’, explicou Méndez, ‘por isso fizemos um chamado para que o povo realize uma constituinte originária autoconvocada, para assumir os poderes do Estado e redatar uma nova Constituição’.
Por su parte, a deputada independente Ana Matilde Gómez alertou sobre o risco de um julgamento político a Varela na Assembleia Nacional, onde o presidente não tem apoio, apesar de considerar que até agora não haja provas para dar início a esse processo.
Com outro enfoque, mas a partir de pressupostos parecidos, o analista José Isabel Blandón também considerou que está em andamento um golpe de Estado e deu um aviso à oligarquia local, sua protagonista, que se levassem a cabo o golpe, não assumiriam o poder porque o povo se rebelaria.
‘Não pesquem em águas turvas’, alertou o analista, ao lembrar que o que acontece hoje é consequência do processo de globalização gerado pelo Consenso de Washington, quando começou uma privatização massiva no continente repleta de corrupção, onde os ícones políticos foram substituídos pelo dinheiro.