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quarta-feira, 9 outubro, 2024

Lázaro Ramos e Daniel Filho dominam participação brasileira no Festival de Cinema do BRICS

SOCIEDADE

Indicada para prêmios com os filmes “Silêncio da Chuva” e “Medida Provisória”, a parceria entre os ícones do cinema nacional, Lázaro Ramos e Daniel Filho, dominou a participação do Brasil no Festival de Cinema do BRICS, realizado em Moscou.

Nesta terça-feira (6), os filmes “Silêncio da Chuva”, dirigido por Daniel Filho, com elenco encabeçado por Lázaro Ramos, e o filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos, com produção de Daniel Filho, foram os destaques da participação brasileira no Festival Internacional de Cinema de Moscou.

Diretor Daniel Filho, em seu escritório no Rio de Janeiro (foto de arquivo)
© FOLHAPRESS / DANIELA DACORSO
Diretor Daniel Filho, em seu escritório no Rio de Janeiro (foto de arquivo)

Neste ano, o Festival de Cinema do BRICS, grupo de países que compreende Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é celebrado junto com o Festival Internacional de Cinema de Moscou.

“Silêncio da Chuva” concorre ao prêmio de melhor filme do BRICS, enquanto “Medida Provisória” está no concurso principal do Festival Internacional de Cinema de Moscou.

Apesar de contar com Lázaro Ramos no papel do inspetor Espinosa, protagonista do livro homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza, “Silêncio da Chuva” é um filme essencialmente feminino.

“O livro do Garcia-Roza é centrado nas figuras masculinas, mas durante a adaptação decidimos elevar os papéis femininos”, contou o diretor Daniel Filho à Sputnik Brasil. João Carlos Daniel Filho é diretor, produtor e ator. Dentre seus projetos mais recentes estão os sucessos de bilheteria “Se eu fosse você” partes 1 e 2, “Chico Xavier” e “Confissões de Adolescente – O Filme”.

“No livro, o parceiro de trabalho de Espinosa é um homem, mas no filme optamos por colocar uma mulher, e fizemos ela ser uma pessoa engraçada, feminina e arrojada”, relatou Filho.

A personagem é Daia, interpretada “excepcionalmente bem” por Thalita Carauta. O filme reproduz o esquema “muito usado no cinema” do “policial bom, policial ruim”.

“Mas, em ‘Silêncio da Chuva’, quem faz o policial ruim é a Thalita [Carauta], que eleva a voz, é mais assertiva, enquanto o Lázaro [Ramos] interpreta o policial bom”, disse Filho.

Ator Lázaro Ramos interpreta o detetive Espinosa, em cena do filme Silêncio da Chuva
© FOTO / ASSESSORIA DE IMPRENSA DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE MOSCOU
Ator Lázaro Ramos interpreta o detetive Espinosa, em cena do filme “Silêncio da Chuva”

Para ele, “o Lázaro [Ramos] fez o papel muito bem. Ele acaba virando o mocinho do filme por sua própria persona, por ter muita empatia”.

Durante a adaptação do livro, Daniel Filho também alterou algumas características do lendário inspetor Espinosa, protagonista de vários livros de Luiz Alfredo Garcia-Roza.

“No livro, o protagonista não é negro. Nós modificamos para explicar o racismo estrutural em um país como o nosso, que acha que não é racista”, disse Filho.

Espinosa é um personagem desafiador, por ser “tanto um policial, como um intelectual”.

Diretor do filme Medida Provisória, Lázaro Ramos
© FOTO / ASSESSORIA DE IMPRENSA DO FESTIVAL DE CINEMA DE MOSCOU
Diretor do filme “Medida Provisória”, Lázaro Ramos

“Ele acaba ficando mal colocado na polícia, porque não dá cascudo nas pessoas, e na sociedade, por ser um policial”, contou o diretor.

Apesar dos esforços do inspetor, é a secretária Rose, interpretada por Mayana Neiva, que é capaz de dominar o vilão do filme.

Medida Provisória

Daniel Filho também encabeça a equipe de produção de “Medida Provisória”, filme dirigido por Lázaro Ramos que concorre ao prêmio principal do Festival Internacional de Moscou.

Cena do filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos
© FOTO / ASSESSORIA DE IMPRENSA DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE MOSCOU
Cena do filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos

“A convivência com o Lázaro foi impressionante”, disse Filho. “Em ‘Medida Provisória’ eu fui um produtor que mais aprendeu do que falou.”

No enredo, o Brasil é liderado por um governo racista que adota uma medida provisória, segundo a qual a população negra do país deve ser deportada para a África.

Perseguida, a população negra precisa se organizar para comandar a resistência e defender o seu direito de ser parte de seu próprio país.

“Mil nações moldaram minha cara/minha voz, eu uso para dizer o que se cala/meu país é meu lugar de fala”, canta Elza Soares no filme “Medida Provisória”.

O filme é baseado em uma peça de teatro, chamada “Namíbia, Não”, do dramaturgo baiano Aldri Anunciação.

“Uma peça de teatro fascina a gente quando pode ser transformada em um bom filme”, disse o produtor do filme, Daniel Filho.

O elenco também impressiona: Taís Araújo, Alfie Enoch, Seu Jorge, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Emicida e Luis Miranda são alguns nomes dessa equipe que, nos sets de filmagem, era “90% formada por pessoas negras”, contou Filho.

Taís Araújo e Alfie Enoch em cena do filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos
© FOTO / ASSESSORIA DE IMPRENSA DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE MOSCOU
Taís Araújo e Alfie Enoch em cena do filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos

“Todos nós que estamos envolvidos com o ‘Medida Provisória’ somos apaixonados pelo filme. Sabemos que nosso filho não é perfeito, mas ninguém tem filho perfeito”, concluiu o produtor.

Nesta quarta-feira (7), o prêmio de melhor filme do Festival de Cinema do BRICS será anunciado. O Brasil concorre com os filmes “Silêncio da Chuva”, de Daniel Filho, e “Aos Pedaços”, de Ruy Guerra.

Nesta quinta-feira (8), será divulgado o vencedor da competição do Festival Internacional de Cinema de Moscou, no qual o filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, concorre na categoria Melhor Filme.

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