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quinta-feira, 28 março, 2024

Jornal norte-americano festeja morte do embaixador russo

 © Sputnik/ Iliya Pitalev
Enquanto os lideres mundiais e as pessoas comuns expressam seu repúdio em relação ao assassinato do embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, o colunista do New York Daily News (NYDN) celebrou abertamente esta execução pública, dizendo que foi um exemplo de “ter sido feita justiça”.
“Sendo o homem de Vladimir Putin na Turquia, Karlov era o rosto público que representava os crimes de guerra cometidos por este ditador homicida em todo o mundo, bem como da opressão interna”, escreveu o jornalista Gersh Kuntzman no New York Daily News. “Eu, pessoalmente, não derramarei nem uma lágrima por Andrei Karlov.”
Kuntzman também comparou várias vezes o assassinato de Karlov com o de Ernst vom Rath, diplomata da embaixada alemã nazista, em 1938, pelo adolescente judeu Herschel Grynszpan, ao mesmo tempo comparando Vladimir Putin, ou seja, o líder do Estado que Karlov servia, com o ditador infame Adolf Hitler.
“Tal como Karlov, Rath era o rosto público da atrocidade — neste caso, do genocídio travado por Hitler, seu antissemitismo e futura agressão global. [A história] justificou o ato de Grynszpan e, de fato, justificou muitos outros que lutaram contra a agressão e lutaram pela liberdade.”
Nesta segunda-feira (19), ao fazer um discurso de boas-vindas no Centro de Arte Contemporânea em Ancara, Karlov recebeu 9 tiros nas costas de Mevlut Mert Altintas, um policial turco.
Karlov, de 62 anos de idade e com um filho, estava desarmado e desprotegido e morreu logo após o acontecido. Os motivos de Altintas continuam obscuros até hoje, mas logo após cometer o crime, o assassino gritou: “Não se esqueçam de Aleppo, não se esqueçam da Síria!”
A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, que foi assinada e ratificada por quase todos os países do mundo, estabelece o principio de imunidade de embaixadores como sagrado.
Mesmo durante as guerras, a missão de um diplomata de garantir meios fiáveis para comunicação entre as nações é considerada como apolítica e crucial.
Contudo, Kuntzman discorda disso. “O trabalho de Karlov na Turquia era aliviar tensões em torno das atrocidades cometidas pela Rússia na Síria e das suas incursões na própria Turquia, isto é, sua função tinha por objetivo impulsionar e normalizar [a política] de Vladimir Putin.
Assumindo esse papel, ele não era um diplomata, mas sim um militar, e sua morte é a mesma, quer tenha ocorrido no campo de batalha em Aleppo, quer numa galeria de arte em Ancara.”
Os comentarios feitos por Kuntzman provocaram uma onda de indignação na página do Facebook do New York Daily News.
“Não acha que devamos estar tristes pelo fato de ele ter sido um ser humano assassinado ao vivo? Para todo o mundo e sua família? Um título ridículo. Aprenda um pouco de compaixão antes de vender propaganda contra a Rússia a propósito deste assassinato trágico”, diz um comentário.
“Oh Gersh, será que você apenas passa a noite em branco buscando formas de ser ‘polêmico’ ou você é realmente tão estúpido. Independentemente de quem ele era ‘rosto’, ser assassinado por um terrorista islamista é ruim”, frisa outro.
Muitos leitores não demoraram em fazer lembrar ao autor que os EUA também estão participando dos conflitos no Oriente Médio e que diplomatas norte-americanos também foram assassinados no cumprimento de seu dever.
Alguns foram mais longe. “Deveria estar brincando… Os Estados Unidos têm cometido atrocidades em todo o mundo… Falando sério, Kuntzman está se esquecendo da máquina de guerra norte-americana e daquilo que ela tem feito a pessoas inocentes ao longo de décadas”, frisou Gord Jacquie Clance.
A resposta da comunidade internacional ao assassinato de Andrei Karlov foi uma mistura de indignação e apoio à Rússia.
Além da própria Turquia, figuras como o secretário de Estado dos EUA John Kerry, o premiê espanhol Mariano Rajoy, o presidente francês François Hollande, o premiê japonês Shinzo Abe e muitos outros expressaram condolências à Rússia. Houve também quem celebrasse a morte de Karlov, entre eles — o nacionalista ucraniano, Vladimir Parasyuk e o Daesh.
A partir de agora, o NYDN também faz parte deste grupo. Gersh Kuntzman, que se juntou ao NYDN em 2012, é conhecido pelo artigo publicado em julho de 2016 sobre fuzis de assalto AR-15, onde ele se queixou de que, após ter disparado a arma, passou por “uma forma temporária de TEPT [transtorno de estresse pós-traumático]”.
“Durante ao menos uma hora após ter disparado apenas algumas vezes, eu fiquei ansioso e irritável”, explicou.
Afinal, parece que Kuntzman ainda não recuperou de seu trauma, como um leitor resumiu após ler a matéria: “Eeeeeeeeee Kuntzman está com TEPT de novo”.
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