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sábado, 5 outubro, 2024

Irã ameaça navio britânico em resposta à apreensão de petroleiro

Barco da Marinha Real Britânica interceptou petroleiro iraniano próximo a Gibraltar

Navio iraniano suspeito de transportar petróleo para a Síria foi apreendido pelo Reino Unido em Gibraltar. Teerã ameaça retaliar na mesma moeda e aprender navio britânico. Episódio acirra tensões com o Ocidente.

DW    

O Irã exigiu nesta sexta-feira (05/07) a liberação de um navio petroleiro detido por autoridades britânicas em Gibraltar, acusando o Reino Unido de agir a pedido dos Estados Unidos. A medida, que gerou uma forte reação de Teerã, ameaça agravar ainda mais as tensões entre o país no Oriente Médio e o Ocidente.

Membros da Marinha Real Britânica tomaram o navio nesta quinta-feira, após a suspeita de que estaria transportando petróleo para a Síria, em violação a sanções impostas pela União Europeia (UE).

Localizado ao sul da Espanha, Gibraltar é um território ultramarino do Reino Unido. O petroleiro Grace 1 foi detido em águas territoriais britânicas, após contornar a África.

O secretário do Conselho de Expediência do Irã, um órgão central de regulação, alertou que se o petroleiro não for liberado, o Irã se verá forçado a reagir na mesma moeda. “Se o Reino Unido não liberar o petroleiro iraniano, o dever das autoridades competentes será tomar uma ação recíproca e apreender um petroleiro inglês”, afirmou.

“Em seus 40 anos de história, a Revolução Islâmica jamais foi fonte de quaisquer tensões, mas jamais hesitaremos em reagir frente à arrogância”, disse o presidente do Conselho, Mohsen Rezaei, que foi líder da poderosa Guarda Revolucionária Iraniana nos anos 1980, durante a chamada “Guerra dos petroleiros”.

O Ministério do Exterior iraniano convocou o embaixador britânico para expressar sua “mais forte objeção à detenção ilegal e inaceitável” de seu navio. A atitude eliminou as dúvidas que existiam sobre a nacionalidade do petroleiro, que navega sob bandeira panamenha e está registrado como administrado por uma empresa em Cingapura.

A Autoridade Marítima do Panamá afirmou que o Grace 1 não consta mais no registro internacional de embarcações do país desde o dia 29 de maio.

O ministério iraniano afirma que o petroleiro foi recolhido “a pedido dos Estados Unidos, com base em informações atualmente disponíveis”. O ministro do Exterior da Espanha, Josep Borrell, disse a repórteres que o petroleiro foi de fato apreendido depois de um pedido de Washington.

Os americanos, porém, não confirmaram que estariam por trás da apreensão. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse apenas que a detenção do navio era uma “excelente notícia”. “A América e nossos aliados continuarão a evitar que os regimes de Teerã e Damasco lucrem com o comércio ilegal”, afirmou no Twitter.

Registros náuticos sugerem que o navio transportava petróleo iraniano carregado na costa do Irã, mas outros documentos dizem que o petróleo teria origem no Iraque.

Apesar de a UE ter proibido o fornecimento de petróleo para a Síria em 2011, até agora nenhum navio havia sido apreendido. Ao contrário dos EUA, a Europa não tem aplicadas sanções de grande magnitude contra o Irã.

O governo de Gibraltar disse nesta sexta-feira estar realizando vistorias no navio. Todos os 28 tripulantes permaneceram a bordo enquanto eram ouvidos como testemunhas, e não como suspeitos, segundo afirmou um porta-voz do governo local.

As autoridades afirmam que o petroleiro foi interceptado enquanto diminuía de velocidade em uma área designada para a transferência de cargas para os navios. O Ministério do Exterior britânico disse que apoia a “firme ação das autoridades de Gibraltar, ao agirem para cumprir as sanções da UE ao regime sírio”.

O episódio exacerba ainda mais as tensões entre o Irã e o Ocidente, já acirradas após um ataque recente a dois petroleiros e o abatimento de um drone americano  sobre o Estreito de Ormuz serem atribuídos ao Irã, o que levou os EUA à beira de realizar um ataque aéreo a alvos iranianos.

Nesta semana, Teerã confirmou que voltou a enriquecer urânio acima dos níveis permitidos pelo acordo nuclear de 2015, após a reimposição de pesadas sanções americanas contra o país.

As sanções da UE contra a Síria, por sua vez, atingem também ministros do governo do presidente Bashar al-Assad, por seus papéis na violenta repressão à população durante a guerra civil no país árabe, iniciada em 2011. Foram congelados os bens de 70 entidades e foi imposto um embargo sobre o petróleo sírio, além de restrições de investimento e da detenção de ativos do Banco Central da Síria na UE.

RC/afp/rtr/ap

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