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sexta-feira, 4 outubro, 2024

Inquestionável vitória eleitoral de Putin enlouquece o Deep State ocidental

Reuters/Sputnik

 Pedro Augusto Pinho*

A Rússia se reergueu de modo que as forças dominantes no Atlântico Norte não imaginavam, a partir de agosto de 1999, quando Vladimir Putin foi nomeado primeiro-ministro de Boris Yeltsin.

Só este fato já deveria ter provocado grande expurgo nas direções, nos estados-maiores, superintendências e outras chefias das agências de informação, espionagem, golpes no exterior e semelhantes que existem nos Estados Unidos da América (EUA), no Reino Unido, nos Países Baixos, na França, Alemanha e na Suécia e Noruega, além dos responsáveis pelo funcionamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Mas estes organismos também sofrem do mal que impingem aos outros, a construção de mitos e fantasias na elaboração das suas histórias. E, sendo para convencer os outros, eles mesmos são os primeiros a acreditar nestas fábulas. É icônico o livro do historiador Ray Raphael (1943), “Founding Myths: Stories that Hide our Patriotic Past” (2004), traduzido por Maria Beatriz de Medina para a Civilização Brasileira, em 2006, sob o título: “Mitos sobre a Fundação dos Estados Unidos – A verdadeira história da independência norte-americana”.

Muito do que se conhece da história dos EUA foi construído em cenários de Holywood, inteiramente fora da verdade dos fatos.

O próprio país começou com diversos europeus fugindo da fome, buscando tranquilidade para viver, professar seu credo, vindos da Inglaterra, da Escócia, da Holanda, da Irlanda, da Suécia, França e outros países.

A comprovação está na constituição, nascida do acordo de manutenção das independências locais, que tomou o nome de federativa. Benjamin Franklin, pai fundador dos EUA, deixou registrado, em 17 de setembro de 1787, ao assinar a Constituição:

“quando certo número de homens, para dispor da vantagem da sabedoria conjunta, se reúne, inevitavelmente levam também seus preconceitos, erros, paixões, interesses locais e visões egoístas”.

Charles L. Mee, Jr, historiador e dramaturgo estadunidense, em “The Genius of the People” (1987), escreveu: “ao término da Convenção na Filadélfia, nenhum delegado, nenhum sequer, estava satisfeito com a Constituição que elaborara. Alguns se recusaram firmemente a assiná-la e os que o fizeram demonstraram variáveis graus de relutância”.

Um país que frauda sua própria história, que grau de credibilidade passará a seus parceiros? A Europa está vivendo esta situação na guerra travada na Ucrânia.

A narração estadunidense, repetida por todos parceiros, é da invasão da Rússia, mesmo sendo recente, e estando na memória das pessoas informadas, a Primavera Ucraniana, a Euromaidan, a Praça da Europa, promovida por agentes do Atlântico Norte, entre 2013 e 2014.

Com estas agitações, sempre acusando os dirigentes que não seguem os ditames do Atlântico Norte de corruptos ou ditadores (haja falta de criatividade!), conseguirem substituir um político por um palhaço. Este sim, comprovadamente corrupto, como denunciado pelo Reino Unido, cujo governo o sustenta.

OS PÉS ESTADUNIDENSES SUPORTAM QUANTOS TIROS?

A Rússia sempre assombrou os EUA. País imenso com, praticamente, o dobro do tamanho, e cerca de 180 diferentes etnias (russos, tártaros, ucranianos, bashkires, tchetchenos, bielorrussos, chuvaches, mordovos, entre outros) vivendo harmoniosamente, e ainda mais no século XXI, com os recursos da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), reedição da chinesa Rota da Seda, que ligou o extremo oriente à Europa nos séculos XIII/XIV.

Os EUA inventaram um “Destino Manifesto” (1845) para ir além do rio Mississipi, ou seja, mais do que dobrar o tamanho do território que até então haviam conseguido. E este “Destino Manifesto” também passa a servir para intromissão nas antigas colônias espanholas da América Central e do Sul, sujeitando-as aos interesses imperialistas dos EUA.

Governos que vão inventando sua história para justificar ações indefensáveis também se tornam cínicos. E é o que não falta aos governos estadunidenses: cinismo.

Veja agora, o que os EUA afirmam, tentando fugir da responsabilidade do atentado terrorista, que já matou mais de 150 pessoas inocentes: crianças, mulheres, velhos, que foram assistir ao espetáculo, na noite de sexta-feira, 22 de março de 2024, no Crocus City Hall, em Moscou: “foi ação do Daesh”.

O que não dizem: “O Estado Islâmico, ISIS ou Daesh, foi criado pela CIA, MOSSAD e MI6 para destruir a Síria secular e remodelar o Oriente Médio. O professor Michel Chossudovsky, economista canadense e diretor do Centro de Pesquisa de Globalização, em Montreal, compilou 24 verdades que os governos ocidentais não querem que a população saiba sobre o ISIS (ou o Estado Islâmico) e a Al-Qaeda” (lahaine.org – Tarcoteca contrainfo, 12/01/2024).

Desmembrar a Rússia, colocar no governo daquele país pessoas corruptas, bêbadas, incapazes, sempre foi o interesse estadunidense, para o que vem contando com a OTAN, o Reino Unido e países europeus, onde sua influência seja condicionante para escolha dos governantes. Por que Emmanuel Macron governa a França? Porque é empregado da casa bancária da família Rothschild, que é sócia da família Stuart e de aristocratas ingleses, no controle do Banco da Inglaterra, nada diferente (Nicholas Hagger, “The Secret History of the West”, 2005).

Em 1991, parecia que os EUA haviam finalmente vencido a Rússia, e assim comemoraram, pagando o custo da vitória com doações (sic) para Fundação Gorbachev. Mas “alguma coisa estava fora da ordem, fora da nova ordem mundial” (obrigado, Caetano Veloso) e Yeltsin entregou o poder ao ex-oficial de inteligência, diretor do Serviço Federal de Segurança, discreto, competente e hábil Vladimir Putin (1952).

As guerras que os EUA, o Reino Unido e o Estado de Israel conduzem contra a Rússia, na Ucrânia e na Palestina, apenas demonstram a incapacidade de suas forças militares e aquelas condutoras da economia de enxergarem a realidade. Têm sido verdadeiros tiros no pé.

Observe-se a própria imprensa ocidental; quais são as narrativas do que estão vivendo o Reino Unido? a Alemanha? a França? os países mediterrâneos e nórdicos? Apenas greves, desemprego, permanentes manifestações populares contra os governos, avanço da extrema direita na política, produtores rurais enchendo as ruas das cidades e as estradas com tratores, arados, colheitadeiras, enfim todos revoltados com os apagões constantes, com as fábricas fechando as portas, com decréscimos nos indicadores de industrialização, econômicos e sociais.

E nos EUA a situação não é diferente como demonstra o sucesso de Donald Trump na campanha eleitoral. E sua diferença é ter sido o único presidente estadunidense, neste século, que não provocou guerra. Não condenou os EUA a novas despesas e novas derrotas.

É o basta que os habitantes do país dão ao complexo industrial-militar e financeiro que dirige a nação há quase meio século. Só não é mais intenso porque a população, desde a infância, foi educada na farsa de um país que nunca existiu, que toda comunicação de massa reforça a história que jamais ocorreu, e Hollywood só produz filmes que, aparentando reproduzir a história dos Estados Unidos da América, em seu território e no exterior, narram fábulas e desejos, em hipótese alguma a verdade.

E as comunicações virtuais, em redes controladas pelo capital financeiro, e as igrejas, em especial as neopentecostais, colocam como matéria indiscutível, de verdade e fé, toda ideação, concepção ficcional que cerca a história da realeza europeia, desde sempre assassina, e dos EUA de seu pretenso “destino manifesto”.

Este mundo da fantasia ocidental contrasta com a objetividade dos camponeses chineses, com a população rural da imensidão russa, que sabe que inventar estações do ano, climas e chuvas, leva a lavoura à improdutividade e esta falta de colheita à fome. E isso há centenas e centenas de séculos.

Esta visão da realidade formou lideranças que não mais se encontram no ocidente. E o que leva Putin a dizer que não encontra interlocutores para qualquer acordo de paz.

Quem estaria representando os EUA? O gerente geral do BlackRock ou do Vanguard ou do State Street? Ou o maior depositante nestes gestores de ativos? Ou um advogado esperto, com sutilezas embromadoras, em nome dos paraísos fiscais? E, por que não, o rei da cocaína, das drogas, o maior traficante de pessoas da Europa, cujos capitais marginais têm a invejável liquidez que o patrimônio dos Windsor nem sonham!

O grande risco para todos nós é ter estes imaturos dirigentes, criados nas ilusões das fábulas, que repetem por toda vida, com a possibilidade de apertar o botão da destruição da Terra.

Acumulou-se o arsenal para destruir tudo que o homem vem construindo, desde que os australopitecos desceram das árvores na Etiópia. E não existe um só estadista no Ocidente capaz de ver a consequência desta guerra de extermínio.

E ainda haverá algum estúpido cronista que deixará registrado: se destruiu a Rússia, valeu a pena!

 

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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