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domingo, 17 março, 2024

Ingênuos ou da quinta coluna?

Pedro César Batista

Sempre que os oprimidos se levantam contra o opressor, as mais levianas acusações são propagadas pelos detentores do capital para desacreditar quem ousa enfrenta-los. Nunca foi diferente.

O colonizador, com aval de uma Bula do Papa Nicolau V (1455), afirmava que os povos dos locais em que ele invadia não tinham alma, nem seres humanos eram. Dizia, em nome de Deus, que somente o trabalho poderia salvá-los, escravizou dezenas de milhões nos continentes africanos, americanos e asiáticos. Impôs o idioma, Deus e a morte. Sem nenhuma complacência. Entretanto, quem foi chamado de bárbaro não foi ele, verdadeiro assassino, ladrão s e escravocrata.

Durante a formação dos quilombos, uma necessidade para se defender da covardia do colonizador escravagista, o Estado, a religião e as forças paramilitares e militares não economizaram para impor o terror e a morte contra os insurrectos.

Quando ocorreu a Comuna de Paris, os operários mostraram ao mundo que seriam capazes de construir uma sociedade igualitária, autogestionária e controlada pelo povo. Foram assassinados e dizimados, após a derrota. Assim foram em todas as guerras de libertação dos trabalhadores contra o julgo do capital.

A Rússia, considerada uma das nações mais atrasadas no mundo na época, incendiou a liberdade, construiu o poder dos conselhos populares, dos soldados e dos marinheiros. Mostrou que era real a conquista da plena dignidade humana e justiça social. Derrotou 18 países que tentaram impedir o alvorecer de um novo tempo, derrotou o nazismo, que matou dezenas de milhões em sua saga de dor e destruição. Depois de 73 anos, em um golpe de traição interna, foi desmontada como um dominó em queda caindo. O exemplo ficou e resiste.

China, Cuba, Vietnã, Angola, Moçambique, Somália, Nicarágua e tantos outros povos, cada um à sua maneira, mostraram ao mundo que seriam capazes de se libertar e conquistar uma nova sociedade em que o capital não mais exploraria o trabalho. Formaram-se estados a serviço da classe trabalhadora e da maioria do povo. Nunca foi fácil, nunca os detentores de riquezas recuaram. Pelo contrário.

Na história não faltam propagandas contra os revolucionários: comedores de crianças, destruidores de famílias, frios assassinos, demagogos, propagadores da miséria, ladrões de riquezas. Certa feita, a revista Forbes publicou uma edição em que na capa estava Fidel Castro, com a afirmação: “O homem mais rico do mundo”. O que dizer também das mentiras que propagam sobre Stálin, Mao, Ho Chi Min, Marighella, Che Guevara, Chávez e qualquer outro revolucionário que não se deixou (ou deixa) encantar pelas prebendas da burguesia?

Na atual etapa histórica, as lutas contra o capitalismo, o neoliberalismo e o imperialismo tem tido várias formas, inclusive as institucionais, sempre em uma perspectiva de acúmulo de forças para avançar rumo ao socialismo e a emancipação humana.

Mais recentemente, temos visto que setores que se autodenominam de esquerda, replicarem os mesmos velhos discursos da burguesia. Repetem de forma acrítica contra os revolucionários e contra liderança que tiveram ou tem um papel nas lutas pela soberania nacional e em defesa dos interesses nacionais. Vimos isso contra Sadan Hussein, Muamar Qadaffi, Hugo Chávez, Nicolás Maduro e Daniel Ortega. Mesmo Lula, que nunca se definiu como revolucionário, tem sido vítima de setores de esquerda que atuam como ventríloquos da propaganda imperialista.

Defender a autodeterminação e soberania de Nicarágua, Cuba, Venezuela, Irã, Bolívia ou de qualquer povo que ousa enfrentar os oligarcas a serviço do império cada vez mais é uma necessidade. A burguesia aprofunda de forma sádica e perversa a exploração do trabalho e da natureza, por isso se utilizam, mais uma vez de governo fascistas, autoritários e que atuam com todo empenho para retirar os direitos e destruir as conquistas históricas da classe trabalhadora.

Defender a igualdade de direitos, o acesso à terra, ao trabalho, à saúde, à educação e avançar nas conquistas sociais somente será possível com o fortalecimento do campo popular e de esquerda, assegurados pela unidade de forças de esquerda, populares e revolucionárias, o que tem permitido a continuidade dos avanços nos países que tem governos comprometidos com esta luta.

O discurso que repete a defesa ingênua de alternância de governos, quando quem controla o estado e a economia, independente de quem sejam os dirigentes estatais, segue sendo a burguesia, os latifundiários e agentes do imperialismo, serve para a propaganda de mentiras executada secularmente pelos opressores e detentores do poder real.

A ingenuidade de alguns setores de esquerda tem mais semelhança com uma quinta coluna, agentes do capital e da burguesia que atuam por dentro do povo, repetindo o mesmo velho discurso que fala em democracia, ao mesmo tempo que a fome, a ignorância e a violência aumentam contra os mais pobres.

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