José Bessa Freire
“Señor ministro de Salud: ¿qué hacer? / ¡Ah! desgraciadamente, hombres humanos, / hay, hermanos, muchísimo que hacer”.
(César Vallejo. Los nueve monstruos. 1937)
O texto abaixo, escrito pelo jornalista amazonense Fábio Freire Alencar, me tocou, porque vivo drama similar. Desde 18 de dezembro de 2024 estou numa luta inglória com a Lanchonete Unimed, que não quer servir meu sanduíche “x caboquinho” com lascas de tucumã, o que será relatado na próxima semana.
Esta parábola abre a série “Taquiprati Unimed”, que acolherá relatos como esse. Volto com você aos estúdios, Fábio Alencar.
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Você vai numa lanchonete e pede um X-Burger. Aí o atendente te olha, sorri e, depois de uns 20 minutos encarando, você pergunta:
– Então? Quanto é?
– Quanto é o quê?!
– O sanduíche.
– O senhor já pediu?
– ACABEI DE TE PEDIR.
– Ok, o senhor pediu pra mim, mas o que eu quero saber é se o senhor pediu lá na cozinha.
– Eu é que tenho que pedir na cozinha?
– É claro. É lá que fazem o sanduíche.
Indo à cozinha
Então você vai lá na cozinha, pede o sanduíche e volta pra mesa. Uns 30 minutos depois pergunta pro atendente:
– Cadê meu sanduíche?
– Que sanduíche?
– O que eu pedi faz mais de 30 minutos lá na cozinha.
– Como é que eu vou saber? O senhor tem que ver lá na cozinha.
Muito puto você vai na cozinha, pergunta sobre o sanduíche e dizem que já enviaram pro balcão. Você volta ao balcão e pergunta de novo:
– Cadê meu sanduíche??!? Me disseram que já veio pra cá.
– Já veio pra quem? Eles enviaram para quem?
– E eu sei lá?!??! Cadê o sanduba?
– Não tenho como saber, senhor. Não sei para quem enviaram.
Sem acreditar, você volta à cozinha e pergunta pra quem enviaram. Eles falam o nome do infeliz. Você volta ao balcão:
– Enviaram para um tal de Brian.
Então você fica feliz porque vão chamar o Brian e finalmente você vê que ele está trazendo o sanduíche. Só que o sanduba vem sem queijo:
– Cadê o queijo?
– Era para ter queijo?
– Claro que era!!! Pedi um X-Burger!
– Infelizmente foi assim que a cozinha enviou.
– E agora?
– Não sei. O senhor vai querer?
– Claro que não. Não me serve. Não é o que eu pedi. Eu quero X-Burguer!
– Então o senhor tem que pedir na cozinha.
– De novo?!? Por que você não pede pra consertar lá? Só falta botar o queijo. Pede pra botarem o queijo.
– Não posso. Meu negócio é receber o sanduba e entregar.
Voltando à cozinha
Já bufando de raiva você volta à cozinha, solta os cachorros, chama um monte de palavrão e pede DE NOVO o X-Burger. Eles se desculpam e dizem que não têm como fazer, porque o queijo daquele sanduíche só tem em outra filial da lanchonete, em outro município:
– Inacreditável!!! E não tem como vocês pedirem para eles enviarem esse queijo pra cá?
– O senhor pode pedir.
Qualquer pessoa normal teria desistido, mas só para continuar com a nossa parábola, imaginemos que você segue adiante, tentando conseguir o sanduíche que precisa. Então liga para a outra cidade e pede para enviarem o queijo. Informam que vai demorar uma semana. Como você precisa muito comer o sanduíche, diz que vai esperar.
Uma semana depois volta à lanchonete:
– O queijo do meu sanduba chegou?
– Que queijo?
– Como assim? Vou ter que repetir a história toda?
– Acho que sim. Não sei de queijo nenhum.
Aí você repete tudo e fica sabendo que o queijo não chegou:
– Como assim não chegou?
– Não sei. Eles disseram que mandaram?
– Disseram que iam mandar em uma semana.
– E mandaram?
– E eu que tenho que saber?!?!?!
– Claro.
Pra resumir a estória, você liga para a filial do outro município de novo e descobre que, na verdade, não mandaram o queijo, mas sim o dinheiro para comprarem o queijo na sua cidade. Você volta à lanchonete:
– Eles mandaram o dinheiro para vocês comprarem o queijo.
– Ah, tá. Vamos ver se resolveu tudo então.
Mais uns 30 minutos de espera e a resposta é:
– Olha… É verdade, mandaram o dinheiro mesmo, mas esse queijo não tem em Manaus, só tem lá na outra cidade. Como é que a gente vai comprar aqui?
E fica nisso. A lanchonete aqui diz que não pode comprar o queijo de lá. E a de lá diz que já enviou o dinheiro pra comprar o queijo aqui e você que se dane. Você, mesmo pagando, mesmo fazendo praticamente todo o trabalho deles, ainda assim não consegue o que quer!
A “Lanchonete Unimed”
Agora troque “lanchonete” por PLANO DE SAÚDE Unimed e troque “X-Burger” por SONDA DE GASTROSTOMIA.
É isso que está acontecendo com minha sogra Isolina Valente Fima, que está há incríveis QUATRO MESES esperando pela sonda para trocar e não consegue, num jogo de empurra-empurra em que o usuário do plano é que tem que se virar nos 30 para conseguir o serviço pelo qual PAGA, em vez do Plano se virar para fornecer o que foi contratado.
A sonda atual está vazando e trazendo enorme risco de infecções, mas o que é a vida humana para esses planos, né? Será que o negócio deles é saúde?
P.S. Señora ministra de Salud, Nísia Trindade Lima, hay muchísimo que hacer”. Enquanto isso, fazemos a nossa parte.Aguarde Unimed (II), a lanchonete e a farinha de ossos.Este blog vai acolher reclamações contra Planos de Saúde que enganam quem paga mensalmente para ter um atendimento médico.
Créditos: Texto de Fábio Freire Alencar. Charge emprestada de Jonilson Souza: OANTAGÔNICO