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terça-feira, 16 abril, 2024

Havana de Cuba

Uma ideia posta em prática por aquele sábio que foi Eusebio Leal, leva o nome de Rutas y andares, e sua finalidade fundamental sempre foi chegar a todos os recantos da Havana Velha com a participação ativa de seus habitantes. Foram os diretores do Gabinete do Historiador, sob a orientação de Leal, que reconheceram que o bairro de San Isidro conseguiu um grande fluxo de viajantes graças ao entusiasmo e à vontade de seus representantes.

Esse poderoso motivo me levou a ir àquele bairro e até mesmo perguntar sobre a obra social da Revolução – que inclui 14 consultórios médicos, uma clínica de medicina tradicional, uma clínica veterinária, três creches e um jardim de infância e quatro escolas, além de que ainda existam espaços e locais afetados pelo tempo. Não tenho dúvidas de que aqueles seres vergonhosamente financiados por Washington, sob uma entidade erroneamente denominada Movimento San Isidro, tinham acesso gratuito a essas e outras escolas, centros de saúde e outros benefícios sociais.

Neste momento, sinto que Leal continua «caminhando por Havana» e parece ouvi-lo, seja diante de um interlocutor ou com uma grande audiência, referindo-se aos estudantes de medicina que em 27 de novembro de 1871 foram vítimas de um dos mais crimes horrendos cometidos por cubanos pagos pelo colonialismo espanhol.

Em sua voz comprometida e valente, ouvi-o repudiar outra ação vil, como a cometida pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos que em 11 de março de 1949 subiram ao monumento Martí no Central Park, um verdadeiro ultraje ao mais universal e patriota de todos os cubanos.

Havana também é marcada pelo que aconteceu em 4 de março de 1960, quando os Estados Unidos fizeram explodir o navio francês La Coubre, que transportava armas e munições adquiridas por Cuba para defender sua já ameaçada Revolução. Esse ato terrorista, além de privar o país das tão necessárias armas, causou cerca de cem civis mortos e 400 feridos.

Então, como esses personagens vulgares podem imaginar que alguém, seja da própria Havana Velha ou da parte mais remota de Cuba, pudesse aceitar que um pequeno grupo como o deles pudesse se enraizar em uma terra fertilizada pelo sangue de milhares de cubanos?

Lembrem, eufóricos infratores da lei cubana que clamam por Trump como seu presidente, que aquela Havana Velha que pretendem manchar tem um centro histórico que foi declarado, pela Unesco, Patrimônio Cultural da Humanidade.

Mais recentemente, o status concedido a Havana como Cidade Maravilha do mundo moderno, reforça nosso compromisso, hoje e para sempre, com seus valores patrimoniais e com sua gente.

Gostaria também de lembrar a esses personagens baratos que San Isidro Labrador era um agricultor, capaz de dividir o pouco que ganhava entre o templo, os mais necessitados e sua família.

Seus pais eram agricultores extremamente pobres que não podiam nem mesmo mandar o filho para a escola. Este homem canonizado não merece que nenhum desgraçado se esconda no seu patronímico.

A grandeza desta geografia não pode ser ultrajada nem mesmo em seu universo simbólico. A história de Cuba habita a capital do país para nos lembrar o passado ao qual renunciamos.

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