Brasília, (Prensa Latina) Organizações ambientalistas e de direitos humanos denunciarão na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP14), que inicia hoje em Sharm El Sheikh, Egito, as ameaças à democracia e à natureza pelo futuro governo do Brasil.
Segundo o portal digital Rede Brasil Atual, esses agrupamentos entregarão aos delegados no evento uma carta aberta na qual advertem também sobre possíveis ações da administração do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que põem em risco compromissos assumidos pela proteção da biodiversidade, das florestas, dos territórios indígenas e tradicionais no Brasil.
Os quase 100 grupos assinantes da carta denunciam também as estratégias que levaram à eleição do candidato da extrema direita, quem pretende incluir os movimentos sociais na lista de organizações terroristas.
Advertem como Bolsonaro tenta acabar com toda forma de ativismo, perseguir adversários políticos e, principalmente, mostra total desprezo pela biodiversidade brasileira e pela política ambiental.
Na mensagem de oito páginas também se alerta sobre a possibilidade de subordinação do Ministério de Meio ambiente ao de Agricultura, a retirada do Brasil do Acordo de Paris sobre mudança climática e a exploração dos recursos naturais da Amazônia em associação com setores privados, particularmente dos Estados Unidos.
Do mesmo modo, preocupa às organizações não governamentais signatárias do documento a eventual flexibilização no uso dos agrotóxicos que prejudicaria a qualidade de vida dos brasileiros.
Pedem à comunidade internacional que acompanhe a transição política no Brasil, em momentos em que o presidente Michel Temer entrega o poder a Bolsonaro.
Recentemente, a diretora executiva da Convenção da ONU sobre a Biodiversidade, Cristiana Pasca Palmer, afirmou que a perda da biodiversidade é um problema tão premente como a mudança climática e pode levar à extinção da espécie humana.
Relatórios do Fundo Mundial da Natureza (WWF) revelam que a principal causa da perda de biodiversidade é a degradação dos habitats naturais, principalmente pela agricultura, a devastação indiscriminada e pressão urbana, bem como a superpopulação.
Com a participação de 196 países, a COP14 no Egito terá como primordial objetivo fomentar as alianças com o setor privado, a comunidade civil e os centros de investigação científica para vinculá-los ao acordo de biodiversidade.
No foro, que conclui no dia 29 de novembro, a ONU chamará a comunidade internacional a intensificar esforços na luta por deter a perda de biodiversidade e proteger os ecossistemas que apoiam a segurança e saúde dos alimentos, assim como a água para bilhões de pessoas.