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terça-feira, 10 dezembro, 2024

Globo tenta passar pano no Alto Comando das Forças Armadas para vender mentira de que não atuou no golpe

César Fonseca

Merval Pereira, porta voz da Globo, mais parece aquele personagem do Ziraldo, Jeremias, o Bom.

Finge acreditar em fantasias e se expõe como alma generosa para com os militares.

De repente, os homens da caserna, na avaliação dele, caíram na real de que deram tiro n’água subindo no cavalo arreado, não suficientemente ajustado, de Bolsonaro, para levar seu governo fascista para frente.

Acha que o fascista era apenas o Bozo.

Na verdade, o Globo embarcou, junto com os militares, na canoa furada, porque a proposta do ex-presidente era fazer o jogo de Paulo Guedes: ultra neoliberalismo.

Guedes sempre fora colunista do Globo, pregando desmobilização completa do Estado, favorável às privatizações, à independência do Banco Central, dos juros altos, para materializar o discurso da Faria Lima, no qual o Globeleza embarcou.

Os Marinhos resistiram e resistem à política social de Lula por melhor distribuir a renda e ter por meta taxar os mais ricos para dar vez aos mais pobres.

Isso a elite, que a Globo defende, abomina e vai à luta pelos golpes antidemocráticos, para que não sejam materializados.

Foi assim em 1964, diante das reformas de bases, preconizadoras do capitalismo moderno trabalhista janguista, para fortalecer o mercado interno, com divisão da propriedade rural extensiva sem a qual não se alavanca a industrialização.

PROFETAS NEOLIBERAIS

Sempre o Globo teve esses profetas neoliberais em suas páginas, como o economista Eugênio Gudin, que atacava o nacionalismo de Getúlio e elaborou com Campos e Bulhões a “sangria depuradora” de 64, para arrochar salários e prender sindicalistas que apoiavam Jango Goulart, herdeiro das lutas getulistas, encabeçadas pelos trabalhistas varguistas.

Depois de derrubar Jango e contribuir para despachar Brizola ao exílio, o Globo, alinhado aos milicos golpistas, fez de tudo para barrar o brizolismo.

As fraudes eleitorais que a Globo armou para tentar impedir Brizola de chegar à presidência e ao governo do Rio de Janeiro são as marcas indeléveis que o identificam como inimigo da democracia, quando esta é ameaçada pela maioria de trabalhadores, na tomada do poder pelas urnas.

Na Era FHC, após o regime militar, do qual o Globo era uma extensão, os Marinhos se alinharam ao Consenso de Washington para chancelar em suas páginas todas as providências neoliberais, cujas consequências são, invariavelmente, contar com as forças reacionárias antidemocráticas para dar o golpe.

Depois que a Era FHC se desmanchou por meio da opção conservadora de entregar as riquezas, as jóias da coroa, como a Vale do Rio Doce, para os privatistas internacionais, o Globo, desalentado, viu que as chances dos tucanos, alavancadores da desigualdade social, chegarem pelo voto ao poder se evaporaram.

Foi quando decidiu endireitar de vez, defendendo as manobras golpistas de Aécio Neves, que não aceitou derrota para Dilma Rousseff, questionando-a na justiça eleitoral, para inviabilizar o governo dela.

Ficou claro que a Era FHC, após dois governos populares de Lula(2003-2009) e mais 1 e meio de Dilma(2010-2016), com a bandeira da distribuição da renda, por meio da valorização dos salários, não chegaria mais ao poder pelo voto.

Resolveram atropelar a democracia.

Aí o Globo e seus porta-vozes, como Merval e Gabeira, entraram na conspiração para derrubar Dilma, por meio de impeachment sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo.

Apoiaram o golpe neoliberal, com Temer e, em seguida, com Bolsonaro.

HISTÓRICO GOLPISTA INDISFARÇÁVEL

O bolsonarismo fascista, apoiado pelos militares saudosos de 1964, teve amplo apoio da Globo e de sua turma de neoliberais, alinhados na conspiração da Operação Lava Jato, para ver se colocava Sérgio Moro na presidência, com apoio do governo americano.

Bolsonaro atropelou Moro, e a Globo viu que o melhor era embarcar no fascismo, amplamente, apoiado pelos militares e sua bandeira de tutelar a democracia por meio do artigo 142 da Constituição de 1988, verdadeira aberração constitucional com a qual compactua um STF conservador reacionário, que aprovou o neoliberalismo privatista de Temer e Bolsonaro/Guedes.

As bandeiras falsamente democráticas, verdadeiramente, fascistas, comprometidas com golpismo antidemocrático, esboroaram-se, completamente, com a volta de Lula, em 2022.

Mas, de lá para cá, a tentativa de derrubá-lo por golpes institucionais não consegue disfarçar-se, por intermédio dos editoriais do Globo, até que veio ao ar o que os fascistas tentaram, ou seja, novo golpe depois de serem derrotados pela Frente Ampla lulista.

Agora, vem o Globo, por meio dos seus porta-vozes, com destaque para Merval Pereira, ávido para passar pano.

GENERAIS INOCENTES

O Alto Comando do Exército não participou de nada, diz o colunista.

Tudo aconteceu como se os generais que saíram da caserna, para assessorarem Bolsonaro, não se comunicassem mais com os seus chefes maiores do Alto Comando das Forças Armadas.

Conto da carochinha.

A farsa caiu com as investigações da PF de que o golpe estava em plena atividade para impedir Lula de tomar posse, e mesmo depois de empossado, em 8 de janeiro de 2023, aconteceu a invasão dos três poderes.

Naquele dia fatídico, se os golpistas tivessem ocupado o Planalto, aproveitando que Lula estava ausente de Brasília, ocorreria o crime perfeito.

Os bandidos foram realmente incompetentes.

Piscaram.

Como então acreditar na falsidade deste artigo de Merval, de hoje, no Globo, de que o Alto Comando não sabia de nada e não participou da conspiração?

Querem fazer brasileiros e brasileiras de bestas.

Todos perceberam que aquela inusitada movimentação era a cara descarada do golpe, cujos chefes compactuaram com a movimentação prévia de acampamentos cheios de golpistas nas portas dos quartéis na capital federal.

Tenha paciência, Merval!

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