Santiago do Chile (Prensa Latina) Aos 35 anos, Gabriel Boric, da coalizão de esquerda Apruebo Dignidad (Aprovo a Dignidade), é hoje o mais jovem candidato à presidência chilena e as pesquisas o colocam entre os favoritos para chegar ao Palácio de La Moneda.
“Junte-se para mudar” o Chile é o slogan da campanha do ex-líder estudantil e atual deputado do distrito 28 da Região de Magallanes.
Como dirigente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, ao lado de Camila Vallejo, Giorgio Jackson e Karol Cariola, liderou as grandes manifestações que sacudiram o país em 2011 para exigir uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Também teve papel relevante durante a eclosão social de 2019, quando fez parte do Acordo de Paz que abriu caminho para a elaboração de uma nova constituição em substituição à vigente desde os tempos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Nas primárias de julho deste ano, Boric, da Frente Ampla, derrotou o prefeito da Recoleta e líder do Partido Comunista, Daniel Jadue, com 60,37% dos votos, tornando-se candidato à presidência da coalizão Aprovo a Dignidade.
“Se o Chile foi o berço do neoliberalismo, também será o seu túmulo”, declarou Boric na ocasião, ratificando seu compromisso de trabalhar com todas as forças de esquerda para transformar o país.
O Chile é uma das nações mais desiguais do mundo e, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em 2018, 1% das famílias de maior renda respondiam por mais de um quarto da riqueza nacional; enquanto 50% das famílias mais pobres tinham apenas 2,1%.
Ao chegar ao Palácio de La Moneda, um de seus principais desafios será acabar com o antigo modelo neoliberal, fortalecer o Estado e caminhar para um novo projeto econômico justo e sustentável.
Seu programa de governo é baseado em quatro pilares: desenvolvimento econômico, justiça ambiental, descentralização e igualdade de gênero.
Suas tarefas prioritárias incluem garantir salários e pensões dignas para todos, promover um sistema universal de saúde e reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais.
O presidente eleito nas eleições de 21 de novembro terá que enfrentar uma situação difícil, marcada pelas consequências econômicas e sociais da Covid-19, a crise migratória no norte e os problemas em La Araucanía.
Boric se opõe à militarização em La Araucanía e promove o diálogo para a solução de um conflito histórico na região sul, onde as comunidades Mapuche exigem a restituição de suas terras ancestrais.
Em relação às migrações do norte, sua proposta visa a ratificação e acompanhamento dos acordos internacionais sobre o tema e da cooperação entre o Estado chileno e os países de origem dos migrantes e refugiados.
Caso seja eleito para a presidência, também terá entre seus desafios colocar em prática a constituição que emana da assembleia constituinte, que deve ser submetida a referendo para sua entrada em vigor, em substituição à instituída pela ditadura.