Sobrou para os bagrinhos
Funcionários da Vale são presos durante operação que ocorreu em três estados.
As prisões das oito pessoas envolvidas ocorreram em referência à investigação sobre o rompimento da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho.
A operação que ocorreu em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, foi realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais na manhã desta sexta-feira (15), segundo noticiou o portal G1.
O Ministério Público de Minas Gerais afirmou que o objetivo da operação é de “apurar a responsabilidade criminal pelo rompimento de barragens existentes na Mina Córrego do Feijão, mantida pela empresa Vale, na cidade de Brumadinho”.
As oito pessoas presas na operação são funcionárias da Vale, sendo quatro gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes de áreas técnicas.
De acordo com as primeiras informações, foram emitidos 12 mandados de busca e apreensão, além de oito mandados de prisão, referentes a oito funcionários da Vale, sendo Alexandre de Paula Campanha, um deles. Campanha foi preso em casa na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.Além disso, segundo as investigações, Campanha teria pressionado os engenheiros para assinar o laudo que atestava estabilidade da barragem, que rompeu em Brumadinho, devido ao risco de perder o contrato com a empresa.
Além de Alexandre de Paula Campanha, foram detidos, Artur Bastos Ribeiro, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Felipe Figueiredo Rocha, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira, Joaquim Pedro de Toledo, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo e Renzo Albieri Guimarães Carvalho.
A tragédia de Brumadinho ocorreu no dia 25 de janeiro, quando a barragem da Mina do Feijão se rompeu, deixando mais de 165 pessoas mortas, além de 147 pessoas desaparecidas, conforme a Defesa Civil de Minas Gerais.
Leia nota do Ministério Público de Minas Gerais na íntegra:
“O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, com apoio das Polícias Civil e Militar, deflagrou operação na manhã desta sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019, com o objetivo de cumprir mandados de busca e apreensão e mandados de prisão temporária, visando apurar responsabilidade criminal pelo rompimento de barragens existentes na Mina Córrego do Feijão, mantida pela empresa VALE, na cidade de Brumadinho.
O pedido formulado pelo Ministério Público Estadual foi feito por intermédio da Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho, da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado GAECO e do Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público — GEPP, no âmbito de força-tarefa. A operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado de Minas Gerais e, ainda, com atuação dos Ministérios Públicos dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, por meio dos GAECOs daqueles estados, e teve como propósito o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão e de oito mandados de prisão temporária expedidos pelo Juízo da Comarca de Brumadinho.
Os oito investigados presos são funcionários da VALE, dentre eles, quatro gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas. Todos são diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1, rompida no dia 25/01/2019. As prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias, tendo em vista fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo. Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica.
Foram, ainda, alvos de busca e apreensão, em São Paulo e Belo Horizonte, 4 funcionários (um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico) da empresa alemã TÜV SÜD, a qual prestou serviços para a VALE, referentes à estabilidade da barragem rompida. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na sede da empresa VALE, no Rio de Janeiro.
Os documentos e provas apreendidos serão encaminhados ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais para análise.”
As medidas estão amparadas em elementos concretos colhidos até o momento nas investigações.”