Enquanto um acordo sobre pagamentos em moedas nacionais foi assinado entre Pequim e Moscou, a Europa lançou um mecanismo que permite o comércio com Irã para contornar as sanções dos EUA: tudo isso sem o dólar.
Na opinião da colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya, essa rejeição da moeda americana se torna cada vez mais concreta.
Há exatamente um ano, os economistas do Banco Mundial disseram que o processo de desdolarização no mundo tinha começado e já não poderia ser interrompido. Assim, desde o final de 2014, os acordos russo-chineses sobre o comércio direto em rublos entraram em vigor sem a participação de bancos americanos, britânicos ou da União Europeia.
Análogos russos e chineses do SWIFT
No início de junho, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, e o governador do Banco Popular Chinês, Yi Gang, assinaram um acordo sobre a criação de um novo sistema de pagamentos, que se tornará uma “porta de entrada para a fundação de análogos russos e chineses do SWIFT” – um sistema interbancário internacional de transmissão de dados financeiros.
Para a especialista Dembinskaya, está previsto que o sistema pagamentos em moedas nacionais esteja operacional até ao final do ano e abranja, em primeiro lugar, as maiores empresas russas de petróleo e gás, bem como os produtores agrícolas.
Devido ao aumento constante da ameaça de sanções econômicas por parte de Washington, Moscou e Pequim se apressam para fechar esse tipo de contratos.
Uma vez que aproximadamente 42% das transações via SWIFT são feitas em dólares, isto é uma arma poderosa para Washington. A exclusão do sistema ameaça a economia russa com graves problemas – desde fuga de capitais à queda do rublo e ao crescimento das taxas de juros sobre o crédito.
De acordo com o Financial Times, a agressividade de Washington força a Rússia e a China a “testar a resistência da moeda americana”. O novo mecanismo de pagamentos não só protegerá de forma fiável contra a pressão das sanções, como também colocará em causa o estatuto do dólar como principal moeda de reserva.
Contornando sanções
Apesar da ameaça de sanções por parte de Washington, os países da UE continuam a comprar petróleo iraniano e pagando não em dólares, mas em euros.
Os europeus pretendem contornar as restrições americanas com ajuda do mecanismo de transações financeiras INSTEX (Instrumento de Apoio às Bolsas de Comércio), anunciado na semana passada pelo Reino Unido, França e Alemanha e que permite a troca de mercadorias sem transferência de dinheiro entre empresas iranianas e da UE.
Desde 28 de junho, este mecanismo está disponível para todos os países da UE e em breve estará disponível para empresas de outros países.
Os especialistas acreditam que o INSTEX irá desferir um golpe no desejo dos EUA de assumir o controle da ordem econômica mundial, pois qualquer país, além dos membros da UE, que não queira cumprir o regime de sanções da Casa Branca poderá se livrar do dólar.