Por Altamiro Borges
Pelo jeito, uma antiga palavra de ordem dos movimentos sociais brasileiros será retomada em breve: “Fora daqui, o FMI”. No triste reinado do tucano FHC, o Brasil firmou três acordos com o Fundo Monetário Internacional e seus algozes impuseram o receituário neoliberal de desmonte do Estado, da nação e do trabalho. Com a vitória de Lula em 2002, um novo ciclo politico se iniciou no país e a submissão ao órgão foi superada, inclusive com o pagamento de antigas dívidas. O slogan perdeu o sentido. Agora, porém, o covil golpista de Michel Temer retoma a relação servil com o FMI, que já passa a dar ordens sobre os rumos da economia – logicamente visando beneficiar os banqueiros e ferrar os trabalhadores.
Nesta semana, a mídia rentista deu destaque às arrogantes “recomendações” desta máfia financeira. Segundo matéria da Folha, “o fundo considera ‘imperativo’ e ‘bem-vindo’ que o governo mantenha o foco no controle fiscal. Para recuperar a ‘sustentabilidade fiscal’, afirma, as medidas fundamentais são a reforma da Previdência, a contenção das dívidas dos Estados, a flexibilização dos planos orçamentários e a eficiência nos gastos, além da revisão da indexação ao salário mínimo”. Ou seja: austeridade fiscal, para garantir mais grana aos banqueiros, e corte dos direitos trabalhistas e previdenciários, para estimular ainda mais as práticas predatórias dos capitalistas.
Com sua costumeira arrogância, o FMI afirma que “a fórmula para os ajustes do salário mínimo afeta o crescimento das aposentadorias e outros benefícios e, portanto, é uma grande fonte de pressão no médio prazo… A ligação entre benefícios sociais e o salário mínimo merece ser revista”. A máfia rentista ainda ordena que o capacho Michel Temer seja cauteloso com a redução dos juros, aconselhando que “a política monetária deve continuar rígida até que as expectativas de inflação convirjam ‘mais claramente’ para o centro da meta”. Por fim o documento recomenda “uma nova política de concessões, a abertura da economia, a reforma trabalhista e a simplificação tributária”.
Os banqueiros incentivaram o “golpe dos corruptos” que depôs a presidenta Dilma. Eles nunca engoliram as ousadas iniciativas da sua primeira gestão, como o corte dos juros e a ampliação do crédito dos bancos públicos. Consideraram que elas “quebraram a confiança do mercado”. Por isto, investiram na desestabilização da economia e na ingovernabilidade política, forçando inclusive o governo a recuar. Agora, com a chegada ao poder do usurpador Michel Temer, eles apostam que terão seus privilégios e lucros garantidos. O FMI, o antro do capital financeiro internacional, está animado com os “sinais preliminares” do governo golpista e até difunde a ideia de que “a recessão no Brasil está perto do fim”. Pura balela!
Esta troca de afagos, porém, pode ser momentânea. As “recomendações” divulgadas nesta semana são, na verdade, ordens expressas ao Judas Michel Temer. O seu tempo de duração é curto. Ou ele aplica de imediato as “medidas amargas”, ou também será fritado. O problema é que as tais “recomendações” devem acirrar o conflito social no país. O trabalhador não vai aceitar passivamente pagar o pato da crise. Nas ruas, além da palavra de ordem do “Fora Temer”, outra ganhará peso: “Fora daqui, o FMI”.