Santiago do Chile, 1 set (Prensa Latina) A Comissão Constitucional da Câmara dos Deputados votará hoje um projeto de lei sobre a quarta retirada de 10% de fundos previdenciários, em meio às expectativas gerais.
Alguns especialistas alertam que, se prosperar, implicaria praticamente no desmantelamento das seguradoras de fundos de pensão, empresas que acumulam dezenas de bilhões de dólares e constituem um dos pilares do modelo neoliberal chileno e são repudiadas por amplos setores da sociedade.
Tanto o governo quanto os legisladores da direita buscaram todos os caminhos possíveis para evitar que essa quarta retirada de fundos avance.
O executivo garante que é desnecessário porque grande parte da população está acessando a Renda Familiar de Emergência (IFE) para enfrentar a crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19 que atingiu milhões de famílias pobres e de classe média.
O ministro da Economia, Lucas Palacios, considerou ‘ruim, ruim, ruim’ a aprovação da quarta retirada porque a injeção de liquidez no mercado geraria aumentos de preços e uma forte alta das taxas de juros, empréstimos ao consumidor e hipotecas, que fariam prejudicar não apenas os mais pobres, mas a todos.
Segundo relatos, os parlamentares do partido pretendiam que antes de ir ao plenário o projeto também fosse examinado na Comissão de Fazenda, mas o deputado socialista Marcos Illabaca, seu presidente, pediu que esse assunto não continue atrasado porque milhões de pessoas precisam desse dinheiro.
A matéria, apontam os observadores, ultrapassa o aspecto econômico e tem um forte conteúdo político tendo em vista a proximidade das eleições presidenciais e parlamentares, até porque o projeto é bem recebido pelos cidadãos e um voto contra pode prejudicar os legisladores que aspirarem à reeleição.
Além disso, a exemplo do que aconteceu na votação das três retiradas anteriores, os partidos de direita aparecem divididos, enquanto o apoio da oposição à quarta retirada permanece quase unânime.