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quarta-feira, 17 abril, 2024

EUA subcontratam uma nova revolução colorida – Plano de golpe na Nicarágua

– Mesmo um governo vacilante e social-democrata como o de Ortega é insuportável para o imperialismo — os EUA só querem sabujos totais
por Wiston López

Um documento agora revelado pela rádio La Primerísima, de Manágua, mostra um plano orquestrado e financiado pelos Estados Unidos para por em andamento uma nova tentativa de golpe de estado na Nicarágua nos próximos dois anos, pois parte da premissa de que o presidente Daniel Ortega vencerá as eleições em 2021.

O documento, de 18 páginas, é uma espécie de termos de referência a fim de contratar uma empresa que se encarregue do plano subversivo. Ele tem o código RFTOP Nº: 72052420R00004, com o título “Responsive Assistance in Nicaragua” (Assistência responsiva na Nicarágua).

O caderno de encargos especifica que a empresa contratada se encarregará de executar um plano em várias fases antes, durante ou depois de 2021.

Os fundos para por em andamento o referido plano serão fornecidos pelos EUA através da Agência Internacional para o Desenvolvimento (AID), em colaboração com a USAID, e utilizarão a sociedade civil da Nicarágua para desestabilizar o país.

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No documento estabelecem-se três cenários daquilo que o governo dos EUA chama de “transição democrática na Nicarágua”. O primeiro é que, depois de criar uma nova crise, o presidente constitucional Daniel Ortega renuncie; o segundo que haja eleições antecipadas provocadas por uma crise que eles mesmos causariam e ganhe a oposição; o terceiro é que a FSLN ganhe as eleições, com resultados que sejam ou não reconhecidos pelo povo nicaraguense e pela comunidade internacional.

O plano supõe, a partir de relatórios dos próprios agentes dos EUA, que Daniel e a FSLN possam ganhar as eleições em 2021 de maneira transparente.

Acrescenta que a finalidade do plano é proporcionar os recursos para criar as condições de um golpe de estado na Nicarágua, através de sócios locais que os EUA denominam “sociedade civil”, meios de comunicação, empresários e estudantes.

Dissolucão das forças armadas e perseguição política

Outro aspecto que o documento deixa claro é que, se a oposição conseguir vencer a FSLN, imediatamente o novo governo deve submeter-se às políticas estabelecidas pela AID, cujas linhas de actuação são delineadas a seguir.

Segundo o plano golpista, uma vez assumido o poder pela oposição esta deverá perseguir os militantes sandinistas e dissolver, entre outras instituições, a Polícia Nacional e o Exército da Nicarágua.

A AID deixa claro que seria a pressão interna no país que eventualmente provocaria o golpe de estado, pelo que conclama seus actores a aprofundar a crise política, económica e também a da saúde, tendo em conta o contexto do Covid-19.

Ao ficar claro que em 2021 a FSLN pode sair vitoriosa nas eleições, a AID propõe uma transição de governo retardada ou imprevista. Nesse caso, o plano inclui acções concretas para continuar o plano subversivo até que se consiga alcançar o objectivo de expulsar os sandinistas do poder.

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PELO MENOS US$31 MILHÕES RECEBIDOS PELA OPOSIÇÃO

Apesar da quantidade de dinheiro recebido pela oposição (pelo menos US$31 milhões entre 2017 e 2020) da parte dos EUA, a AID admite que os opositores não conseguiram a unidade em torno de um partido político ou candidato.

“Frequentemente surgem conflito entre os grupos camponeses e o resto da oposição e os estudantes muitas vezes desconfiam dos líderes empresariais”, afirma a Agência Internacional para a Cooperação no plano intervencionista na Nicarágua.

Também se solicita à empresa que ficar encarregada do plano que contemple mudanças abruptas nos cenários previstas e que tenha a capacidade de responder rapidamente às novas exigências para instalar um novo governo.

No plano golpista diz-se que se a Organização dos Estados Americanos (OEA) decidir voltar a pressionar quanto à reforma eleitoral isto será um importante ponto de pressão internacional, ainda que saibam que o governo sandinista tem a capacidade de resistir a este tipo de acções ingerencistas.

“A oposição pode negar-se a participar, ou aceitar participar em desvantagem, acreditando que ainda pode ganhar. Também é possível que o governo permaneça no poder a seguir a reformas eleitorais e eleições justas”, diz o documento.

Sob este tipo de situação, a Agência deve estar preparada para responder de maneira imediata para encaminhar a sociedade civil a implementar acções que desestabilizem o país.

“Por outro lado, uma transição demorada pode exigir uma maior ênfase na investigação e planificação para a USAID e para a liderança da sociedade civil, com tipos discretos de actividades de assistência técnica, se for necessário para manter o seu impulso ou apoiar a sua capacidade para promover a transição no futuro”, resume o plano golpista.

A USAID financiará actividades para desestabilizar o país, fazendo uso de sócios locais, análises da opinião pública e monitoramento das redes sociais.

No documento também se pormenoriza a participação da embaixada do Estados Unidos em Manágua, a qual se encarregará de executar uma série de acções diplomáticas com a criação de uma comissão para legitimar um novo governo imposto por um golpe de estado.

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Ler ou descarregar o documento em inglês do plano ingerencista contra a Nicarágua

Acerca da Nicarágua ver também:

 

 

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