Por Martha Andrés Román
Sob o título ‘Armas de microondas são as principais suspeitas da doença dos funcionários da Embaixada dos Estados Unidos’, o jornal ‘The New York Times’ publicou em 1 de setembro um artigo sobre esse assunto, enquanto essa hipótese também a propôs uma professora da Universidade de Califórnia em San Diego, Beatrice Golomb.
‘É uma loucura’, considerou sobre essa história Kenneth R. Foster, professor de bioengenharia na Universidade da Pensilvania citado pelo Post, quem estudou os fenômenos de microondas enquanto trabalhava no Centro de Pesquisa Médica Naval.
Foster, quem não participou do teste do pessoal diplomático, sustentou que para os padecimentos informados -com sintomas como enjôos, questões de audição e de memória- ele não tem uma explicação, ‘mas, com certeza, não se trata de microondas’.
Por sua vez, Alberto J. Espay, neurologista da Universidade do Cincinnati, manifestou que as armas de microondas são o equivalente mais próximo em ciência às notícias falsas.
Em seu artigo sobre estas ondas como causa provável dos incidentes de saúde, o Times mencionou o depoimento de Douglas H. Smith, um médico da Universidade da Pensilvania que foi o autor principal do reporte publicado em março passado sobre o único exame médico importante realizado aos funcionários.
Segundo Smith, as microondas hoje são consideradas como uma causa provável dos sintomas, embora no relatório liderado por ele não se faz nenhuma alusão às mesmas.
O Post assinalou que este perito não respondeu a suas solicitações para uma entrevista, enquanto a Universidade da Pensilvania não proporcionou provas de suas afirmações nem pôs a disposição outros médicos enrolados na avaliação do pessoal diplomático.
Pessoas que recusam essa versão sustentam que Smith e seus colegas procuraram uma explicação exótica para uma ocorrência relativamente comum.
Aqueles casos nos que um número de pacientes terem informado sintomas físicos sem causa detectável podem ter uma variedade de orígenes não externos, incluídos fatores psicológicos como o estresse, e podem disseminar-se de forma contagiosa, advertiu o Post.
Em tamanho cenário, os sintomas são reais. O sofrimento deve tomar-se a sério. Mas, não se precisam armas de microondas, acrescentou o periódico.
A publicação se referiu, nesse sentido, a uma pesquisa publicada este ano pela agência ‘Propublica’, na qual se afirmou que durante uma grande reunião de pessoal celebrada na embaixada norte-americana em Cuba em março de 2017, os funcionários advertiram que havia pessoas afetadas por vários sintomas, e pouco depois desse encontro os informes de padecimentos se dispararam. Os que defendem a teoria das microondas citam estudos que aprofundam sobre um possível vínculo entre telemóveis e câncer, mas, décadas de pesquisa não estabeleceram até o momento que os baixos níveis de radiação de radiofrequencia possam prejudicar a saúde humana.
Foster manifestou que não há tecnologia capaz de usar microondas para produzir os tipos de padecimentos que os diplomatas norte-americanos disseram experimentar, mesmo que houve objetivos de criar artefatos com esse fim, mesmo dentro do Pentágono.
Na verdade, a Marinha estava interessada em verificar se isto podia usar-se como arma, e passamos muito tempo pensando nisso, mas o fenômeno era simplesmente muito fraco para ser concebível, afirmou o perito.
Por sua vez, Chung-Kwang Chou, quem dirige um comitê do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos sobre os efeitos das microondas na saúde, referiu-se ao fato de que se fez público um som que os diplomatas norte-americanos disseram ter escutado antes de sentirem-se doentes.
Se houver um som que se pode gravar, então se gera acusticamente, e não é um som microondas gerado na cabeça humana, assinalou ao Buzz Feed News.
Em meio de todas estas teorias recusadas inúmeras vezes, funcionários do Departamento norte-americano de Estado reiteraram no subcomité de Assuntos Externos para o Hemisfério Ocidental da Câmara de Representantes que consideram o acontecido em Havana como ‘ataque’.
A agência federal, que com esse pretexto reduziu imenso o pessoal de sua embaixada, suspendeu a emissão de vistos e expulsou a 17 diplomatas cubanos de Washington DC, persiste em usar esse termo apesar de que não se estabeleceu um vínculo entre os sintomas e qualquer uma fonte externa.
O Bureau Federal de Pesquisas analisou os casos de Cuba e não encontrou evidência de um complô. As buscas na embaixada dos Estados Unidos e outros lugares em Havana não revelaram sinal de arma nenhum, manifestou o Post.
Não existe um mecanismo óbvio conhecido que possa causar esses padecimentos, reiterou em 6 de setembro no mencionado subcomité o diretor médico do Escritório de Serviços Médicos do Departamento de Estado, Charles Rosenfarb.
Estamos perante uma síndrome única. Nem sequer posso chamá-lo uma síndrome. É uma constelação única de sintomas e achados, mas sem uma causa óbvia, assegurou nesse espaço.
Tanto Cuba como setores norte-americanos denunciaram de forma reiterada que a administração de Donald Trump politiza este tema visando impor medidas contrárias à aproximação iniciada em 2014 entre os dois países, apenas com o objetivo de agradar a um pequeno grupo de legisladores.
Mmd/arb/mar/gdc