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quinta-feira, 19 setembro, 2024

 Esquerda não se diferencia da direita em São Paulo

 Foto TV Gazeta

César Fonseca

Quem esperava alguma novidade ideológica na posição da esquerda na disputa eleitoral em São Paulo da parte do candidato Boulos do Psol ficou a ver navios.

Os argumentos do candidato da ala progressista se misturaram em qualidade e quantidade aos dos seus concorrentes de direita e centro, deixando no ar frustrações para quem tem exigências mais aprofundadas quanto ao papel histórico da esquerda de transformação qualitativa do panorama social da maior metrópole brasileira, abalada pelo modelo neoliberal, com expansão da miséria dos socialmente excluídos.

A diferenciação estaria justamente no chamamento do candidato à população para maior participação social na formulação do programa de governo.

Predominou o voluntarismo e o individualismo como algo já determinado em pranchetas elaboradas ao largo da consulta popular prévia, como seria de esperar de candidato de esquerda que tem histórico de engajamento político com os miseráveis carentes de moradia e vítimas da ausência de política de mobilização social, jamais convocados para a elaboração de orçamentos participativos, moderna proposição das vanguardas políticas transformadoras.

MOMENTO DE MOBILIZAÇÃO

As eleições municipais são, do ponto de vista da comunidade, para quem os candidatos se dirigem com suas propostas, momentos adequados ao chamamento à participação dela na formulação do seu próprio futuro.

É isso, por exemplo, o que acaba de acontecer, na Venezuela, tão demonizada pela direita e vista com desconfiança pela esquerda liberal, quando o governo Maduro faz consulta plebiscitária para convocar as comunidades à elaboração dos orçamentos municipais, em que elas são chamadas a contribuir com a formulação das propostas de governança social participativa.

SABESP, OSSO ATRAVESSADO NA GARGANTA

Os candidatos Nunes, prefeito, MDB; o jornalista Datena, PSDB, a deputada Tabata Amaral, PDS, e o influencer Marçal, PTRB, fizeram um só discurso, de promessas voluntaristas, atuando ao largo das consultas à população, como iniciativas como à privatização da oferta de água tratada na maior metrópole brasileira, pelo governo bolsonarista Tarcísio de Freitas.

O prefeito, seu aliado, que conta com o apoio de Bolsonaro, sem saber ao certo se terá essa possibilidade concreta, pois o bolsonarismo está dividido com a ascensão de Pablo Marçal, mostrou-se indeciso sobre a conveniência, para o interesse popular, da privatização da Sabesp, fugindo do assunto.

Da mesma forma, Guilherme Boulos, indagado se reverteria, se prefeito eleito, a desestatização da companhia, que estava sendo bem gerida pelo Estado, dando frutos positivos para o consumidor, em matéria de gestão e preço de tarifa, não respondeu nem sim nem não.

Preferiu, apenas, destacar que é contra, sem avançar em comprometido de reversão da decisão que não contou com ouvidoria popular para ser realizada.

O papel desempenhado por Pablo Marçal é deprimente porque não se compromete com nada, salvo compromisso com o que parece inverossímil, enquanto se limita ao xingamento e palavras de baixo calão, o que demonstra que, se chegar à prefeitura, tem tudo para fracassar, porque sua especialidade não é a gestão pública, mas tocar negócios escusos, sob investigação criminal etc.

Tabata Amaral, por sua vez, partiu para o voluntarismo quanto às questões tanto de segurança como de educação, sendo que em relação a esta seu compromisso é o da completa mercantilização do processo educacional, como é o projeto de quem financia a sua candidatura, o bilionário caloteiro das Lojas Americanas, Paulo Lemann, isento de qualquer compromisso com uma educação crítica como formação da personalidade cidadã.

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