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segunda-feira, 2 dezembro, 2024

Escola Afro-brasileira Maria Felipa realiza campanha “Adote Um Educande”

Fotos – Nti Uirá

Nsanga Comunicação

Projeto busca viabilizar a manutenção de bolsas estudantis na instituição para crianças pretas e indígenas em situação de vulnerabilidade social

A luta antirracista é coletiva e a Escola Afro-brasileira Maria Felipa tem buscado desde o primeiro ano da sua existência, em 2019, oportunizar um ensino emancipador para crianças negras e/ou indígenas em situação de vulnerabilidade social. É Ubuntu. “Eu sou porque nós somos”. É a partir desta filosofia de origem africana, que traz a percepção de que nos humanizamos por meio da conexão e relação com o outro, que a Escola realiza a ação de responsabilidade social “Adote um Educande”, projeto permanente que busca mobilizar a todo e qualquer cidadão para doação de valores para a manutenção de bolsas estudantis.

Atualmente, cerca de 30 crianças pretas e indígenas são atendidas pelos editais de bolsas estudantis e pelo Adote um Educande. Para o ano letivo de 2025, a Escola selecionou mais seis crianças. As contribuições não só custeia a mensalidade, mas permite a manutenção destas crianças na Instituição, ao oferecer kits pedagógicos, materiais didáticos, atividades oferecidas extra classe gratuita, passeios e acolhimento psicológico.

O Adote Um Educande é uma ação de responsabilidade social que precisa da colaboração de todes para garantir uma educação ancestral e que valoriza as culturas afro-brasileiras e indígenas. As contribuições podem ser feitas mensalmente, através do site da campanha https://www.catarse.me/adote_umx_educandx_maria_felipa_ae78#about, a partir de R$5 (cinco reais), por meio de cartão de crédito ou débito, PIX e transferências bancárias.

Através do Adote Um Educande, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa pretende ser instrumento transformador na memória de nossas crianças, ao oferecer uma educação afroreferenciada, trilíngue (português, libras e inglês) e com um corpo docente diverso. Uma ação que busca atingir a família como um todo, acolhendo-as e transformando-as na trajetória das crianças contempladas, ao trabalhar a identidade em comunidade.

“Somos uma instituição privada e nossa mensalidade acaba atingindo grupos sociais privilegiados. Para alcançarmos crianças pretas e indígenas, moradoras de bairros periféricos e desassistidas de políticas públicas de Educação do Estado, desenvolve-se o Adote um Educande. Mas, para que isso tenha uma amplitude maior, precisamos que a sociedade se mobilize junto conosco”, pontua Maju Passos, ao acrescentar que o “Adote um Educande” é um projeto que tem por finalidade a equidade social.

A Escola

Localizada em Salvador, na Rua Comendador José Alves Ferreira, no bairro do Garcia, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa foi criada em 2017 pela Bárbara Carine – mulher preta cis, escritora afrodiaspórica, militante e doutora em ensino, filosofia e história das ciências -, no processo de adoção de sua filha Iana, uma criança negra. Buscava uma metodologia de ensino antirracista, afroafetiva e que valoriza as culturas africanas e indígenas. Não achou, criou a Maria Felipa.

Atualmente, a Instituição em Salvador tem a empresária Maju Passos como sócia e, em 2025, terá uma nova unidade na cidade do Rio de Janeiro, em que se soma ao quadro de sócias, a atriz Leandra Leal. A Escola é um projeto que transforma sonho em realidade e constroi uma nova página na história do país ao oferecer às nossas crianças um espaço escolar que resgata os conhecimentos ancestrais combatendo o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada.

Ao se comprometer com a valorização da herança africana e indígena na sociedade brasileira, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa se enquadra nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o Ensino das histórias e culturas afro-indígenas. “Diretamente, estamos nos comprometendo a combater um problema social, que é o racismo. A Maria Felipa é uma escola para todes – crianças pretas, indígenas, brancas, entre outras. Abraçamos a diversidade dos corpos”, descreve Passos.

“É importante pontuar que, os corpos pretos e famílias negras tem a humanidade destituída ao vivenciar uma educação eurocêntrica nos espaços escolares. Por isso, oferecemos uma educação emancipadora. Queremos que todas as crianças que estudam aqui cresçam afirmando a coroa que carregam em suas cabeças”, destaca Bárbara Carine.

Servidores

Através da Secretaria Municipal de Gestão (SEMGE), a Maria Felipa também está ddisponibilizando de bolsas de estudos para os filhos e outros dependentes de servidores/empregados públicos, no valor de 15%. A parceria, que ocorre através do Programa de Bolsas Estudantis (PBE), da Prefeitura de Salvador, irá possibilitar aos pais descontos em todas as mensalidades. Para este processo, os servidores já podem consultar o edital de matrículas a ser disponibilizado pela SEMGE (link – https://drive.google.com/file/d/1r-LdvRgyw1d-G-VRZhIFSw7nao0fQLPK/view?usp=drivesdk).

A Escola Afro-brasileira Maria Felipa já está com as matrículas abertas para o ano letivo de 2025, para todas as turmas de ensino infantil e fundamental. Cada turma é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles, Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental), entre outras.

Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve uma série de outras atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa” e alguns outros.

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