Santiago do Chile (Prensa Latina) Uma reportagem do programa Informe Especial do canal de televisão TVN do Chile, pôs o dedo na ferida a respeito de grandes pensões que recebem militares aposentados sem problemas de saúde.
Entre os aposentados das Forças Armadas aparecem condenados por crimes de lesa humanidade que cumprem penas na prisão especial de Punta Peuco, criticada por oferecer mordomias aos reclusos.
O escandaloso assunto motivou comentários dos ministros de Defesa e do Trabalho, José Antonio Gómez e Alejandra Krauss, que anunciaram a criação de um grupo para analisar possíveis mudanças ao sistema de pensões.
Durante as entrevistas e questionamentos, a repórter do Informe Especial pôde constatar que todos os ex-militares, incluindo um filho do falecido ditador Augusto Pinochet, foram declarados saudávaeis.
No entanto, recebem pensões acima dos 900 milhões de pesos (ao redor de 1.500 dólares) mensais com a suposta justificativa de que foram afastados dos corpos militares por doenças graves.
‘Não vamos proteger ninguém’, afirmaram Gómez e Krauss.
O secretário de estado de Defesa enfatizou que todos os antecedentes obtidos serão enviados à Controladoria para que analise se essas pensões podem ou não ser revisadas do ponto de vista da administração.
Disse que também recorrerão ao Conselho de Defesa do Estado para que determine se existe ou não alguma situação irregular do ponto de vista do sistema penal.
Krauss detalhou à imprensa que foi convocada uma mesa de trabalho na qual todos os antecedentes serão revisados da perspectiva administrativa ou legislativa; ‘e esperamos propostas em 45 dias’.
No Informe Especial da TVN foi divulgado que a Caixa de Previsão da Defesa Nacional e a Direção de Previsão de Carabineros (corpo policial) pagam altas somas de dinheiro a ex-uniformizados aposentados que estão saudáveis e inclusive trabalham.
Os chilenos recebem uma média de 240 dólares em aposentadoria, um tema que fez surgir um movimento social chamado NO+AFP, em clara oposição às seguradoras de fundos de aposentadoria no país, todos em mãos privadas.
O Grupo de Familiares de Presos Desaparecidos (AFDD, em espanhol) denunciou ‘que nas Forças Armadas impera a falta de ética, se compra o silêncio dos soldados em troca de pensões por invalidez’.