Pedro Augusto Pinho*
Toda pessoa medianamente informada percebe que o mundo está sendo tomado por um sistema: a banca, denominação que dou ao sistema financeiro internacional.
Também meus caros leitores sabem que as armas da banca, além da dívida, são a desinformação, a fraude e a corrupção. Nada mais natural para um sistema que se notabilizou pela lavagem de dinheiro: das drogas, dos tráficos humanos, das armas, para guerras e todos os ilícitos.
A banca criou e desenvolveu o que chamou paraísos fiscais. De início em ilhas caribenhas e do Canal da Mancha, hoje quatro estados dos Estados Unidos da América (EUA) – Delaware, Nevada, Dakota do Sul e Wyoming – são “paraísos” e mesmo depois dos escândalos dos Panamá Papers e dos Paradise Papers.
Por que? Porque a banca aparelhou Estados Nacionais, corrompeu instituições acadêmicas e jurídicas, congressos, organismos internacionais; ela se sabe poderosa, controladora das mídias televisivas, radiofônicas, impressas e virtuais, com mínimas exceções.
Como corsários, que verdadeiramente o são, a banca trabalha com pilhagem. Em termos empresariais – a banca é hoje proprietária ou coproprietária de todas as empresas multinacionais sediadas no Atlântico Norte – isto significa distribuir o máximo de dividendos, em detrimento de quaisquer investimentos. Uma rima que não é solução, pois levará, a curto prazo, a empresa à extinção.
Analisemos um caso real. O petróleo – óleo e gás – nestes últimos trita anos, quando a banca iniciou sua posse de empresas e governos.
O que distingue uma empresa de petróleo é ser, necessariamente, uma empresa integrada: ela procura o petróleo (atividade de maior risco), o produz, o processa e o distribui (atividade de maior ganho). Assim os riscos e ganhos equilibram o negócio.
O local onde o petróleo se encontra está a centenas, a milhares de metros abaixo da superfície terrestre ou do piso marinho. Denomina-se reservatório este lugar. É um sistema de rochas porosas, que armazenam o óleo e o gás, protegidos por outro tipo de rochas, selantes, que impedem a migração deste petróleo.
Sendo um bem finito, é óbvio que cada descoberta de uma reserva de petróleo reduz a possibilidade de encontrar reservatórios. Assim, a pesquisa de modelos e equipamentos que ajudem a descoberta é uma condição de existência da empresa de petróleo. E todas elas, há 50 anos, tinham notáveis centros de pesquisa e desenvolvimento, verdadeiras universidades de conhecimento geológico e das engenharias de petróleo.
Pausa para verificarmos a importância do petróleo em nossa vida.
As energias primárias são aquelas que movem, no sentido literal e metafórico, a vida humana no planeta. Vejamos como as consumimos.
Uma publicação que está em sua 67ª edição, a BP Statistical Review of World Energy, aponta os seguintes volumes consumidos, por fonte de energia, em 2017:
Petróleo (óleo e gás): 7.777,9 milhões de toneladas de óleo equivalente (toe);
Carvão: 3.731,5 milhões de toe;
Hídrica: 918,6 milhões de toe;
Nuclear: 596,4 milhões de toe; e
Renováveis: 486,8 milhões de toe.
Como se vê, o petróleo responde por mais da metade da energia primária (57,56%) consumida no mundo. Esta não é uma situação que possa ser revertida a médio prazo, pois toda civilização industrial se desenvolveu com este suporte. São máquinas, equipamentos, veículos, produtos que dependem de algum modo do petróleo, inclusive a nossa alimentação.
Por conseguinte, quem detiver a competência para achar e produzir petróleo terá uma condição cada vez mais desejada.
Mas o que está acontecendo com as empresas dominadas pela banca? Reduzindo ou até fechando centros de pesquisa em razão do único interesse na distribuição do maior lucro possível. Os corsários que, após o saque, abandonam a cidade.
Vejamos, na evolução das reservas de petróleo, a comprovação deste esbulho.
A fonte é a mesma BP em sua 67ª edição, junho 2018.
Em 31/12/1997, as reservas mundiais de petróleo eram 1.162,1 bilhões de barris (bbl), as América do Sul e Central contribuiam com modestos 8% (93,4 bilhões bbl), Venezuela (PDVSA) e Brasil (Petrobrás), juntos, tinham 82 bilhões bbl.
Como sabemos, é a partir de 1990 que a banca se torna, crescentemente, a “dona do mundo”. Assim, as empresas privadas e algumas estatais de petróleo passam ao controle da banca.
Em 31/12/2017, ou seja, 20 anos após, as reservas mundiais passaram para 1.696,6 bilhões de bbl. América do Sul e Central aportam 330,1 bilhões bbl, elevam suas participações para 19%. Venezuela e Brasil totalizam 316 bilhões bbl. Não por acaso estatais, ainda livres do controle da banca, com seus centros de pesquisa e desenvolvimento em pleno funcionamento.
Com a privatização ou o controle da banca, a Petrobrás deixará de ter seu centro de pesquisa, as descobertas ficaram raras ou inexistentes e o Brasil, que poderia ser um exportador de derivados, será um importador, como este último governo já fez com o diesel, e com enorme prejuízo para o Brasil.
A Era da Ignorância é a nuvem que tolda a Nação.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado