Equador: Indígenas fecham estradas em busca de recontagem dos votos

O fechamento de estradas, pela União Provincial de Comunas e Cooperativas Cañaris, é o passo inicial da mobilização permanente anunciada em 26 de fevereiro passado, quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) admitiu parcialmente a recontagem de 31 dos mais de 20 mil registros eleitorais com supostas inconsistências, apresentados por líderes indígenas.

Do partido Pachakutik, a reivindicação é a favor de seu candidato presidencial Yaku Perez, que insiste que houve fraude para prejudicar sua passagem ao segundo turno da votação, agendado para 11 de abril.

Como resultado, desde esta manhã houve relatos de bloqueios em algumas estradas, tais como a estrada Cuenca-Girón-Pasaje, na paróquia de Tarqui (província de Azuay).

De acordo com o anúncio da Confederação dos Povos da Nacionalidade Kichwa do Equador (Ecuarunari), a paralisação será progressiva, enquanto há um chamado para uma vigília permanente.

Aqueles que defendem Pérez acreditam que se as urnas forem reabertas e a CNE realizar uma nova contagem, eles poderão provar fraude e um número considerável de votos a favor de seu líder.

Entretanto, após a avaliação pelo órgão eleitoral mais alto das atas com supostas irregularidades apresentadas por Pachakutik, eles só encontraram problemas numéricos e falta de assinaturas em 31, o que representaria cerca de 600 cédulas em apoio ao Pérez, o que não altera os resultados.

Com a campanha eleitoral às portas, diante do segundo turno de votação, Andrés Arauz, da coligação progressiva União pela Esperança, e Guillermo Lasso, do movimento de centro-direita CREO, são os candidatos à Presidência do país que se enfrentarão em 11 de abril.

Enquanto algumas organizações exigem uma recontagem dos votos, a Confederação dos Povos Indígenas e Nacionalidades (CONAIE), que reúne a maior representação de comunidades ancestrais, tem se mantido longe das exigências do Ecuarunari e Pachakutik, seu principal braço político.

O Conaie não esteve na grande marcha que viajou mais de 600 quilômetros de Loja até a capital para apresentar as irregularidades, nem acompanha as ações atuais, o que, para muitos, é um sinal claro da divisão existente entre os líderes políticos e sociais dos povos e nacionalidades.