A “paz” proclamada por Trump com fanfarra, no Egito, há poucos dias, não passa de um teatro diplomático que oculta a continuidade do genocídio em Gaza.
Enquanto “líderes ocidentais” (modo de falar) aplaudem discursos triunfalistas, Israel mantém fechado o cruzamento de Rafah e restringe sistematicamente a entrada de ajuda humanitária.
A justificativa oficial — a demora do Hamas em entregar os corpos de reféns israelenses — transforma cadáveres em moeda de troca e civis famintos em reféns coletivos.
Enquanto isso, os escombros de Gaza ainda escondem milhares de corpos não resgatados, e o território vive sob o espectro da fome, com agências internacionais confirmando a existência de fome generalizada desde agosto.
Sem surpresas para quem tem mais de dois neurônios, longe de encerrar a guerra, o cessar-fogo está sendo violado diariamente por Israel.
Relatos de segunda e terça-feira confirmam ataques aéreos e disparos de drones que mataram civis em Gaza City e Khan Younis.
O pretexto israelense — que civis teriam “cruzado linhas de trégua” — é grotesco diante da realidade de um território arrasado, onde ruas inteiras foram apagadas do mapa e os sobreviventes mal conseguem se orientar entre os escombros.
Enquanto Israel impõe novas restrições, o Hamas, embora enfraquecido, reassume funções de segurança e logística, inclusive na limpeza de vias para a entrada de ajuda.
A ironia é cruel: o grupo acusado de “barbárie” organiza a reconstrução mínima da vida civil, enquanto o Estado israelense, apoiado pelo Ocidente, nega comida, remédios e dignidade aos sobreviventes.
Essa “paz” ignora completamente a vontade do povo palestino, sua soberania e seu direito à autodeterminação. Não há menção a um Estado palestino, ao retorno de refugiados ou à justiça pelas destruições massivas.
Trata-se de uma imposição neocolonial, orquestrada por Washington e Tel Aviv, com o silêncio cúmplice da União Europeia. A verdade é que não há alternativa viável de governança em Gaza enquanto o território permanecer sob bloqueio e ocupação indireta.
Ao mesmo tempo, o Hamas, apesar de suas próprias violações — como as execuções sumárias de supostos colaboradores —, demonstra capacidade de manter alguma ordem em meio ao caos que Israel criou.
A desumanidade de Netanyahu transcende os limites da guerra convencional. Ao usar o sofrimento de civis como alavanca para obter vantagens políticas — inclusive reter ajuda humanitária por disputas sobre corpos —, ele demonstra um desprezo absoluto pela vida humana.
Suas ações não são apenas violações do direito internacional; são atos de sadismo institucionalizados, endossados por governos ocidentais que continuam a fornecer armas, financiamento e cobertura diplomática.
Enquanto Gaza agoniza, líderes europeus e norte-americanos brindam a “estabilidade” com champanhe em salões fechados. É a hipocrisia no seu estado máximo.
O Irã, por meio de seu chanceler Abbas Araghchi, denunciou com precisão a hipocrisia dessa diplomacia: “Não se pode ser presidente da paz enquanto se provoca guerras sem fim e se alinha a criminosos de guerra.”
Essa frase deveria ecoar nas capitais ocidentais, mas é abafada pelo lobby pró-Israel que distorce a inteligência e manipula a política externa dos EUA. Está cada vez mais claro que as chamadas “democracias ocidentais” são apenas mercadorias compradas pelo dinheiro genocida de Israel.
A verdade é que o Ocidente não busca paz em Gaza; busca a submissão total dos palestinos e a consolidação de um regime de apartheid regional. Qualquer “acordo” que não inclua justiça, soberania e reparação é uma capitulação moral — e uma traição aos princípios mais básicos da humanidade.
No meu comentário da segunda-feira na TPA, deixei claro que a “paz” anunciada no Egito é uma farsa macabra. Netanyahu, com a cumplicidade ativa do Ocidente, continua a cometer genocídio sob o manto da diplomacia.
Enquanto crianças morrem de fome entre escombros, enquanto hospitais permanecem em ruínas e corpos apodrecem sob o concreto, líderes ocidentais brindam a “estabilidade” com champanhe em salões fechados.
Essa é a face mais repugnante do imperialismo moderno: a capacidade de celebrar a barbárie como civilização e cobrar civilização das suas vítimas.
Netanyahu não é apenas um criminoso de guerra; é um símbolo da desumanização institucionalizada. E os governos que o apoiam — com armas, dinheiro e silêncio — são cúmplices não de um conflito, mas de um extermínio sistemático.
Unicef/Mohammed Nateel. Mãe palestina com filhos em Gaza
Até que o mundo reconheça isso com clareza moral, não haverá paz em Gaza — apenas o eco do sofrimento ignorado por aqueles que preferem a conveniência à consciência. Netanyahu é como um animal doente que precisa ser sacrificado.
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.