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A decisão dos Estados Unidos de orientar seus cidadãos a deixar o Brasil e voltar ao seu país natal imediatamente mostra que Washington reconhece a crise criada pela COVID-19, avalia especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
As autoridades estadunidenses publicaram nota por meio da Embaixada dos EUA no Brasil com a lista de voos que partem de território brasileiro rumo aos Estados Unidos nos próximos dias e alertou que o número de opções para o retorno devem diminuir.
“Os cidadãos dos EUA que desejam retornar aos Estados Unidos devem fazê-lo o mais rápido possível pois a situação de viagem está mudando muito rapidamente e a disponibilidade de voos está sujeita a alterações. Os horários de voos domésticos no Brasil também estão sendo reduzidos significativamente, e os cidadãos dos EUA que atualmente estão fora dos portões internacionais identificados abaixo também devem monitorar sua capacidade de obter um voo de conexão, consultando o site do aeroporto mais próximo”, disse a Embaixada dos EUA no Brasil.
Para Leonardo Paz, cientista político e professor do Ibmec, a diretriz indica que o Departamento de Estado dos EUA acredita que a situação é “crítica”, embora a repatriação de estrangeiros seja prática comum para a diplomacia. Ainda que Jair Bolsonaro busque ressaltar seus laços com o presidente dos EUA, Donald Trump, a pandemia é uma realidade, diz o analista.
“É a política externa de cada país operando como ela deveria ser, então não deveria guardar nenhuma relação com a relação entre os dois presidentes”, diz Paz à Sputnik Brasil.
Na atual situação de crise global e hospitalar, avalia o professor do Ibmec, estrangeiros podem ter dificuldade de ter acesso ao tratamento médico adequado, daí a necessidade de repatriar cidadãos no exterior. Brasileiros em Portugal, por exemplo, buscam a ajuda das autoridades do Itamaraty para voltar.
A atuação de Bolsonaro, todavia, é vista com desconfiança pelo mundo, diz Paz. O analista destaca os ruídos na comunicação entre o Palácio do Planalto e governadores como fator negativo.
“A postura de Bolsonaro não tem soado muito bem. Ainda que não tenhamos vistos muitas autoridades de outros países dando entrevistas específicas sobre a postura de Bolsonaro, acho que ninguém está muito preocupado com isso neste momento [porque] cada um tem uma bomba relógio em seu colo em relação a quando chegará o pico da infecção, da pandemia”, diz Paz.