Os desafios que enfrentamos com a atual pandemia do COVID-19 são enormes. Estamos sendo obrigados ao isolamento social, o que muitas vezes nos faz conviver com nossos pensamentos – e nem sempre isso é fácil –, abrindo mão de muitas coisas. No entanto, essa atitude é um mal necessário para a preservação da saúde de todos.
A toxicidade das redes sociais também é algo que nos preocupa. Com mais tempo livre, sempre optamos por “dar uma olhada”, e quando percebemos, só notícias ruins, ódio e desesperança. Não raramente, conversando com pessoas, percebemos níveis preocupantes de ansiedade, pânico e depressão.
Mas não é disso que quero tratar neste artigo. Quero trazer notícias boas. E a principal delas diz respeito aos bravos guerreiros e guerreiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que sempre são vítimas de notícias caluniosas e comentários preconceituosos, fruto da desinformação e ignorância.
Enquanto a elite burguesa preocupa-se com seus lucros, ignorando vidas (!!!), movimentando-se em carreatas com carros luxuosos para que seus comércios abram as portas para “salvar a economia”, os verdadeiros humanos estão se movendo no anonimato, fazendo o bem para com a população mais necessitada.
Em meio ao caos e desgraças, foi com alegria que li notícias sobre a distribuição de alimentos dos assentamentos do MST. Um alento para nossa alma. Em um momento delicado, que exige empatia acima de tudo, os trabalhadores e trabalhadoras do MST estão levando seus produtos para comunidades indígenas e até à população urbana. Pensando do próximo, e sabendo que muitos terão sua renda prejudicada por conta da pandemia, ações como essa visão ajudar nas necessidades básicas dessas famílias na aquisição de alimentos.
Distribuídos em 24 estados, são mais de 350 mil famílias que conseguiram a terra, e seguem assentadas na luta pela Reforma Agrária, sem jamais esquecer do princípio básico da vida: a solidariedade.
(Em tempo 1: o dia 17 de abril é o Dia Internacional de Luta pela Terra, data está que lembra o massacre cometido pela Polícia Militar contra trabalhadores e trabalhadores Sem Terra, na cidade de Eldorado do Carajás, no Sul do Pará, causando o assassinato de 21 camponeses)
No Rio Grande do Sul, 12 toneladas de arroz orgânico são distribuídas para famílias em vulnerabilidade por conta do coronavírus e da estiagem local, compondo cestas básicas que contém, além do arroz, diversos outros produtos como feijão, outros grãos, ovos caipira, mel, pães, legumes e verduras variadas. No mesmo estado, indígenas das aldeias Kaingang, Fag Nhin e Guarani, da Lomba do Pinheiro, também receberam cestas doadas pelo MST.
Em Curitiba, o MST doou 14 toneladas de alimentos para ocupações urbanas da região, além de 300 máscaras produzidas por costureiras que moram no local.
No Triângulo Mineiro, cestas agroecológicas de seis assentamentos estão abastecendo famílias com alimentos orgânicos, garantindo a segurança alimentar com produtos de qualidade, com baixo custo.
Em Pernambuco, o MST e o Armazém do Campo entregaram mais de 20 mil marmitas solidárias, principalmente para moradores em situação de rua.
Além do auxílio alimentar, assentamentos como o de Santa Catarina e Paraná, usaram o equipamento de produção de cachaça artesanal para produzir álcool 70%, abastecendo centros de saúde. Em São Paulo, trabalhadores de assentamentos, famílias de Sem Terra, utilizando restos de óleo de fritura – evitando maior poluição ambiental –, produziram mais de 300 litros de sabão, os quais são distribuídos principalmente aos caminhoneiros na região noroeste do estado.
Esses são alguns exemplos recentes do que o MST realmente faz. Mais do que a luta justa pela Reforma Agrária Popular, ações humanas, de solidariedade e que se preocupam com o coletivo – o que dificilmente encontraremos sendo divulgado nas emissoras de TV e grandes jornais, dominados pela burguesia.
Ocupando latifúndios, muitos deles surrupiados do próprio Estado via grilagem, que devastavam o ambiente e serviam como locais para especulação imobiliária – terras improdutivas –, os acampamentos e assentamentos resistem para que seja cumprida a distribuição dessas terras, via Reforma Agrária, conforme o Artigo 184 da Constituição Federal: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social […]”
Que as ações desencadeadas pelo MST despertem em cada um de nós o que temos de melhor, contrapondo as atitudes arbitrárias, irresponsáveis e danosas que o (des)governo de Bolsonaro e sua trupe estão fazendo no Brasil. E que esse isolamento social, mais do que nos proporcionar coisas que há tempos não fazíamos, como curtir nossos filhos – humanos, caninos, felinos –, cozinhar e curtir o momento, ler bons livros, assistir filmes, etc. também resgate em cada um de nós a essência do que é viver, lutar e resistir contra as injustiças. Afinal, como disse certa vez o poeta Pedro Tierra, “se nos calarmos, até as pedras gritarão!”
(Em tempo 2: vários estudos mostram que o atual modelo de produção capitalista do agronegócio, principalmente pelo encolhimento das florestas naturais, expondo a humanidade cada vez mais em contato com patógenos causadores de zoonoses, é o responsável direto pelo surgimento de novas doenças, como o atual COVID-19. Não podemos esquecer também que esse sistema de produção, além de gerar pouco alimento para as pessoas – uma vez que a maior produção visa matéria-prima para rações, por exemplo – é uma ameaça também à saúde pelo uso abusivo de agrotóxicos e doenças relacionadas aos mesmos. Mais motivo a mais para que a agroecologia e agricultura familiar seja defendida!)
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação.
******************************************** Prof. Luiz Fernando Leal Padulla *Biólogo*
Doutor em Etologia Mestre em Ciências Especialista em Bioecologia e Conservação
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