Em ano eleitoral Lula no alçapão neoliberal do monetarismo ortodoxo

César Fonseca

O presidente Lula pode se preparar para ao longo do ano curtir chateação com o presidente do Banco Central Independente(BCI), Roberto Campos Neto, ideologicamente, da direita bolsonarista.

A política monetária, segundo relatório do BCI, continuará ortodoxa e ultraneoliberal para manter a taxa de juro básica nas alturas conforme o linguajar do BCI, para “ancorar expectativas” e acelerar desinflação.

O instrumento “foward guidance” que agradava o Planalto, sinalizando disposição do BCI de continuar reduzindo a Selic em 0,5% nos próximos meses, sem maiores limitações de tempo de duração, foi retirado das considerações dos monetaristas.

A expectativa é outra: tudo é incerteza, interna e externa, de modo que o BCI precisar ficar com freio de mão puxado.

Quem paga o pato é a política desenvolvimentista de Lula que terá menos fôlego financeiro para se desenvolver.

Deve vir por ai portanto contingenciamentos de gastos sociais que são renda disponível para o consumo, responsável por puxar a economia, emprego, renda, arrecadação, investimento etc.

A economia, segundo essa previsão do BC, continuará, como gostam de dizer os economistas, andando de lado, vendendo expectativas frouxas, negativas etc, para combater a inflação.

CONTRADIÇÃO

Enquanto isso, o custo da dívida pública, que exige desembolso anual superior a R$ 750 bilhões, sem nenhuma contrapartida em forma de crescimento econômico, continará elevado.

Como se sabe que juro alto é todo repassado aos preços, é contrasenso dizer que juro mais alto desinflaciona os preços.

Não é o que mostrou o primeiro trimestre do ano com a inflação bombando para cima enquanto os juros brasileiros continuam batendo recordes mundiais, dificultando investimentos e facilitante transferência de patrimônio em nome do capital financeiro que desmobiliza investidores etc.

Ocorre o contrário com a expectativa do fim do “forwar guidance”; quanto mais juros mais inflação.

O argumento do BC é uma farsa que é suportada pelos empresários do setor produtivo, que continuarão ganhando alto, pois reduzirão a produção, a fim de fugir do jurismo elevado, para jogar na especulação, onde ganharão muito mais com esse mesmo jurismo, que empobrece a população e afasta investidores.

A oposição é que gosta dessa expectativa porque prejudica os investimentos do governo e chateia a população, levando-a à predisposição de negar voto aos candidatos do Planalto às eleições municipais.

Ferro na boneca, ou seja, o BCI trabalha para a oposição bolsonarista, quanto mais, com seu monetarismo ortodoxo, dificulta o desenvolvimento econômico sustentável.

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