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sexta-feira, 29 março, 2024

Economista alemã defende “tarifas climáticas” contra EUA

Ainda faltam 160 quilômetros para a conclusão do gasoduto

DW

Especialista diz que Europa deve combater retaliação dos Estados Unidos a gasoduto entre Rússia e Alemanha e argumenta que taxas são fundamentais para evitar entrada no continente de gás extraído por fracking.

A União Europeia (UE) deveria impor “tarifas climáticas” contra os Estados Unidos em resposta às sanções aplicadas pelo país contra empresas que atuam na construção do polêmico gasoduto russo Nord Stream 2, defendeu nesta segunda-feira (23/12) uma economista do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW).

De acordo com a economista Claudia Kemfert, as tarifas climáticas são necessárias para evitar que o gás americano extraído por fracking, um processo nocivo ao meio ambiente, seja exportado para a Alemanha e para a UE. Em entrevista ao jornal alemão Handesblatt, a diretora do departamento de energia, transporte e meio ambiente do DIW afirmou que as sanções dos EUA são “um instrumento agressivo de uma crise da energia fóssil”.

Kemfert disse que tanto os Estados Unidos quanto a Rússia estão usando o gás natural como “arma política” e afirmou que a intenção por trás das sanções seria vender mais gás dos EUA para a Europa pelo menor custo possível.

Na entrevista, a economista confirmou que as críticas contra o gasoduto que vem sendo instalado no fundo do Mar Báltico são justificáveis, pois a obra é “prejudicial ao meio ambiente, economicamente desnecessária e financeiramente inútil”. Ela ressaltou, porém, que as sanções americanas são “inaceitáveis” e que a Europa deve enfrentá-las.

Apesar de as sanções impactarem especialmente a Alemanha, um dos principais idealizadores e beneficiários do projeto, o Coordenador para a Cooperação Transatlântica do país, Peter Beyer, disse nesta segunda-feira em entrevista à emissora de rádio Deutschlandfunk que medidas de retaliação não são a solução para a questão e defendeu a diplomacia para solucionar o impasse.

Beyer afirmou também que as sanções devem atrasar a conclusão do projeto em vários meses, além de encarecer a obra, devido à busca por soluções alternativas . “Espero que a obra do gasoduto seja concluída no segundo semestre de 2020”. A previsão inicial era de entrega no início do próximo ano.

O consórcio que coordena o Nord Stream 2 disse que ainda faltam 160 quilômetros para a conclusão do gasoduto de 1.200 quilômetros de extensão, que liga a cidade russa Ust-Luga a Greifswald, no leste alemão. O projeto é na verdade uma ampliação da capacidade do sistema Nord Stream 1, que funciona desde 2011.

Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ratificou a lei que impõe sanções contra empresas que atuam na construção do gasoduto. Para justificar a punição, o governo americano alegou que a obra aumentará a dependência do gás russo por parte dos europeus, e desta forma fortalece a influência de Moscou no continente.

Críticos da posição dos EUA afirma que a real intenção de Washington com a medida é vender mais gás natural liquefeito americano para os europeus.

Após a imposição das sanções, o grupo suíço Allseas, contratado pela Gazprom para instalar os dutos do Nord Stream 2, anunciou, após a assinatura de Trump, que estava suspendendo suas atividades na obra por tempo indeterminado.

O Nord Stream 2 se tornou ainda mais estratégico para a Alemanha após Berlim estabelecer um abandono gradual da energia nuclear no país e estabelecer metas para a redução de emissões de CO2 e consumo de carvão. O gás natural produz 50% menos dióxido de carbono do que o carvão.

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