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quarta-feira, 17 abril, 2024

Doação para o PT é propina e para a oposição é “pedido de recursos”

Reprodução
Dando continuidade aos vazamentos seletivos publicados a conta-gotas, a Folha de S. Paulopublicou nesta quinta-feira (21), sem grande alarde, mensagens entre o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, investigado na Lava Jato, e lideranças da oposição golpista.
Manchete do site da Folha de S. Paulo nesta quinta (21)

Diferentemente do que costuma publicar quando se trata de lideranças do PT, em que afirma se tratar de pedido de propina, a Folha, na linguagem popular, “botou um pano quente” para a oposição e disse que não se tratava de propina, apenas uma pressão por “recursos” ou “doações eleitorais”.

A manipulação grotesca foi para livrar a cara de lideranças como Agripino Maia (RN), senador e presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), que trocaram mensagem de celular com o empreiteiro Léo Pinheiro, obtidas pela Polícia Federal.

O senador Agripino Maia – que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por conta do pagamento de propina também da OAS na construção da Arena das Dunas, estádio construído em Natal para a Copa de 2014 – teria enviado, dia 31 de julho de 2012, mensagem em que questionava o empreiteiro: “Com quem o Romero, tesoureiro do partido, deve se contactar para transmitir os dados do DEM nacional? Grato por tudo”.

Em 7 de janeiro, a informação divulgada pelo G1, da Globo, mostrava um diálogo de Edinho Silva, atual ministro da Secretaria de Comunicação e na época tesoureiro de campanha do PT, em que ele faz as mesmas perguntas a Léo Pinheiro para acertar doações. Apesar disso, a matéria de Edinho ganhou destaque de capa do site do Globo. Já a informação sobre as mensagens de Agripino e outros da oposição não chegou a ser nem notícia.

A mensagem de Agripino, segundo a Folha, deu resultado positivo, pois um funcionário da OAS também envia uma comunicação a Léo Pinheiro, que afirma: “Dr. Leo. Já falei com o Romero e combinamos dia 10/8 – 250 e 10/9 – 250”.

O tucano Jutahy Júnior também foi “pedir” uma contribuição a Léo Pinheiro para a campanha de 2014. “Caso seja possível gostaria da sua ajuda para Varjã [funcionário da OAS] completasse o combinado. Desde já agradeço a grande ajuda que vcs deram para minha campanha. Do amigo Jutahy”, enviou o deputado cobrando o combinado.

O tucano Jutahy chamou o empreiteiro de “amigo”, assim como Agripino agradeceu por “tudo” e nem a imprensa e a oposição consideraram que tais palavras representavam a relação política promíscua. No entanto, quando foram divulgadas as mensagens de Edinho Silva a manchete do G1 era: “Ministro chama ex-presidente da OAS de ‘grande parceiro’ em mensagem”.

Como tudo que foi combinado foi cumprido pela OAS, o deputado tucano enviou mensagem no dia 3 de novembro daquele ano para agradecer: “Entreguei hoje minha prestação de contas da minha campanha sem débitos. Mais uma vez obrigado pela grande ajuda de vcs. Abrç amigo do Jutahy”.

“A doação de 250 vai entrar?”, escreveu o deputado do DEM, Rodrigo Maia, em 17 de setembro de 2014. Segundo a publicação, além da “doação” as mensagens tratavam sobre encontros e conversas sobre medidas provisórias no Congresso.

Em julho daquele ano, Léo Pinheiro encaminhou mensagem para um destinatário desconhecido danto conta de informações que teriam sido dadas pelo parlamentar. “Saiu MP nova. Trata de programa de desenvolvimento da aviação regional. Prazo de emenda até 8/8.” Léo Pinheiro completa com um comentário: “Vamos preparar emendas”.

O executivo da empreiteira também enviou para o dono da UTC uma mensagem que ele teria recebido do deputado, em julho de 2014. “De: Rodrigo Maia. Você poderia pedir ao Ricardo Pessoa pra me receber? Ele está em São Paulo.” Pessoa respondeu que telefonaria para ele no dia seguinte.

Em 2014, o diretório nacional do partido declarou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 2,3 milhões em doações da OAS, em seis depósitos realizados no mês de agosto daquele ano. Em 2012, houve dois depósitos no valor total de R$ 500 mil declarados pelo partido à Justiça Eleitoral.

Do Portal Vermelho, Dayane Santos com informações de agências

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