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domingo, 8 junho, 2025

Do silêncio ao cinema, uma nova história sobre a guerrilha de Che

La Paz (Prensa Latina) A cineasta boliviana Verónica Córdoba está em destaque às vésperas do início das filmagens do documentário El Paquete, a história de Efraín Quicáñez (Negro José), que resgatou sobreviventes da guerrilha do comandante Ernesto Che Guevara.

Por Jorge Petinaud Martínez

Correspondente-chefe na Bolívia

“Esta é uma ótima notícia. Finalmente conseguimos financiamento para fazer o filme El Paquete, a história de Quicáñez, que resgatou os sobreviventes da guerrilha do Comandante Ernesto Che Guevara e os guiou por caminhos muito difíceis”, disse ele em entrevista exclusiva à Prensa Latina.

Córdoba descreveu como Negro José (nome de guerra de Quicáñez) cruzou as fronteiras do Chile com os cinco sobreviventes da guerrilha e depois os acompanhou pelo mundo até que, finalmente, foram recebidos em Havana pelo líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro.

“É uma história que queríamos contar há muito tempo e estamos muito felizes por podermos filmar neste mês e em julho do ano que vem”, disse ela a esta agência de notícias. “Junto com Quicáñez, vamos refazer essa jornada. Seguiremos esses caminhos, com todas as mudanças que sofreram ao longo do tempo, mas acredito que sairá um documentário muito revelador”, concluiu a diretora, comunicadora e roteirista.

UM PEDAÇO DE BOLO

O veterano lutador revolucionário boliviano Efraín Quicáñez (Negro José) é o autor do livro Pan Comido, que ele discutiu com a Prensa Latina.

Neste volume, Quicáñez, de 94 anos, relata os detalhes da operação de resgate de 1968 dos sobreviventes cubanos e bolivianos do grupo guerrilheiro do Comandante Ernesto Guevara (Che).

Dotado de memória privilegiada, ele lembrou que em uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista Boliviano (PCB), do qual era membro, foi informado de que os sobreviventes estavam em La Paz e precisavam ser retirados do país.

“Isso é moleza”, comentou ele, e foi isso que o motivou a receber essa missão no início de 1968.

Por isso, Quicáñez se tornou o principal guia por Oruro até chegar ao Chile, numa operação conturbada na qual liderou os cubanos Harry Villegas (Pombo), Leonardo Tamayo (Urbano) e Dariel Alarcón (Benigno).

O grupo também incluía os guerrilheiros bolivianos Guido Peredo (Inti), David Adriázola (Darío), Julio Méndez (Ñato), bem como o colega militante do PCB Estanislao Vilca, que deu seu apoio nesta tarefa.

Na entrevista a esta agência de notícias, Negro José relembrou o quão longa e árdua foi a viagem por diversas cidades bolivianas, atravessando rios caudalosos e se escondendo em diversas cavernas.

Eles finalmente conseguiram chegar ao norte do Chile a pé em fevereiro de 1968, onde, graças à mobilização do então senador Salvador Allende e outros líderes de esquerda, puderam se render em segurança às autoridades.

Do Chile, foram expulsos pelo governo de Eduardo Frei e percorreram diversos territórios da Ásia, Oceania e Europa até chegarem a Cuba, onde foram recebidos no Aeroporto Internacional José Martí pelo líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro.

“Fui o primeiro a desembarcar do avião e foi uma grande surpresa ser recebido pessoalmente pelo Comandante em Chefe Fidel Castro, que apertou minha mão e me abraçou, um momento que mais do que preencheu toda a minha vida revolucionária”, disse Quicáñez.

“Por isso sou tão grato pelo reconhecimento e pelo encontro com os funcionários da embaixada cubana e da Prensa Latina, seguidores daquela geração de lutadores que, ao lado de Fidel, alcançaram a vitória em 1º de janeiro de 1959”, concluiu o veterano.

Quicáñez viveu na ilha caribenha por 10 anos, trabalhou em transmissões em língua quíchua para a Rádio Habana Cuba, participou da colheita de açúcar cubana e se juntou a microbrigadas que construíram projetos sociais na década de 1970.

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