Decisão do STF de botar tornozeleira no ex-presidente é recado claro de que a soberania do Brasil é inegociável. Resta saber até quando Trump fará o jogo do bolsonarismo, que custa caro para a direita golpista.
Jair Bolsonaro anda à flor da pele. Nesta semana, ele apareceu na TV aos berros, bateu boca com um jornalista, chorou no Senado e pediu para que rezassem por ele. Ainda teve o famoso “toc toc toc” da Polícia Federal na sua casa e na sede do PL em Brasília para o fazerem usar uma tornozeleira eletrônica.
Os dias estão cada vez mais difíceis para o líder golpista. Além do medo da cadeia vindoura, ele tem visto o bolsonarismo ser espancado no debate público após o anúncio do tarifaço golpista de Donald Trump.
O presidente Lula, por outro lado, passou a semana altivo e tranquilo. Discursou em defesa da soberania nacional, imitou Eduardo Bolsonaro chorando e gravou vídeo oferecendo jabuticaba para o Trump. O bolsonarismo abriu o caminho para Lula desfilar como o líder que vai defender o país da ameaça estrangeira. A narrativa caiu no colo do presidente.
Em pronunciamento em rede nacional, Lula chamou a ofensiva de Trump de “ataque à soberania nacional” e os políticos brasileiros que o apoiam de “traidores da pátria”. Disse que atuará para que as big techs americanas respeitem as leis brasileiras e não aceitará ataques ao Pix.
Lula demonstrou que há duas visões claras sobre o Brasil em jogo e só uma delas é patriota. Esse deve ser um dos principais motes das próximas eleições. E a bandeira do patriotismo, dessa vez, estará com as candidaturas de esquerda.
A extrema direita ainda tem dinheiro, aliados internacionais e disposição para mentir. Mas agora está acuada — e é exatamente nesse momento que o jornalismo precisa apertar.
O Intercept está investigando os esquemas da extrema direita golpista com Trump, seguindo o dinheiro que sustenta o bolsonarismo — aqui e nos EUA — e expondo quem lucra com o tarifaço enquanto a economia do Brasil é atacada.
Você não está só apoiando o jornalismo. Está ajudando a enterrar o projeto autoritário do bolsonarismo.
A vassalagem que a família Bolsonaro demonstrou nos últimos dias foi tanta que constrangeu até mesmo seus aliados. “Não aceito que Trump meta o bedelho”, disse o general Hamilton Mourão. Até os presidentes da Câmara e do Senado se viram obrigados a fechar com o governo na defesa da soberania nacional.
Está ficando difícil sustentar o malabarismo retórico que justifica a bandeira do patriotismo. A imagem que fica é a do Tio Sam querendo taxar o Pix e a 25 de Março enquanto os Bolsonaros balançam o rabinho.
Pouco antes do pronunciamento de Lula, Trump escreveu uma carta aberta endereçada a Bolsonaro. Disse que o “julgamento deveria acabar imediatamente” e admitiu que o tarifaço em cima do Brasil é uma retaliação política à perseguição que Jair estaria sofrendo de um “regime ridículo de censura”.
Ele terminou a ladainha com uma ameaça velada: “continuarei observando de perto”. Imediatamente, Eduardo Bolsonaro, que em breve ganhará o status de foragido da justiça brasileira, apareceu pulando e fazendo festinha pro presidente americano. “Obrigado, senhor presidente”, disse ele. O deputado ainda deixou clara a sua influência na publicação da carta: “ao que parece são as autoridades brasileiras que estão isoladas de Donald Trump, não eu”. É tudo muito ridículo.
Depois do pronunciamento de Lula, Eduardo Bolsonaro apareceu em um novo vídeo sugerindo ser o porta-voz de possíveis ameaças bélicas de Trump. Como se já não bastasse seu irmão Flávio Bolsonaro falar em “bombas atômicas”, Eduardo agora traz a imagem de um “porta-aviões” americano em Brasília. “Está muito mais fácil um porta-aviões chegar no lago Paranoá – se Deus quiser, chegará em breve, né? – do que vocês serem recebidos com o Alckmin nos Estados Unidos”, avisou o deputado, em tom de deboche.
Trata-se de uma ameaça feita com base em uma fala de Alexandre de Moraes, que disse, ironicamente, que o STF só seria influenciado pelos EUA se eles mandassem um porta-aviões até o lago Paranoá. Perceba que Eduardo diz que, “se Deus quiser”, os EUA mandarão tropas para Brasília “em breve”. Ele declaradamente está torcendo para que o Brasil vire alvo de uma ação militar da maior potência bélica do mundo. Este é um tipo de cristão e patriota que só o bolsonarismo pode produzir.
As pesquisas indicam que a maioria da população está enxergando o óbvio. Segundo a Atlas/Intel, 62,2% dos brasileiros acreditam que as medidas de Trump contra o Brasil são infundadas; 61,1% acreditam que o presidente Lula representa melhor o Brasil do que o ex-presidente Bolsonaro; 60,2% avaliam como boa a política externa brasileira. A população não comprou o barulho do bolsonarismo.
Pesquisa Quaest mostrou que a distância entre desaprovação e aprovação da administração petista caiu de 17 pontos para 10 pontos de maio para julho. A recuperação da popularidade do governo aconteceu principalmente entre a classe média do Sudeste com alta escolaridade.
A vassalagem da família Bolsonaro está custando cada vez mais caro para a direita golpista. Por outro lado, o custo econômico e social para o Brasil também será alto. Apesar de analistas indicarem que o PIB do país não deva sofrer tantos abalos com o tarifaço, não há o que comemorar. Há setores da economia que irão penar gravemente.
Os produtores do polo de fruticultura do Vale do São Francisco, que fica entre Pernambuco e Bahia, sinalizam que haverá um colapso nos próximos meses. O tarifaço entrará em vigor no mesmo mês em que se inicia o período de exportação de manga para os EUA. A região movimenta cerca de R$ 2,7 bilhões em exportações por ano, gerando 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos na região.
Milhares de brasileiros pagarão com seus empregos pela aventura golpista do bolsonarismo em conluio com o governo americano. Trump declarou guerra tarifária para o mundo inteiro, mas deixou claro que, no Brasil, o tarifaço será maior por causa de Bolsonaro.
Resta saber o quão longe Trump está disposto a ir para fazer o jogo do bolsonarismo dentro da política interna brasileira. O custo econômico e social para os EUA também pode ser relevante quando a reciprocidade for implantada.
No dia seguinte à carta patética de Trump e ao showzinho emotivo do ex-presidente no Senado, a Polícia Federal fez “toc toc toc” na casa de Bolsonaro e na sede do PL em Brasília. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão determinado pelo STF e obrigaram o líder golpista a usar tornozeleira eletrônica.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, “as falas do norte-americano” e o “desespero” demonstrado por Bolsonaro foram determinantes para que o tribunal tomasse a medida. Há fortes indícios de que ele preparava uma fuga para os EUA sob a benção de Donald Trump.
A medida do STF é um recado claro do estado brasileiro para os golpistas de cá e de lá: a soberania do Brasil é inegociável. Enganou-se quem pensou que o país iria se curvar facilmente, como se fosse uma republiqueta das bananas.
A bola agora está de volta no campo de Trump. Ele irá continuar puxando essa corda, que só prejudica a economia dos dois países, para defender a anistia de Bolsonaro? Trump é imprevisível, mas é difícil acreditar que ele seja primitivo a esse ponto.
O que o americano fará agora que Bolsonaro é o mais novo usuário de tornozeleira eletrônica? Aumentará o tarifaço para 100%? Mandará o porta-aviões desejado por Eduardo? Jogará as bombas atômicas de Flávio? Ou largará os Bolsonaros feridos na estrada? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.