Marcelo Camargo/Agência Brasil
César Fonseca
Que mediocridade, tristeza e covardia a manifestação do Itamarati de que o Brasil se sente consternado diante do genocídio praticado por Israel contra os palestinos, com ajuda decisiva da Inglaterra e dos Estados Unidos, potências anglo-saxãs, empenhadas na destruição cruel de um povo!
É muito pouco, ridícula essa manifestação, excessivamente acanhada, distante da verdadeira altura, de forma altaneira, em que se deveria dar, para colocar o Brasil como nação comprometida com os destinos da humanidade em sua expressão moral máxima.
Consternação = tristeza, pesar profundo, contristação, dor, desolação.
Qualquer criança expressaria isso com muito mais autenticidade e verdade, na sua impossibilidade de reagir energicamente, quando vê pais com crianças nos braços, destroçadas pelas bombas que Israel joga sobre um povo indefeso, destituído de força equivalente para enfrentar o agressor imperialista e cruel.
No caso brasileiro, é o contrário.
O Itamaraty não é criança, nem composto de profissionais destituídos de capacidade crítica.
Quando se mostra consternado, na verdade, revela-se sem pulso, sem energia, sem coragem para mostrar o que realmente ocorre e o que o povo brasileiro gostaria que fosse dito com todas as letras por uma diplomacia realmente altiva, sem medo de ser feliz.
Dizer-se, apenas, consternado representa fuga da realidade, gesto pusilânime, indigno.
O que a diplomacia brasileira deveria estar dizendo é muito mais que se sentir consternada.
Sobretudo, precisa bradar que está revoltada, indignada, que, como representante da consciência nacional, em matéria de política externa, não aceita tamanha barbaridade e desumanidade.
O Itamaraty paga, vergonhosamente, pela caracterização que um dia Israel classificou o Brasil de anão diplomático.
Sentir-se, apenas, consternado evidencia, realmente, o nanismo diplomático tupiniquim.
Melhor ter ficado calado.