Por Marta Denis Valle * Havana (Prensa Latina) Mais de 500 anos depois da polêmica descoberta do chamado Novo Mundo, os descendentes dos povos originários do continente americano mantêm seu sentimento de rebelião em defesa de sua terra e da natureza.
A bordo de três caravelas (a Pinta, a Niña e a Santa María), a tripulação de 90 homens ficou para a história como a primeira a partir do que hoje é chamado de velho continente em busca de uma nova rota de navegação para o Oriente, na direção oposta de como era de costume até então.
Segundo seus cálculos, se de fato a Terra fosse redonda, navegando para o oeste, alcançariam a Índia, Cipango (Japão) e Catai (China), as terras das especiarias, onde se dizia que havia grandes riquezas.
Colombo nunca pensou na existência de um continente desconhecido para o resto do mundo e por isso chamou os habitantes (aruacos) das pequenas ilhas que encontrou, erro nunca corrigido.
Em 17 de abril de 1492, assinou com os Reis Católicos Isabel e Fernando as chamadas Capitulações de Santa Fé nas quais lhe outorgam os cargos de Almirante do Oceano Mar (vitalício e hereditário) e de Vice-rei e Governador de tudo o que ele descobrir.
Colombo tomou posse das terras do outro lado do Oceano Atlântico em nome dos Reis; existem pinturas famosas sobre este fato, feitas de acordo com a imaginação dos autores.
Ao longo do caminho, ele batizou outras ilhas: Santa María de la Concepción, Fernandina, Isabela, Cayo Fermoso e Islas de Arena; Em 27 de outubro avistou Cuba, onde desembarcou no dia seguinte e a chamou de Juana.
No dia 6 de dezembro descobriu o Haiti (Hispaniola) e no dia 25 fundou a Villa Navidad, com os restos do Santa Maria que haviam encalhado.
Em 15 de março de 1493, ele retornou à Espanha, onde foi recebido com grandes honras.
Em outras expedições (1493, 1498 e 1502), ele reconheceu as Pequenas e Grandes Antilhas e parte da costa continental do Caribe.
Durante sua quarta e última viagem descobriu Cabo Gracias a Dios (Nicarágua) e reconheceu à costa centro-americana até o ponto mais estreito do istmo do Panamá (região que ele chamou de Veraguas).
Muito doente, voltou a Sevilha, em 7 de novembro de 1504, e morreu em Valladolid, Espanha, em 20 de maio de 1506, pobre e abandonado, aferrado à ideia de ter encontrado um novo caminho para as terras das especiarias.
As novas terras foram batizadas de América, o nome do famoso navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512), que percorreu (1499-1500) a costa norte do continente, a serviço da Espanha, e sob a bandeira portuguesa (1502 a 1504) da Patagônia até em cima.
SANGRENTA CONQUISTA DA AMÉRICA
Milhões de nativos americanos foram exterminados pela ganância dos conquistadores.
Com diferentes graus de desenvolvimento, as culturas maias, astecas e incas floresceram no continente, enquanto várias comunidades ainda se encontravam em fase de coleta e caça, como as índias Ocidentais, com alguma agricultura.
As Antilhas foram povoadas por pacíficos habitantes dentro do tronco linguístico dos Aruacos, que passavam de ilha em ilha, vindos da região do Orinoco, na atual República Bolivariana da Venezuela.
O tronco étnico Aruaco está localizado nas profundezas do continente americano, na região amazônica, de onde sucessivos grupos – durante um longo período histórico – navegaram seus afluentes até a foz do rio Orinoco e daí para as ilhas do mar atual. Caribe.
A colonização forçada começou nesta região e posteriormente se estendeu para o resto do continente denominado posteriormente americana.
As primeiras vítimas foram os povos nativos de Hispaniola, Cuba, Porto Rico e ilhas menores, submetidos a condições subumanas de exploração e guerras de extermínio; seu desaparecimento como tal ocorreu no primeiro século de colonização; Estima-se que mais de um milhão de indo-antilhanos foram mortos.
A conquista do México (1519-1521) por Hernán Cortes, que deixou Cuba em fevereiro de 1519, e a do Peru (1531-1533), por Francisco Pizarro, colocaram a expedição em contato com inúmeras riquezas que usurparam a qualquer preço.
Muito curto foi o ciclo do ouro nas Antilhas (1494-1525); 4 mil quilos (de 1503 a 1510), 9.153 quilos (de 1511 a 1520) e 4.489 quilos (de 1521 a 1530), como se verificou.
Em geral, de 1503 a 1660, os embarques para a Espanha somaram 181 toneladas de ouro e 16.887 toneladas de prata, indicam registros históricos. Galeões carregados de ouro e prata americanos chocaram a vida econômica e social da Europa no século XVI, animaram guerras por vários séculos e somente quando os lampejos desses metais preciosos se extinguiram é que outras grandes e imperecíveis riquezas surgiram, agora sitiadas por outros inimigos.
RIQUEZAS AMERICANAS
Como a conquista e colonização não foram eventos pacíficos, o conhecimento da flora e da fauna americanas ocorreu praticamente, em primeiro lugar, para amenizar a fome e a sede.
Florestas tropicais virgens e uma rica biodiversidade de flora e fauna ainda estão preservadas; possui grandes reservas minerais e de água; a existência de todos os climas, bem como o abraço dos dois grandes oceanos mundiais.
Seu rio Amazonas é o maior, mais profundo e largo do mundo (mais de seis mil quilômetros de extensão e uma bacia de mais de seis milhões de quilômetros quadrados de área); beneficia Brasil, Peru, Equador, Bolívia e Venezuela.
Possui vários outros rios e cachoeiras; Titicaca (o lago mais alto da terra); também Aconcágua (o pico mais alto da América), cadeias de montanhas em toda a sua geografia; O que dizer das infinitas e lindas praias do Caribe!
A civilização universal tem centenas de produtos americanos (milho, cacau, batata ou batata, tomate, mandioca, amendoim, goiaba, abacaxi, pimenta malagueta e outros), incluindo o famoso tabaco que Colombo descobriu em Cuba.
* O autor é historiador, jornalista e colaborador da Prensa Latina