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quarta-feira, 17 abril, 2024

Desmatamento é principal causador de incêndios na Amazônia, diz especialista

© AP Photo / Andre Penner

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A cidade de São Paulo observou um fenômeno estranho na tarde desta segunda-feira (19). Era por volta de 15 horas quando a tarde se transformava em noite e as ruas ficaram completamente escuras.

No início, muitos pensaram que a escuridão fosse causada pelo mau tempo, mas o principal fator para o céu ter ficado escuro foi na verdade a fumaça de incêndios que se espalham pelas florestas do Norte do Brasil, se estendendo pelos Estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e que foram transportadas pelo vento em direção a região Sudeste.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) admitiu que um corredor de fumaça avançou em direção ao centro-sul do país e chegou a São Paulo.

De acordo com Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o fenômeno dos incêndios florestais pode ser tanto natural, causado pelas secas, quanto provocado pela ação do homem.

Um levantamento feito pelo IPAM, com base em dados do INPE, revelaram que o Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos. Desde o início do ano até o dia 18 de agosto, foram registrados 71.497 focos de incêndio, número 82% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Ane Alencar atribui o crescimento do número de incêndio ao aumento do desmatamento na região da Amazônia, e não à fenômenos naturais.

“O que nós estamos vivenciando hoje na Amazônia é um período de fogo, uma estação de fogo que está super relacionada com o desmatamento”, disse em entrevista à Sputnik Brasil.

Segundo a pesquisadora, se as queimadas continuarem se espalhando neste ritmo é possível que elas cheguem ao seu pico no próximo mês.

“Se a gente seguir a tendência de queima dos outros anos, a tendência é que esse número aumente e chegue no seu pico mais ou menos no início da primeira semana de setembro”, afirmou.

O professor Foster Brown, da Universidade Federal do Acre (UFAC), disse que o tempo de recuperação da área desmatada pode levar décadas para se recuperar.

“A primeira coisa a se fazer é não deixar queimar novamente, temos indicações em torno da biomassa das florestas que podem levar décadas para recuperar a perda de um incêndio. Se tiver repetição dos mesmos incêndios na área impactada pode levar a uma degradação que é basicamente permanente da floresta”, disse à Sputnik Brasil.

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), um dos sistemas mais usados para monitorar o desmatamento da Amazônia, relatou que nos últimos 12 meses houve um aumento de 15% da área desmatada em relação ao período anterior.

Os dados foram divulgados na semana passada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que é responsável pelo SAD, e avaliou o desmatamento no período entre agosto de 2018 e julho de 2019.

Sputnik

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