E quem puxou o gatilho? Não foi bandido de esquina, não. Foram homens fardados de civismo, com a moral pendurada no coldre e a hipocrisia carregada na bala. Gente de culto religioso no domingo e indignação nas redes sociais, que grita que “bandido bom é bandido morto”, mas esquece de avisar que no caso o bandido veste farda e assina ponto.
A impunidade prevaleceu. Torturadores morreram sem julgamento, cúmplices seguiram nas cúpulas do poder, e o Estado jamais pediu perdão de verdade. O país fingiu reconciliar-se com sua história, mas preferiu esquecer — e o esquecimento, caboco, é a pior forma de conivência.