Em mensagem publicada na rede social
A memória coletiva impede que as pessoas repitam suas histórias e permite que caminhem em direção ao futuro. Ao preservá-lo, o mundo se torna um lugar melhor, disse ele.
A instalação está localizada no prédio do Cassino dos Oficiais, onde funcionava o centro clandestino de detenção, tortura e extermínio da Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), um dos mais de 700 que existiam na Argentina durante o regime.
Devido ao seu estatuto de prova judicial em casos de crimes contra a humanidade, o local não foi alterado durante a sua recuperação, mas permanece como foi descrito nos depoimentos dos sobreviventes no chamado Julgamento das Juntas (1985) contra os principais líderes militares desse período e nos processos retomados a partir de 2004.
Ali foram detidos quase cinco mil ativistas políticos e sociais, de organizações revolucionárias – armadas ou não -, trabalhadores, estudantes, profissionais liberais, artistas e religiosos, a maioria dos quais atirados vivos ao mar.
Além disso, centenas de crianças nasceram em cativeiro e foram separadas das suas mães e ilegalmente apropriadas ou roubadas.
Em sua mensagem, Fernández agradeceu aos membros do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO e reconheceu o trabalho realizado pela embaixadora argentina naquela organização, Marcela Losardo.
O pior do terrorismo de Estado foi expresso na ESMA. A Argentina daqueles anos sofreu a perseguição de todos aqueles que se opunham à ditadura. Alguns foram perseguidos, outros detidos e quase todos torturados. Outros acabaram no exílio, muitos foram assassinados e desapareceram, disse o chefe de Estado.
Além disso, lembrou que homens e mulheres foram levados para aquele local e depois lançados de avião ao Rio da Prata, como parte dos chamados voos da morte.
Até hoje ainda procuramos os corpos de inúmeras vítimas, disse ele.
Por outro lado, destacou a história das Avós e Mães da Plaza de Mayo, que procuravam desesperadamente pelos seus filhos e netos nascidos no cativeiro.
Foi uma luta exemplar, travada por mulheres que nunca desistiram e enfrentaram os ditadores mais ferozes de que a Argentina tem memória. Quando celebramos 40 anos de democracia, não consigo expressar a tranquilidade que me dá o facto de a ESMA ser um local de memória da UNESCO para que ninguém possa negar ou esquecer o horror que ali se viveu, observou.
As Mães e Avós nos ensinaram que não devemos promover a vingança nem o esquecimento, mas sim buscar a verdade e pedir justiça. É isso que fazemos, garantiu.