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sexta-feira, 29 março, 2024

Cuba prova envolvimento dos EUA em ações de desestabilização contra o povo cubano

Durante uma entrevista coletiva, convocada para a terça-feira, 13 de julho, o chanceler cubano apresentou provas desta afirmação e advertiu a nação do Norte que será responsável pelas consequências que ocorrerem se persistir na política de estrangulamento contra nosso país, e que sua conduta irresponsável podem ter consequências graves que prejudiquem os interesses de ambos os países.

Rodríguez Parrilla denunciou que o polêmico rótulo #SOSCuba não surgiu na Ilha maior das Antilhas, mas foi lançado desde junho passado, em Nova York, para tentar impedir o pronunciamento da Assembleia Geral das Nações Unidas contra o bloqueio. Especificou que essa operação utiliza recursos milionários, laboratórios e plataformas tecnológicas com recursos do governo dos EUA.

Salientou que, em seu início, o âmbito deste rótulo era nulo, «a campanha foi desarticulada quando foi esmagada por um clamor internacional, devido à prevalência nas redes da vontade mundial de proclamar o levantamento do bloqueio».

Explicou que a convocação de protesto nas Nações Unidas e o lançamento da campanha foram realizados pela empresa norte-americana ProActive Miami Incorporations, que por coincidência recebeu o certificado de validade para receber recursos estaduais do Departamento de Estado da Flórida, no dia 15 de Junho de 2021.

Por isso, o chefe da diplomacia cubana acusou o Governo Republicano da Flórida de financiar essas ações desestabilizadoras e entregou aos jornalistas presentes uma cópia dessa certificação.

Explicou que esta empresa instrumental trabalha com a articulação de um grupo de empresas, com alta tecnologia que movimenta, financia e sustenta tecnologicamente um grupo limitado mas influente na Flórida e no mundo virtual, além de um punhado de mídias que controlam o fluxo de dados, sempre com nuances manipulativas.

Rodríguez Parrilla explicou que o fazem por meio de muitas ilegalidades, violando os códigos das plataformas norte-americanas que os hospedam e administrando a narrativa para enganar os ingênuos que não têm a capacidade de validar essa informação. «Eles se aproveitam da ingenuidade e da juventude, da empatia emocional com que as pessoas acessam as redes», ressaltou.

Afirmou que esse pequeno grupo de mídia, que se articulou de forma significativa durante a campanha do ex-presidente Donald Trump na Flórida, recebe recursos federais e estaduais e trata do discurso das redes digitais contra nosso país, incentiva a violência, a desordem e a subversão.

Destacou que entre os principais operadores desta campanha está ADN Cuba, um projeto criado pelo Governo dos Estados Unidos e financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) para a guerra de comunicação contra Cuba.

«A própria empresa Proactive Miami Incorporation tem Yaima Pardo, chefa de informação da DNA Cuba, entre seus sócios, e Norge Rodríguez, que é um operador político ligada a esse meio», disse, acrescentando que nenhum dos dois é representante do nosso povo, mas participaram de ações violentas de cerco contra nossa embaixada nas Nações Unidas e em Washington, e também estiveram entre os agitadores contra o time de beisebol durante o pré-olímpico na Flórida.

«A ligação entre os fundos e as operações do governo dos Estados Unidos e essas operadoras não pode ser escondida», disse nosso chanceler.

TÁTICAS PARA VIRALIZAR A ETIQUETA #SOSCUBA

De acordo com a informação de Rodríguez Parrilla, a partir de 5 de junho esse laboratório de mídia lançou no Twitter a campanha de Intervenção Humanitária em Cuba e o Canal Humanitário Cuba.

«Deve-se advertir aos que a estão pedindo que não só viola as leis, mas que pedir uma intervenção humanitária em Cuba é pedir uma intervenção militar dos Estados Unidos», esclareceu o ministro.

Ressaltou que quando essas marcas perderam espaço, #SOSCuba foi retomada no dia 9 de junho por ser um rótulo amplamente utilizado durante a pandemia da Covid-19 para fins humanitários e solidários, mas agora é usado para manipular pessoas, usando-a como uma bandeira da Cruz Vermelha, quando na verdade é um rótulo de guerra contra Cuba.

Bruno Rodriguez denunciou que essa etiqueta foi transferida de uma dezena de contas, mas com grande capacidade tecnológica, automatizada, inorgânica, robótica, com instrumentos de informatização. O chanceler mostrou à imprensa os principais relatos que movimentaram aquela etiqueta, acrescentada por #SOSMatanzas e #CubaDuele. E também denunciou que os operadores usavam trolling farms, que são usuários que coordenam uma série de contas falsas e que disseminam mensagens automaticamente no Twitter, o que implica que esse grande número de contas falsas envia tweets por meio de bots a uma velocidade que só pode ocorrer em uma forma automatizada.

«Alguns desses robôs usados ​​nesta campanha são de última geração, são caros e indetectáveis, a menos que investigados conscientemente pelos sistemas de auditoria das plataformas que regulam o ambiente nas redes», esclareceu.

«É uma operação política. É uma agressão do Governo dos Estados Unidos, que hoje não precisa de mísseis nem de fuzileiros navais e que tem uma enorme capacidade de guerra não convencional», frisou.

#SOSCUBA VIOLA AS REGRAS DO TWITTER

Rodríguez Parrilla mostrou uma medição realizada nos dias 8 e 9 de julho que revelou que os usuários mais prolíficos dos selos #CanalHumanitarioCuba, #SOSCuba e #SOSMatanzas operam os três selos e também são coordenados pelos diretores da ProActive Miami.

Explicou que no dia 9 de julho implantaram ações coordenadas para dar volume inautêntico ao #SOSCuba, e conseguiram aumentar o volume do rótulo #SOSCuba 16 vezes, o que não ocorre nas redes digitais, a menos que haja operações deliberadas e projetadas com alta tecnologia.

Ressaltou que o fato de esse rótulo ter sido posicionado nas redes é resultado de uma ação inorgânica dos Estados Unidos, com o apoio de trolls, mídias digitais, ativistas e sistemas automatizados para transformar uma mensagem em uma tendência global, o que constitui uma violação das regras da empresa Twitter.

«Essa plataforma sanciona, tira do ar, interrompe relatos legítimos de usuários cubanos ao fazer uma interpretação caprichosa dessa resolução; no entanto, quando os tweets foram manipulados com #SOSCuba, isso não se manifestou», disse o chanceler da Ilha.

Especificou que uma única conta, localizada na Espanha, administrada a partir dos Estados Unidos, postou mais de mil tweets em 10 e 11 de julho, a uma taxa de cinco retuítes por segundo. Acrescentou que, além disso, organizou o assédio a influenciadores, tática denunciada por usuários cubanos no Twitter.

Denunciou que, ao mesmo tempo, dezenas de usuários ativados de forma normal o fizeram sem saber que estavam sendo manipulados por empresas norte-americanas que participavam da guerra de informação contra Cuba.

Explicou que essas dezenas usuários foram convocados a mudar a geolocalização de onde atuavam em seus perfis de conta, para indicar que eram cubanos, para enganar a comunidade da Internet, para criar a fantasia de que Cuba vivia um surto social quando em realidade, isso só aconteceu a partir dos caríssimos servidores de empresas dos Estados Unidos que protegem, para fins políticos, essas operações digitais.

Denunciou que a empresa Twitter nunca ativou, apesar das denúncias que recebeu, seus sistemas anti-spam, nem bloqueou nenhuma dessas contas até o momento.

Afirmou categoricamente que os usuários que participaram desta campanha estavam localizados nos Estados Unidos e ligou para o Twitter para negar ou confirmar isso. Solicitou àquela plataforma que atuasse para evitar isso, em conformidade com a sua própria política.

«As ferramentas de geolocalização do Twitter foram manipuladas para indicar falsamente que 60% dos usuários estavam em Cuba», detalhou na denúncia o chanceler da Ilha maior das Antilhas.

«A tolerância do Governo dos Estados Unidos e de suas empresas na campanha contra Cuba é inadmissível e os exorto a tomar medidas para impedi-la», afirmou.

Também denunciou que houve manipulação das imagens, não só nas redes sociais, mas também em algumas emissoras de televisão que usavam imagens do Egito; da Argentina, durante a chegada de seu time de futebol; ou do aeroporto de Caracas, como se estivessem acontecendo em Cuba no dia 11 de julho, dando lugar às chamadas fake news (notícias falsas).

EM CUBA NÃO HOUVE SURTO SOCIAL

Rodríguez Parrilla afirmou que em Cuba não houve surto social, que no domingo, 11 de julho, ocorreram distúrbios, distúrbios em escala muito limitada, aproveitando as condições atuais, mas que esses distúrbios foram gerados pelo desenvolvimento de uma operação político-comunicacional mesmo ao preço da violência.

«Esses fatos são repreensíveis e estão sendo rejeitados por todo o nosso povo», disse.

Explicou que a desordem ocorreu com a presença de elementos criminosos e que as pessoas foram induzidas a acreditar que existem pseudo-movimentos, a fim de formar uma oposição política.

Destacou que os acontecimentos do domingo passado resultaram da combinação de vários elementos, entre os quais: o efeito da pandemia COVID-19 na vida dos cubanos, as carências causadas pelas dificuldades econômicas e os problemas econômicos que nossa nação enfrenta devido ao endurecimento do bloqueio, que atinge nosso sistema de saúde, a energia elétrica, os alimentos e remédios, na escassez e nos altos preços.

«Os Estados Unidos destinam centenas de milhões de dólares para interferir em Cuba, ao preço de gerar desordem e instabilidade para fraturar a ordem social e a tranquilidade dos cidadãos. Utiliza ferramentas sofisticadas para tentar tirar proveito das duras condições sociais que a pandemia gerou no planeta. É um desenho com fins políticos que o imperialismo trabalha há muito tempo», reiterou o membro do Bureau Político do Partido.

Lembrou que durante a apresentação da resolução contra o bloqueio na ONU, no dia 23 de junho, foi lançado um alerta acerca do uso de mentiras e manipulação por parte dos Estados Unidos. Nesse discurso foi destacado que alguns sonham em causar o caos social, a violência e a morte em Cuba, já praticada em vários países. Acrescentou que, desde então, foram identificados apelos à violência e ao assassinato do presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.

Rodríguez Parrilla explicou que hoje se debate o direito soberano de um povo de exercer a autodeterminação sem ingerências estrangeiras, a alternativa entre garantir a paz e a tranquilidade, a estabilidade e a segurança contra o poder usurpador, que tenta determinar nossos destinos.

«A paz internacional de todos os estados do planeta está ameaçada e a ordem constitucional de nosso país quer ser alterada», denunciou.

HIPOCRISIA DOS EUA

Durante seu discurso, Bruno Rodriguez explicou que desde segunda-feira, porta-vozes americanos se expressaram em forma deturpada contra nosso país, inclusive o presidente dessa nação, Joseph Biden, que deveria ouvir seus próprios cidadãos, que se manifestam contra o bloqueio e contra a imposição de não poder viajar a Cuba.

«É preciso muito cinismo para pedir ao Estado cubano que ouça o seu povo, quando as políticas contra a Ilha se intensificam e a economia cubana é estrangulada com políticas unilaterais», afirmou.

Destacou que se Biden tivesse algum interesse e quisesse, de alguma forma, amenizar as dificuldades sofridas pelo povo cubano, poderia tomar decisões executivas e com sua mera assinatura modificar, sem voto legislativo, aspectos fundamentais do bloqueio. Ele poderia instar o Congresso a suspender o bloqueio. Pode suspender a aplicação do Título III da Lei Helms-Burton. Poderia intervir em relação às dificuldades impostas a Cuba na aquisição de suprimentos médicos para combater a Covid-19.

«No entanto, o que aconteceu é um aumento da agressão política e midiática, um aumento das operações de comunicação de desinformação financiadas por fundos federais e por fundos ocultos. A conduta dos Estados Unidos viola o direito internacional e constitui uma ameaça ao gozo dos direitos humanos», observou.

APLICAREMOS NOSSAS LEIS E A LEI INTERNACIONAL

O chanceler cubano reconheceu que nosso povo, no exercício de sua soberania, junto com o Governo, fará uso da aplicação de nossas leis e do direito internacional.

«Claro, há dificuldades em nosso país», frisou, «e os Estados Unidos aproveitaram de maneira oportunista a pandemia para a agressão».

«Nossa Revolução, dentro do direito internacional e da Constituição, exercerá seu direito de defender a ordem jurídica que foi dada em um referendo livre», disse.

Reiterou que já passamos por momentos piores e que saberemos enfrentar o atual. «Estamos empenhados em resolver os problemas da nossa economia, temos apoio internacional», afirmou.

Além disso, acrescentou que estamos trabalhando para enfrentar as dificuldades: a pandemia da Covid-19 e o bloqueio, que sufocam e matam.

«Continuaremos trabalhando em nossa resistência vitoriosa. Defenderemos nosso direito à autodeterminação livre e soberana; e não descansaremos enquanto não sairmos da situação de pandemia e dos impactos agravados em nossa economia», insistiu.

Também destacou que defenderemos a todo o custo nosso direito à paz, nosso consenso nacional. Defenderemos a Revolução e nosso povo. Com fidelidade absoluta à memória de Fidel, defenderemos a verdade, nosso povo e a Revolução.

«Temos um consenso esmagador de nosso povo», disse.

TROCA COM A IMPRENSA

Na troca do ministro das Relações Exteriores com a imprensa, o primeiro questionamento foi direcionado para saber se há um pacote de soluções para a insatisfação das pessoas. Também foi questionado se o corte de dados é uma medida defensiva.

Rodríguez Parrilla explicou que as circunstâncias econômicas são complexas e o governo cubano tem trabalhado muito apesar disso. O país distribuiu o peso das dificuldades que vive de forma equilibrada.

Acrescentou que Cuba nunca desistirá de se defender de qualquer agressão que ocorra, mas responderemos de maneira adequada, com base no consenso.

Atuaremos sempre de acordo com nossas leis, a verdade e em consulta com nosso povo, e nos próximos dias intensificaremos o intercâmbio com os cidadãos.

Outra pergunta da imprensa foi se o governo cubano se comunicou com o governo Biden sobre o ocorrido na Ilha, mencionando-se o movimento nas redes sociais de uma campanha pela vinda de barcos a Cuba.

Rodríguez Parrilla comentou que há comunicação. Ambas as embaixadas trabalham em condições muito difíceis e há comunicação na esfera diplomática.

Sobre a segunda pergunta, ele revelou: «Espero que o governo dos Estados Unidos respeite o direito internacional e não repita as trágicas consequências do passado».

Acrescentou que Cuba é um Estado soberano e que nosso povo atuará com determinação. «Esperamos que os Estados Unidos tomem as medidas necessárias. Seria surpreendente se os Estados Unidos, impunemente, incentivassem a emigração irregular e discriminatória», afirmou.

Questionado sobre se o governo cubano contempla represálias diplomáticas contra o governo dos Estados Unidos, o membro do Bureau Político comentou que Cuba tem uma conduta totalmente conforme ao Direito Internacional.

«Temos o interesse de relações de respeito baseadas em padrões internacionais e no interesse nacional de ambos os países. Portanto, há sempre uma atitude de respeito e uma disposição construtiva para o diálogo do lado cubano», afirmou.

Se existe alguma preocupação honesta do atual governo dos Estados Unidos em relação a Cuba, então existem razões muito poderosas para mudar essa política que fere os cubanos dentro e fora do país e que prejudica os interesses dos norte-americanos. Questionado sobre se os direitos dos cubanos estão sendo violados, de acordo com as imagens que circulam sobre o controle dos motins, o chanceler respondeu que já viu cenas piores de violência policial na Europa, em condições realmente diferentes.

Lembrou os ataques à imprensa nos Estados Unidos durante as manifestações em Washington.

É verdade que se registraram atos violentos, mas não é em Cuba onde se fez uma repressão como a que tem ocorrido em alguns países europeus, afirmou. E destacou, mais uma vez, que «aplicaremos nossas leis com o que elas exigem».

Diante de uma questão relacionada às diferenças entre as administrações republicana e democrata, o chanceler respondeu que há uma grande diferença na plataforma que levou Biden à vitória eleitoral. «Há um efeito inercial da política”, esclareceu.

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