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quinta-feira, 3 outubro, 2024

Cuba a 63 anos de sua primeira batalha contra a desinformação

Por Claudia González Corrales

Havana, 22 jan (Prensa Latina) Os quase 400 jornalistas que responderam ao convite do líder Fidel Castro para conhecer a realidade de Cuba, em um dia como hoje, mas em 1959, foram testemunhas do que é considerado a primeira batalha contra a desinformação.

Reunida no hotel Habana Riviera, a imprensa nacional e internacional desempenhou um papel de liderança na chamada Operação Verdade, realizada para enfrentar uma campanha de calúnia em torno dos julgamentos de torturadores e assassinos ligados à ditadura de Fulgencio Batista (1952-59).

De acordo com arquivos históricos, alguns dias antes, um grupo de congressistas estadunidenses havia declarado sua oposição à acusação e punição desses criminosos de guerra, e havia solicitado ao Departamento de Estado que interviesse no assunto.

Este contexto foi completado pelo exercício da mídia temperado com a falsificação de fatos e pedidos de medidas contra a maior ilha antilhana.

O aparelho de propaganda norte-americano, através de suas agências de notícias AP e UPI, revistas e jornais, montou uma campanha internacional acusando Fidel Castro e outros líderes de transformar o país em um “banho de sangue”, segundo um artigo do jornalista cubano Juan Marrero.

Em resposta, o líder histórico convocou jornalistas dos Estados Unidos, América Latina e Europa para se encontrarem em Havana e verem, com seus próprios olhos, o dilúvio de mentiras que a grande mídia publicava diariamente, anota o texto Janeiro de 1959: Fidel e Operação Verdade. A convite do Governo Revolucionário, participaram também os representantes estadunidenses Adam Clayton Powell e Charles O. Porter, e o senador porto-riquenho Juan Fronfrías, que presidiu a Associação de Jornalistas Porto Riquenhos.

Ao chegarem à capital, os 380 repórteres estrangeiros receberam uma pasta com fotos de alguns dos assassinatos e torturas da ditadura, bem como edições especiais da revista Bohemia com material que a censura não permitiu que fosse publicado durante os sete anos do regime de Batista.

Da mesma forma, tanto Fidel Castro como Ernesto Che Guevara, então presidente do Tribunal de Recursos para os julgamentos revolucionários, deram entrevistas exclusivas aos participantes da Operação.

No dia 21, um milhão de cubanos, reunidos em frente ao então Palácio Presidencial (hoje Museu da Revolução) na capital, ratificaram a vontade do povo de continuar com o processo que havia triunfado no dia 1º daquele mês, após a guerra de libertação nacional.

Enquanto isso, no dia seguinte, foram dadas informações aos hóspedes do hotel na capital, e Fidel Castro, com argumentos sólidos, respondeu aos presentes, diz Marrero, ganhador do Prêmio Nacional de Jornalismo José Martí.

Como parte da Operação Verdade, descrita como a “maior coletiva de imprensa do mundo”, o líder cubano denunciou o monopólio das agências noticiosas e argumentou a necessidade de a América Latina ter uma voz própria.

“A imprensa na América Latina deve estar de posse de meios que lhes permitam conhecer a verdade e não ser vítima de mentiras”, frisou ele.

Como resultado, cinco meses depois, em 16 de junho, com a colaboração de destacados profissionais cubanos e estrangeiros, nasceu a agência de notícias latino-americana Prensa Latina, a primeira mídia alternativa na região.

Para Marrero, a Operação Verdade foi o início do confronto com o que conhecemos hoje como a guerra midiática, que, de acordo com autoridades e especialistas, continua a implantar seu arsenal em Cuba.

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