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segunda-feira, 18 março, 2024

CRÔNICA DE UM ASSASSINATO PELO ÓDIO

Pedro Augusto Pinho*
A história do Brasil contempla episódios muito tristes. Não é apanágio de nossa nação. As europeias, em especial as colonizadoras, como dizia poesia que ouvi no curso primário “tem na ambição voraz a nódoa que as acompanha”.
Quantas guerras movidas pela cobiça, pela vaidade ou pelo rancor? Quantas famílias destroçadas pela imoderada ambição?
Estas ideias vem-me ao saber do falecimento da Primeira Dama Marisa Letícia Lula da Silva.
A jornalista, verdadeira profissional, Tereza Cruvinel, assim se manifestou: “A morte de dona Marisa Letícia é a síntese dolorosa da força do ódio inoculado nas veias do Brasil nos últimos anos contra o PT, contra ela, Lula e a família, contra tudo o que representaram desde 2003”.
Por que este ódio? Esta pergunta sem resposta pode e está levando um País à ruína.
Seria simplista, embora verdadeiro, imputar ao ódio de classe. Fomos a Nação onde a escravidão racial por mais tempo perdurou. Também fomos a Nação que se constituiu por acordo das elites coloniais estrangeiras. Todas as manifestações, que chamamos nativistas, foram cruelmente esmagadas e são colocadas, ainda hoje, nos livros de história como rebeldias intoleráveis e sempre derrotadas. Realmente, sempre foram derrotadas as tentativas de se construir uma nação soberana. Getúlio Vargas levado ao suicídio, João Goulart ao exílio, Dona Marisa, esposa do Presidente Lula, à morte. E foram incontáveis os golpes que atingiram até um General, que chegou ao poder por movimento planejado do exterior, trato de Ernesto Geisel que quis construir um Brasil potência econômica, embora descuidado dos aspectos sociais.
Como se armou a morte de Dona Marisa Letícia. O Judiciário teve nisto uma participação destacada, com buscas, apreensões, intimidações e toda sorte de inquietações impedindo o tranquilo repouso noturno. Nisto a força policial e o Ministério Público fizeram coro, acolitaram o juiz que fez da prisão de Lula seu objetivo profissional.
A imprensa, ah! esta imprensa que esteve desde Vargas a serviço de interesses alienígenas, sempre vivendo de favores públicos, lembrar o papel imprensa importado, que desde 1985 é verdadeiramente monopolista e defensora de capitais estrangeiros. A imprensa levava à porta da casa de Dona Marisa Letícia o ódio. Alexandre Herculano, notável romancista e historiador, escreve no Prólogo da História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, como se instala esta emoção, de forma irracional e autoflagelante:  “Há aí o vulgo que faz o que sempre fez; que saúda o vencedor, sem perguntar donde veio, nem para onde vai; que vocifera injúrias junto ao patíbulo do que morre mártir por ele, ou vitoreia a tirania, quando passa cercada de pompas que o deslumbram”.
Escusado dizer de uma classe média criada nas esmolas morais e materiais dos poderosos, desde a Colônia dos agregados até os cheios de benesses do Judiciário de hoje.
Nada foi provado, só há as “convicções” de quem procura piolho em cobra. O Ministro Mantega preso e acusado na Operação Zelotes, que deu um giro de 180 graus quando chegou aos donos da imprensa, que Paulo Henrique Amorim chama de Partido Golpista, foi inocentado sob sepulcral silêncio desta mesma imprensa que por dias e dias manteva a acusação.
Dona Marisa Letícia via, ouvia e sentia tudo isso. E ainda mais, mãe que conhece seus filhos, via o terror, sem peias, sem fatos, sem moral, aproximar-se deles. Quem há de resistir, sendo pessoa sensível a acolhedora.
Há também um personagem culpado de tudo que passa a família Lula e os brasileiros. O menino mimado que inconformado com a repulsa da maioria do povo brasileiro e de seu próprio Estado, virou marca de fantasia para destruir o Brasil. Para isso, este judiciário que só mirava Lula, Dona Marisa e seus filhos, escondeu nos desvãos processuais meia tonelada de drogas. Crimes de gravidades diversas por ele cometidos, inclusive aquele mais falado e propagado contra o Partido de Dona Marisa Letícia, que os tucanos bem conhecem: a corrupção.
O Papa Francisco lembra aos que ousam se alegrar: “quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo”.
*Pedro Augusto Pinho, avô e entristecido administrador aposentado
 

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