Por Isabel Soto Mayedo
Guatemala, 15 fev (Prensa Latina) A suposta surpresa pelo crime cometido contra dois meninos da comunidade rural Ajuixes, no departamento central de San Juan Sacatepéquez, desperta hoje a indignação dos que clamam pelo fim da criminalidade na Guatemala.
Vozes cidadãs e consultores concordam que estes fatos não são novidades neste país e que a investigação em vias de freá-los há muito tempo deveria ser prioridade para as autoridades.
Carlos Daniel e Oscar Armando, de 10 e 11 anos de idade, respectivamente, foram sequestrados quando caminhavam rumo à escola onde estudavam e nunca mais se soube deles até que no domingo apareceram seus cadáveres a duas horas de distância de suas casas em dois sacos, com os pés e mãos atados.
Especialistas do Instituto Nacional de Ciências Forenses corroboraram que ambos menores de idade haviam sido degolados e apesar do clamor popular por justiça, seus assassinos ainda gozam de impunidade.
Moradores do local coincidiram em que previamente à descoberta dos cadáveres, os familiares das vítimas receberam vários telefonemas exigindo um milhão de quetzales, isto é, aproximadamente 130 mil dólares.
Para Iván Gómez, perito em Desenho Técnico, neste caso não há nenhuma novidade e o que mais surpreende é que a imprensa faça algazarra como se o sequestro e assassinato de crianças fosse algo novo na Guatemala.
‘Eu cresci em Flores de Petén, o departamento onde está a grande cidade antiga de Tikal, e ali muitas vezes apareciam os corpos de meninos e meninas que haviam desaparecido dias antes, jogados, costurados pela barriga e com serragem dentro do corpo’, relembrou em diálogo com a Prensa Latina.
Segundo o jovem, que agora trabalha como técnico da empresa telefônica Claro, o mais horrível nessas aparições de corpos infantis cheios de serragem é que em geral os assassinos destas crianças deixavam um envelope com dinheiro e uma nota, na qual agradeciam aos pais pelos órgãos arrancados dos pequenos.
‘Isso foi há uns seis ou sete anos, quando eu estava no segundo ano do secundário, e andávamos tremendo de medo’, acrescentou, e lamentou que esses crimes não ficaram para trás, que fazem parte do cotidiano, só que se diluem entre as milhares de mortes violentas que ocorrem a cada ano na Guatemala.
Autoridades do Ministério de Administração e da Polícia Nacional Civil reconheceram o aumento da criminalidade no território depois da morte de seis pessoas em apenas um dia, por ataques armados na capital e no município metropolitano de Mixco.
O vice-presidente da Guatemala, Jafeth Cabrera, declarou que estas agressões são um problema sério e surgem para desestabilizar a sociedade.
‘Por enquanto temos ainda o apoio do Exército que se retirará gradativamente a partir de abril. Neste momento ainda temos esse apoio, e à Polícia foram dadas instruções para que comece a agir’, acrescentou.