Caracas, 23 May. AVN
A atitude mesquinha e individualista de setores da direita contribuiu para a abstenção de sua militância no processo eleitoral do dia 20 de maio, em que a opção representada por Henri Falcón, candidato de Avançada Progressista (AP), Movimento ao Socialismo (MAS) e Copei, obteve 20,94% dos votos válidos.
A afirmação foi feita nesta terça-feira por Pedro Pablo Fernández, dirigente nacional de Copei, que destacou que a decisão dos eleitores opositores de não votar respondeu ao “desencanto” que existe em “uma liderança que os decepcionou”.
“Se em vez de uma liderança mesquinha, tivéssemos tido uma liderança generosa para apresentar uma candidatura de consenso, não teríamos visto as ruas vazias”, disse em coletiva de imprensa.
Fernández enfatizou que os interesses pessoais prevaleceram no momento de definir estratégias conjuntas, e que a cúpula opositora que “hoje celebra a abstenção”, se encarregou de destruir a “monumental maioria” que capitalizaram em 2015, quando venceram as eleições parlamentares.
“A liderança da MUD, que tem 19 anos de fracasso, se limita a celebrar o êxito da abstenção, abstenção que eles mesmos geraram ao desmoralizar os eleitores. Isto não é culpa do governo, a culpa é nossa, culpa de uma liderança que colocou os personalismos acima dos venezuelanos”, reconheceu.
O dirigente de Copei destacou a necessidade de iniciar um processo de revisão sobre os resultados e a ineficiente capacidade de convocatória dos setores vinculados com a oposição, que não conseguiram mobilizar votantes nas eleições que deram a vitória a Nicolás Maduro como presidente da República.
“Faltou autocrítica para a oposição nestes 19 anos.Nós (Copei) apenas conseguimos 10% dos votos do Registro Eleitoral. Acreditam que Henri Falcón e os que o apoiamos não vamos revisar o que aconteceu, que não fomos capazes de motivar as pessoas? Tivemos menos de dois milhões de votos. Não é motivo para que nos perguntemos o que estamos fazendo mal?”, questionou.
Fernández admitiu que “com dois milhões não ganhávamos as eleições, com trapaças, nem sem trapaças”. Posição que desacredita os questionamentos relacionados à suposta fraude no processo eleitoral.
Plataforma única
A crítica de Fernández acompanha uma proposta para a construção de uma plataforma única que reúna os setores políticos, econômicos e da sociedade civil com o objetivo de estabelecer estratégias adequadas aos interesses da militância opositora.
A convocatória responde à necessidade de estabelecer horizontes comuns para consolidar “objetivos superiores”, fundamentalmente orientados a promover a saída do governo legítimo e constitucional do presidente da República, Nicolás Maduro.
“Nós nos dedicaremos a trabalhar para construir uma plataforma única que se proponha consolidar objetivos por cima de aspirações pessoais ou interesses grupais”, acrescentou.
Fernández disse que a plataforma única não funcionará sob a condução de “nenhum partido ou alguma individualidade que esteja desejando ser presidente”, já que o objetivo será gerar um espaço de articulação.
O dirigente de Copei exortou os dirigentes políticos que ainda militam na autodenominada Mesa da Unidade Democrática (MUD) e no grupo “Venezuela Livre”, a iniciar um processo de autocrítica e reflexão profunda sobre suas ações.
“Somente podemos nos unir se somos capazes de retificar e reconhecer o que estamos fazendo mal”, afirmou.
Foto: Wílmer Errades, AVN