Cada Copa do Mundo é diferente, por sua localização, clima, época, acontecimentos, misturas, culturas. Mas essa Copa do Catar /2022, às portas, já se mostra talvez a mais estranha e diferente de todas acontecidas até agora, desde 1930, num total de 21. Os sheiks catarianos compraram a Copa do Mundo, e compraram a FIFA também. Eles compram tudo o que bem lhes apetece. É assim.
– Será a primeira Copa a ser disputada no chamado ‘mundo árabe’, de hábitos, costumes e história únicos. De fato, é mesmo um ‘outro mundo’ dentro da nossa concepção ocidental, capitalista, cristã.
– A paixão e interesse dos árabes pelo futebol, a ponto de agora sediar uma Copa do Mundo, são sentimentos historicamente recentes e tem muito a ver com dinheiro, investimentos, altos negócios…
– Outro diferencial é o evento esportivo, que congrega os olhos do mundo, estar acontecendo nos meses de novembro e dezembro por conta da alta temperatura naquela região de deserto, onde o calor pode chegar aos 55 graus à sombra, durante o dia, caindo para 30 ou menos depois do anoitecer. Dezembro é mês de começo de inverno no hemisfério norte. Os jogos vão acontecer à noite e em estádios climatizados, na sua maioria.
– Mais um detalhe: toda a competição vai se desenrolar numa só cidade, Doha, a moderníssima e chocante capital do Catar (toda construída sobre as águas), onde estão os estádios. Tudo muito próximo, muito perto, sem viagens ou desgaste maiores para as delegações. Isso implica noutra forma de pensar, planejar e encarar a disputa. Quem se adaptar melhor e mais rapidamente…leva vantagem.
– Mais de um trilhão $$$ foram empregados em obras, novos estádios, infraestrutura, com tudo com o que há de mais moderno no planeta, mirando cada detalhe, e a busca obstinada da perfeição…
– As organizações e entidades ligadas aos diretos humanos dizem que mais de 6.700 trabalhadores teriam morrido nas obras, por conta de jornadas exaustivas e falta de segurança, péssimas condições de trabalho. Nenhuma fiscalização. Falam em estádios de luxo e sangue.
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Leitura da cartilha árabe
Na solenidade de apresentação da Copa, Fifa e embaixadores do evento presentes, o jovem Sheik árabe, dono da bola, foi claro. Um resumo:
– “Faremos um grande espetáculo para o mundo, de luxo, tecnologia e beleza, dentro de nossas tradições. Não haverá lugar para mochileiros ou aventureiros. Somos acolhedores mas queremos que respeitem nossa cultura e tradições.
Temos nossa identidade e a preservamos com ardor. Arte, escrita, arquitetura, religião, costumes … são a identidade do um povo.
Temos a poesia árabe como expressão existencial, desde a escrita. Nossa caligrafia é arte e a vida é expressão divina.”
La Sharia – é a lei maior que tudo rege e controla.
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Recado dado. A tevê e as redes vão mostrar esse ‘majestoso’ Catar para o mundo. Não é só a competição. A Copa do Mundo é o motivo e o pretexto para que toda a humanidade saiba o que é e o que significa aquele cantinho de mundo chamado Catar.
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O país
O Catar, independente desde a década de 70 do século passado, é um país do tamanho de Sergipe. Katara, espaço localizado ao norte da península árabe, era uma pequena e antiga aldeia encravada nas águas do Golfo Pérsico (Golfo Árabe), de barro e areia… com um interior de deserto árido e litoral recortado de praias, dunas e enseadas, onde foi construída, do nada, a magnífica e estonteante capital Doha, com seu porto e arquitetura únicas, desenhos diferenciados e ousados rasgando o azul de arranha-céus e ambientes com predominância da arte islâmica/árabe e também alguma inspiração europeia.
O Catar está assentado numa das maiores reservas de gás e petróleo do mundo e seus mares são ricos de pérolas. É um dos PIBs e IDHs mais altos do mundo, dizem que é a maior renda per capita do planeta. Um luxo de estilo de vida, com investimentos focados na modernidade, na alta tecnologia, no bem estar, até mesmo na ostentação, diríamos.
O país é controlado, de forma absoluta, por uma elite trilionária, dona do dinheiro, do chão e dos poderes, extremamente conservadores – do nosso ponto de vista ocidental. Esses privilegiados formam uma casta, a elite catariana representada por uns 250 mil bem nascidos e bem criados árabes, fieis ao Islã.
Os 2.700 mil restantes habitantes do país são a ralé de imigrantes, trabalhadores, peões, mão de obra barata vinda de várias regiões da África, da Ásia … explorados muitas vezes com jornadas de até 18 horas contínuas diárias de trabalho obrigatório pesado, com baixos salários baixos, sob rigorosa vigilância e controle.
As leis islâmicas são rígidas. Há denúncias de violações de direitos humanos básicos e falta liberdade de expressão. Grupos internacionais, por conta da Copa, têm protestado e se manifestado contra o regime, a falta de liberdade e de transparência. Mas …
– O fato é que o regime no Catar é fechado, não tem esse papo de democracia. As mulheres islâmicas, por exemplo, elegantíssimas e luxuosas, convivem com um rígido código de conduta. O uso de bebida alcoólica é restrito a certos ambientes e horários, e a chamada ‘comunidade LGBTs’… que se cuide com seus excessos.
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Os achegos
Em princípio, os catarianos são extremamente educados, mostram-se solícitos e acolhedores com os turistas. Há navios cruzeiros ancorados no porto de Doha, servindo de hospedagem, como também tendas e acampamentos montados no deserto. Com dinheiro pra gastar, ninguém ficará ao desabrigo nem passará desconfortos.
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De dia todos em casa, à noite todos nas ruas, praças, nos mercados, shoppings museus, tudo cheio, gente, misturas. Ah, o mercado de Doha é um paraíso onde se encontra de tudo. Cores, formas, variedade, odores, beleza… luxo, ouro, pérolas, moda chic, até bichos. Trens e metrôs modernos, um deslumbre diante dos nossos olhos sub desenvolvidos.
Sejam benvindos ao Catar, pois.
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Os estádios
Todos dotados da mais alta tecnologia, controle de temperatura, conforto, sinalizações, serviços … Há um estádio, o 974 – todo feito/montado com containers recicláveis, desmontável, sustentável. Eis a relação das ‘arenas’:
– O Lusail – é o maior de todos, com capacidade para 80 mil pessoas, lá acontecerá a final.
– O Al Bayt – luxuosíssimo, com capacidade para 60 mil pessoas, abriga hotel com suítes de paraíso e visual para o campo de jogo.
– O Al Janoub, o Ahmad Bin Ali, o Al Thumamam, o Education City (todo refrigerado), o Khalifa International e o Estádio 974 (o feito com containers, onde o Brasil jogará contra a Suíça, na primeira fase) – todos com capacidade para 40 mil pessoas.
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A cerimônia de abertura da Copa acontece no domingo, meio dia, antes do primeiro jogo, pelo Grupo A, entre o Catar x Equador, no estádio Al Bayt.
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