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quinta-feira, 17 outubro, 2024

Contra apagões de-se-lhes o ”plantão Brizola”, a defesa da soberania

 

 © Família Brisola/Arquivo Pessoal

Pedro Augusto Pinho*

O engenheiro Leonel de Moura Brizola (22/01/1922-21/06/2004), maior líder trabalhista depois de Getúlio Vargas, foi o único brasileiro a governar, pelo voto popular, dois diferentes Estados do Brasil. O Rio Grande do Sul, de 1959 a 1963, e o Rio de Janeiro, de 1983 a 1987 e de 1991 a 1994.

Entre seus feitos, como governador dos gaúchos, ressaltam-se as encampações de duas empresas norte-americanas. A Companhia de Energia Elétrica Riograndense, da Bond and Share e dona do monopólio da energia elétrica na Região Metropolitana, nacionalizada em maio de 1959, e a Companhia Telefônica Riograndense, de propriedade da International Telephone and Telegraph, em fevereiro de 1962.

E não se diga que Brizola era comunista, pois recusou o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB), na eleição de 1958, e teve sempre os comunistas na oposição a seus governos e a suas iniciativas políticas.

Também não se afirme que Brizola era um seguidor de Fidel Castro, pois a Revolução Cubana se tornou vitoriosa em 1º de janeiro de 1959, e foi a Lei de Reforma Agrária, de maio de 1959, que permitiu a expropriação das 75% melhores terras cultiváveis de Cuba, que eram de propriedade de indivíduos estrangeiros ou de companhias estrangeiras (principalmente estadunidenses).

Brizola também foi extraordinariamente dedicado à educação, como deve ser a instrução: pública, laica, universal e gratuita. O que levou a ter contra ele a Igreja Católica, que desde os jesuítas, que vieram com Tomé de Sousa, em 29 de março de 1549, tiveram verdadeiro monopólio da educação no Brasil, fazendo-nos um país de analfabetos, porém crentes, melhor se diria, supersticiosos.

Este grande político brasileiro é a inspiração do Portal que tem por principal missão a reconquista da soberania brasileira, hoje entregue a empresas que são verdadeiras hidras, oligopólios bancários que se ocultam numa miríade de empresas, estabelecidas em paraísos fiscais e países onde o financismo exerça seu poder na política local.

Temos, neste momento em que o partido que sempre foi de Leonel Brizola e, por artifício político normativo, lhe foi arrebatado no momento que o Brasil recuperava o direito de eleger seus presidentes, o Partido de Getúlio e de Jango, o maior partido em 1964, o Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, e agora reconquistado, entra em processo de refundação, pelas mãos do Secretário de Justiça do Governador Leonel Brizola e Deputado Constituinte trabalhista, Vivaldo Barbosa.

A INVASÃO NEOLIBERAL E SEUS MALES PARA O BRASIL

Com o golpe de 31 de março de 1964, a ideologia neoliberal entra no Brasil pelas mãos de seu maior impulsionador, Roberto de Oliveira Campos, e de instituições que, pela comunicação e pela corrupção, iludiam o povo brasileiro: o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), fundado em 29 de novembro de 1961, por Augusto Trajano de Azevedo Antunes e Antônio Gallotti, para preparar o Golpe de 1964, e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), uma organização anticomunista, fundada em maio de 1959, por Ivan Hasslocher. Com este, estiveram vários empresários – Gilbert Huber Jr., Glycon de Paiva e Paulo Ayres Filho – que viriam a constituir o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), dois anos e meio depois. Em entrevista à Folha de S.Paulo, em 1998, o general reformado Hélio Ibiapina revelou que o IBAD possuía ligações com a Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense. O Instituto acabou sendo extinto em dezembro de 1963, por ordem judicial, sendo integrado ao Serviço Nacional de Informações (SNI).

Simultaneamente, intelectuais liberais e neoliberais brasileiros, passaram a ministrar aulas e conferências nas Escolas de Comando e Estado Maior, das três forças, para fazer crer aos futuros comandantes e membros dos Estados Maior, que o futuro estava entregue à ideologia do mercado e eles fariam melhor apoiá-la do que a combater. Pela disciplina hierarquizada das Forças Armadas (FFAA), esta doutrinação fluía pelos oficiais de menor patente, que nos cursos e academias militares também recebiam o reforço de conferencistas e professores neoliberais.

Dominadas as FFAA, o neoliberalismo trouxe a modernidade colonizadora da informação digital para o Brasil. Mas nem tudo foram flores para estes entreguistas impatrióticos. Em 1967, Artur da Costa e Silva dá um golpe, dentro do golpe, para colocar no poder a industrialização brasileira, que teve continuidade com Emílio Médici e Ernesto Geisel, todos os três ex-tenentistas de 1930 e combatentes contra a revanche da aristocracia rural e dos bancos ingleses de 1932, de impróprio nome “Revolução Constitucionalista de São Paulo”.

Esta modernidade colonizadora já tivera êxito com Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK) e volta agora, como denuncia o ex-presidente da Computadores Brasileiros (COBRA) e grande intelectual brasileiro e patriota, Ivan da Costa Marques, em “Carros elétricos e continuidade colonial” (A terra é redonda, 13/06/2024, Ivan da Costa Marques, “Carros elétricos e continuidade colonial”):

“O divisor epistemológico moderno entre o mundo das coisas-em-si, a natureza, e os mundos dos humanos-entre-si, as sociedades, gerou as dicotomias sujeito-objeto, conhecimento-crença, fato-ficção, contexto-conteúdo, ciência-cultura etc. e ensejou a divisão entre as ciências chamadas naturais, exatas ou duras e as ciências humanas, sociais, sociais aplicadas, literatura, letras e artes (as CHSSALLA)”.

“Esse divisor está presente no ensino fundamental, médio, universitário, na criação das disciplinas, na avaliação das pesquisas e na tabela de áreas do conhecimento do CNPq-CAPES que condiciona a construção de saberes na pós-graduação brasileira. Esse divisor nos condiciona a acolher/criar os conhecimentos que nos ensinam e que ensinamos, isto é, que conhecimentos sobre bomba atômica nada dizem sobre democracia ou autoritarismo, ou que as enchentes no Rio Grande do Sul são “fenômenos naturais” e nada dizem sobre política”.

A denominada redemocratização dos anos 1980, no Brasil, trouxe o domínio da ideologia neoliberal e o poder das finanças apátridas dominando e reformando a Constituição de 1988, para adequá-la ao “Consenso de Washington” (1989).

E, deste modo, o Estado Nacional Brasileiro foi privatizado e subordinado ao “mercado” financeiro internacional.

As últimas eleições demonstraram claramente que não importa em quem se vote, o poder estará nas mãos do Banco Central independente dos brasileiros para ser dependente das finanças apátridas, que, no exemplo de Ivan da Costa Marques, as inundações no Rio Grande do Sul não se devem à ausência do Estado mas à natureza, e que os apagões de energia (ENEL) e comunicação (VIVO), dois setores fundamentais da soberania, em todo e qualquer País, são fruto de desleixo das operadoras e das autarquias estatais fiscalizadoras.

Em nenhum órgão de comunicação com os brasileiros, nem público nem privado, você tem conhecimento da verdade: privatizar faz mal para o Brasil. E para qualquer outro país que abdique de sua soberania. E que, quando um país não tem soberania, não falta quem lhe venha colonizar e usufruir das riquezas naturais e do trabalho dos brasileiros em proveito na nação e do povo estrangeiro.

PARTIDO POLÍTICO PARA DEFENDER O INTERESSE DO BRASIL

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil tem 29 partidos políticos devidamente registrados, sendo o último em 09/11/2023.

No entanto, se for buscar algum que defenda efetivamente a soberania brasileira, combata o desmonte, a desintegração do Estado Nacional, as vergonhosas e corruptoras privatizações, não encontrarão um único, um só partido.

Mas diversos se fantasiam de nacionais defendendo as Organizações não Governamentais (ONGs), que quase todas têm sua sede no exterior, e as questões identitárias, que não se resolvem com maior segregação, com exclusões, mas com a construção da cidadania que não existe quando o ensino, como afirmou Ivan da Costa Marques, tem a separação epistemológica que não compreenda ou inclua a condição de toda ação humana ser um fato político, por mais exata que seja a ciência na qual se funde.

Chega ser ridículo e grotesco um partido político que negue a política em prol da alienação nacional.

Atualmente, a esperança está na refundação do partido de Getúlio e de Brizola, o Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, para o qual sugerimos colocar em seu Portal um espaço de diálogo e denúncias, o “Plantão Brizola”, para agir de acordo com o povo, para dar participação ao povo, para ser efetivamente um partido de massa.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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