Panamá, (Prensa Latina) Uma confusa situação de acusações e negações enfrentam hoje indígenas e autoridades depois da decisão de encher o embalse para provas do recusado Projeto Hidrelétrico Varro Blanco (PHBB), cujas águas atingiram já a comunidades originarias.
Ricardo Miranda, coordenador do movimento M-10 da etnia Ngöbe Buglé pronunciou um dramático “ajude-nos, por favor”, como chamado a todos os panamenhos para se mobilizar e evitar que as casas e terras ancestrais fiquem debaixo dâ�Öágua, de onde atualmente fogem seus habitantes para evitar morrer afogados.
“Pedimos perdão se temos ofendido em algo, mas o povo Ngöbe só quer viver em seu território, não estar de mendigos em outras populações”, disse com voz entrecortada em uma mensagem através das redes sociais e ainda sem abandonar sua habitual combatividade, contou como suas casas são atingidas pela Represa, apesar que negaram tal efeito.
Nossos cultivos, nossos animais, o pouco que temos está sendo destruído, em franca violação às leis panamenhas e internacionais, e reiterou que só pedem respeito por seus direitos humanos.
Por último, convidou a que se ao meio dia desta segunda-feira continua o despojo, “saiamos todos às ruas a dizer basta à violência contra nosso povo”, o qual reconheceu que vive na incerteza de seu futuro imediato.
Um comunicado da governamental Autoridade Nacional dos Serviços Públicos (Asep), assinalou que “este processo de enchente tem sido devidamente comunicado às autoridades tradicionais da comarca Ngöbe Buglé, bem como a várias comunidades vizinhas tais como Cerro Algodão, Plano Culebra, Novo Palomar e a Emeregilda, Nancito e Cogle”.
Mas o próprio ministro de Governo, Milton Henríquez, ofereceu desculpas “em nome do Governo Nacional às autoridades comarcares por qualquer situação que lhes tenha podido causar a confusão”.
Admitiu que foi uma decisão técnica da “Empresa de Transmissão Elétrica S.A. (ETESA) e da Autoridade dos Serviços Públicos em que não participaram as autoridades comarcares como se tinha informado inicialmente através de um comunicado da Asep”.
Outra contradição evidente é que os indígenas consideram “desalojo” o que ocorreu no acampamento de vigília da Igreja tradicional Mama Tadta, na ribeira do ocidental rio Tabasará, onde se levanta o PHBB, e foram tirados do lugar pela Polícia.
Enquanto o Governo assegurou:
“Os estamentos de segurança do Estado, com o fim de salvaguardar a integridade física e a vida humana, de panamenhos e panamenhas da etnia Ngöbe Buglé, procederam, no dia segunda-feira 23 de maio de 2016, a transladar para o Centro Misional Jesús Operário de Tolé, àquelas pessoas que se encontravam apostados em áreas inundável e de prédios privados do PHBB”.
Na terça-feira passada, quando fecharam as comportas da Represa, as autoridades disseram compreensão que nenhuma pessoa estava em perigo de ser atingida, mas imagens posteriores circuladas por grupos indígenas mostram a mães com meninos fugindo entre as águas, cujo nível sobe continuamente.