Andrés Saya, secretário regional do sindicato, denunciou que a Polícia reprimiu violentamente o protesto e deixou um saldo de sete feridos e um deles, Rubén Casso Choque, perdeu um olho pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogeno.
A Confederação Geral de Trabalhadores (CGTP) protestou pela repressão e demandou solução do conflito e ratificou a decisão de realizar uma greve nacional em defesa dos direitos trabalhistas que considera afetados por normas e políticas oficiais.
A paralisação está prevista para o dia 20 de junho e terá para a central sindical um caráter ‘nacional, cívico e popular’, pelo qual chamou as suas bases a preparar o protesto e a formar comitês de luta e integrar estas organizações sociais e políticas, camponeses, grupos de mulheres, estudantes, comunidades nativas, profissionais e outros setores.
Na passada segunda-feira uma greve nacional agrária, com bloqueios de estradas, marchas e outros protestos, expressou a demanda das organizações do campo, de restauração de impostos de proteção da produção nacional, retirados em 2007 em virtude da política neoliberal vigente e dos tratados de livre comércio.
Uma centena de organizações de agricultores e fazendeiros advertiram que entrarão em greve por tempo indefinido se o Governo não atender com prontitude suas reclamações, que serão tratados em um diálogo com o executivo.
O clima de protesto, segundo o analista de televisão Nicolás Lúcar, pode derivar em conflitos, em sua grande maioria sem solução devido, opinou, a falta de uma política de previsão e solução antecipada dos mesmos.
O prognóstico parece fazer sentido, à luz do relatório periódico da Defensoría do Povo sobre o tema, recentemente emitido, segundo o qual até março último tinha no Peru há 183 conflitos, dos quais 135 estão ativos e 48 são conceituados latentes.
O mais importante era o dos camponeses na mina de cobre As Bambas, que bloquearam durante mais de dois meses em demanda de compensação pelo dano ambiental sofrida pela operação mineira e pela ocupação de suas terras para um caminho usado para o transporte de mineral.
O bloqueio foi levantado com a mediação da Igreja católica, mas os reclamos são matéria de negociações, com pontos complexos, como a demanda camponesa do cessar dos processos judiciais contra mais de 500 deles por ações de protesto.
O relatório assinala que, entre os conflitos ativos, 78 são tratados mediante o diálogo, via que, ao estampar-se por falta de soluções, muitas vezes devido à rigidez do modelo econômico neoliberal vigente, costuma derivar em protestos de consideração.