Bogotá, (Prensa Latina) A política e defensora de direitos humanos Glória Flórez afirmou nesta quarta (19) que as gigantescas manifestações protagonizadas pelos colombianos depois do plebiscito, evidenciam a disposição da cidadania para defender a urgência da paz.
Depois do revés sofrido nesse exercício democrático vimos com esperança o ressurgir de um sentimento, da mobilização cidadã para exigir o fim da guerra que tem deixado tantos mortos e a implementação dos acordos conseguidos entre o Governo e as insurgentes FARC-EP, comentou a Prensa Latina a exsecretaria de Governo da prefeitura bogotana.
Em 26 de setembro em Cartagena de las Índias o presidente Juan Manuel Santos e o líder das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), Timoleón Jiménez, subscreveram o chamado Acordo Final com o que se comprometeram a acabar o longo conflito entre ambas as partes.
Posteriormente o triunfo do Não no plebiscito, concebido para validar pela via popular dito documento, abriu um debate sobre o futuro do processo pacificador com esse movimento rebelde e a vigência do marcado.
Foi muito doloroso em 2 de outubro, pensar que perderíamos a oportunidade de dar um passo essencial para o termo da confrontação bélica, mas no dia seguinte começaram as convocações, veio a marcha da 5 organizada pelos universitários e depois a da 12 coordenada por indígenas, os que mais brigaram por conseguir a paz, recordou.
Flórez adiantou que milhares de colombianos marcharão manhã em Bogotá e outras cidades para pedir uma solução que permita seguir adiante com o avançado processo pacificador entre o Executivo e as FARC-EP.
Queremos que seja uma grande demonstração, com a qual também renderemos homenagem às vítimas da partido União Patriótica (UP), o que estamos dizendo nas ruas é que a sociedade está disposta a jogar pela paz, talvez devemos promover uma mobilização similar dantes do plebiscito, mas nunca é tarde para fazer a tarefa que nos corresponde, acrescentou.
A UP foi branco de um genocídio político em décadas passadas quando perdeu a cerca de cinco mil de seus militantes.
Ao referir às propostas dos simpatizantes do voto negativo e outros setores para modificar o Acordo Final, Flórez sublinhou que a decisão depende agora das próximas conversas entre representantes governamentais e das FARC-EP.
A bola está novamente na mesa de Havana, agregou a ativista quem considera que dito pacto não terá mudanças substanciais; só ajustes, desenvolvimentos a partir das sugestões.
Segundo Flórez, os cidadãos mobilizados apostam à rápida implementação do conjunto de convênios tal e como foram concebidos na capital cubana, sede durante quase quatro anos dos espinosos diálogos entre as duas delegações.
Particularmente as mulheres apoiamos a inclusão da perspectiva ou enfoque de gênero o qual permite que a paz e reconciliação sejam possíveis para segmentos populacionais historicamente excluídos e prejudicados pela conflagração, enfatizou.
A guerra interna tem deixado aproximadamente 300 mil mortos, quase sete milhões de deslocados e ao menos 45 mil desaparecidos.