Bogotá, (Prensa Latina) Nem sequer a incerteza e a crise sanitária provocadas pelo impacto da Covid-19, freiam a violência na Colômbia, onde se seguem sucedendo assassinatos de líderes sociais, defensores de direitos humanos e ex-guerrilheiros.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz denunciou que foram assassinados 14 líderes sociais desde o dia 6 de março último, dia em que se confirmou o primeiro caso de Covid-19 no país.
Em dito contexto várias vozes assinalaram a persistente violência no meio da crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
A Rede Nacional de Iniciativas Cidadãs pela Paz e contra a Guerra denunciou que continuam as ameaças e o genocídio a líderes sociais.
Líderes sociais afirmam que os seguem matando enquanto a atenção se centra no coronavírus, apontou.
Incrível que a ministra do Interior (Alicia Arango) diga que, no corrido deste ano, só tenham sido assassinados oito líderes sociais, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) contabiliza 64, expressou Diana Sánchez, defensora de direitos humanos.
Por sua vez, o senador Roy Barreiras, presidente da Comissão de Paz do Senado, manifestou que ‘há cifras diferentes sobre assassinatos, mas todas coincidem em que assassinatos de ex-combatentes e líderes sociais continuam’.
No final de março último, a ONU pronunciou por adotar medidas na Colômbia para pôr fim aos assassinatos de líderes sociais, defensores dos direitos humanos e ex-combatentes.
Assim definiu o secretário geral da organização, António Guterres, em seu mais recente Relatório trimestral ao Conselho de Segurança sobre a Missão de Verificação da ONU neste país, que cobre de 27 de dezembro 2019 ao 26 de março último.
Guterres assinalou como a principal prioridade para 2020 a adoção de todas as medidas necessárias para pôr fim à tragédia dos assassinatos de líderes sociais, defensores dos direitos humanos e ex-combatentes em processo de reincorporação à vida civil.
Durante o período do Relatório se pontuou que a Missão verificou 16 assassinatos de ex-guerrilheiros, com o que a cifra total ascende a 190 desde a assinatura em 2016 do Acordo de Paz entre o Estado e as outrora Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP).
Aproximadamente 73% do total de assassinatos de ex-combatentes produziram-se em zonas rurais caracterizadas por uma presença limitada do Estado, pobreza, economias ilícitas e a presença de organizações criminosas, informou.
O Relatório também destacou que, de 1° de janeiro a 24 de março deste ano, o Escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos recebeu 56 denúncias de assassinatos de líderes sociais e defensores dos direitos humanos, seis dos quais foram verificados.
O secretário geral fez um chamado a que se fortaleçam os mecanismos previstos no Acordo para garantir a segurança e proteção dessas pessoas e suas comunidades.
Como outra prioridade para este ano, observou que devem ser fortalecidas as bases do processo de reincorporação a mais longo prazo, e assegurar que os benefícios da reincorporação cheguem a todos os ex-combatentes.
Guterres referiu-se à importância de que as comunidades, e em especial as vítimas, estejam no centro de todos os esforços de consolidação da paz.
‘O sucesso a longo prazo do Acordo de Paz virá determinado em última instância pela medida em que as comunidades que sofreram décadas de violência possam desfrutar dos benefícios da paz,’ expressou.