Caracas, 19 set (Prensa Latina) O ex-vice-presidente da Venezuela José Vicente Rangel acusou hoje a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) de apelar a práticas políticas violentas e inconstitucionais para tentar conquistar todos os poderes.
A MUD pretende alcançar seus objetivos recorrendo à ameaça e à chantagem, utilizando uma linguagem agressiva, com um forte componente de insultos a instituições e servidores públicos, escreveu em sua habitual coluna El Espejo (O Espelho), intitulada A chantagem.
Para o também político, advogado e jornalista, a partir da Assembleia Nacional (de maioria opositora), da instância de seu presidente Henry Ramos Allup, a dissidência dispara contra tudo quanto considere adverso.
Os integrantes do Tribunal Supremo de Justiça são agredidos de maneira selvagem, as quatro reitoras do Conselho Nacional Eleitoral são ofendidas diariamente sem misericórdia, sublinhou no espaço de opinião publicado a cada segunda-feira pelo diário Últimas Notícias.
Nem sequer o respeito que tradicionalmente se observou no país para com o gênero feminino opera nos altos dirigentes da oposição. O mesmo ocorre com o Ministério Público, a Defensoria do Povo, a Procuradoria, o Executivo, acrescentou.
É um desaforo circunstancial, expressão do ânimo de uma direção política insegura? Não. Trata-se de uma política deliberadamente concebida para pressionar as instituições e conseguir o que lhe é impossível obter no debate democrático, comentou.
Na opinião de quem foi em três oportunidades candidato à presidência, a chantagem é uma degradação da política, um recurso perverso, porque não inibe nem amedronta as vítimas e deixa apenas parado os que a utilizam.
É inaceitável que mediante o anúncio de marchas de caráter desestabilizador se ameace instituições como o Conselho Nacional Eleitoral para que adote decisões que deve tomar soberanamente, afirmou.
De acordo com este procedimento – sublinhou -, os órgãos do Estado perderiam legitimidade e ficariam submetidos às manobras que se realizam fora de sua competência.
Esta situação acaba com o Estado de Direito e afeta o funcionamento das instituições que, na prática, dependeria de um inefável uso do direito a se manifestar, explicou.
É inaceitável dobrar-se à semelhante situação, sentenciou, e exortou a rechaçar com veemência essas posições.
A esse chamado a resolver a política mediante a chantagem é necessário responder que os que o propõem dessa maneira têm que estar dispostos a arcar com as consequências. Que depois não gritem, como até agora vêm fazendo, porque a luta se dá lutando quando a situação é levada ao terreno do enfrentamento aberto e sem regras claras, afirmou.
Por último, assinalou que a oposição deve renunciar às causas perdidas e à realização de um golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro, porque ‘o Governo Bolivariano tem capacidade de abortar qualquer tentativa’.